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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Herpes simples também pode afetar os olhos e pálpebras


Estima-se que 60 a 80% da população mundial é portadora do vírus do herpes simples que pode afetar os olhos
 

Certamente você, ou alguém que você conhece, já desenvolveu as lesões do vírus herpes simples tipo 1 (HSV-1), já que o micro-organismo infecta cerca de 80% da população em geral. É este vírus que causa aquelas bolhas doloridas, que costumam aparecer nos lábios, cavidade oral ou próximas da boca. De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, o HSV-1 é a principal causa de infecções nos olhos.

Mas, o que poucas pessoas sabem é que este mesmo vírus também pode causar lesões nas pálpebras e nos olhos, mais especificamente na conjuntiva e na córnea, levando a quadros de conjuntivite e de ceratite herpética, esta última quando atinge a córnea.

Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, normalmente a infecção pelo herpes simples ocorre na infância. “Nem todas as crianças irão desenvolver as lesões. Na verdade, na maioria dos casos será uma infecção assintomática e autolimitada. O problema é que o vírus se aloja nos gânglios sensoriais do nervo trigêmeo e fica latente”.

Isso quer dizer que uma vez que a pessoa foi infectada, terá o vírus instalado no organismo para o resto da vida. Embora as lesões mais comuns sejam aquelas que afetam a região da boca, o vírus também pode se manifestar nos olhos, levando a quadros que podem ser graves quando não tratados.


Gatilhos
 
Algumas situações podem desencadear uma crise de herpes. “Quando reativado, o vírus irá migrar por meio dos nervos até chegar nos tecidos periféricos, ou seja, na pele das pálpebras, conjuntiva e córnea. Os principais fatores que podem desencadear essa reativação são o sol, quadros febris, baixa imunidade, traumas no local (como cirurgias) ou ainda o estresse”, comenta Dra. Tatiana.


Sintomas
 
Quando o herpes simples afeta os olhos, pode causar uma série de sintomas. No geral, apenas um olho é afetado. Além disso, os sintomas irão variar de acordo a área atingida. Entre os principais sinais de herpes simples nos olhos estão:
  • Sensação de corpo estranho, areia nos olhos
  • Dor de cabeça
  • Sensibilidade à luz
  • Vermelhidão
  • Lacrimejamento
  • Coceira
  • Irritação
“Se o herpes afetar somente as pálpebras, as manifestações são semelhantes às que atingem a cavidade oral e os lábios, ou seja, inicia-se com uma coceira, surgem bolhas que evoluem para feridas/crostas, que cicatrizam e caem. Porém, a maior preocupação é quando o vírus afeta a conjuntiva, a córnea ou a retina”, conta Dra. Tatiana.


Diagnóstico diferencial

 
Os sintomas do herpes ocular podem lembrar muito a conjuntivite. Mas, a principal diferença é que a conjuntivite afeta os dois olhos, na maioria dos casos. Já o herpes costuma atingir apenas um olho. Essa diferenciação é fundamental para evitar que a doença evolua e atinja a córnea, levando a um quadro de ceratite herpética”, comenta Dra. Tatiana.

A ceratite herpética é principal causa de cegueira em países desenvolvidos, graças a recorrência da doença. A taxa de recorrência do herpes ocular, depois do primeiro episódio, é de 27% no primeiro ano, de 50% em cinco anos e de 63% em 20 anos. O risco aumenta de acordo com o número de episódios, ou seja, quanto mais crises a pessoa tiver, mais elevada é a probabilidade de ter novamente.  



Tratamento

 
Como vimos, o pronto reconhecimento clínico do herpes ocular é fundamental para evitar danos à visão. “A ceratite herpética, quando não tratada, pode levar à perda da visão, opacidade da córnea ou até mesmo à perfuração da córnea. Portanto, mesmo que a lesão esteja apenas nas pálpebras, ela pode infectar outras estruturas do olho e precisa ser tratada. O ideal é procurar um oftalmologista o quanto antes, ao apresentar os sinais e sintomas do herpes”, ressalta Dra. Tatiana.

Em geral, o tratamento pode ser feito com antivirais tópicos ou orais. Alguns pacientes, principalmente os que apresentam recorrência do herpes ocular, podem precisar de uma terapia profilática, ou seja, podem precisar usar os antivirais para evitar novas crises.

A prevenção passa pela higiene das mãos, evitar contato com pessoas infectadas, jamais compartilhar objetos de uso pessoal, como itens de maquiagem, por exemplo, gerenciar o estresse, evitar banhos de sol e cuidar para manter uma boa imunidade, por meio de um estilo de vida saudável.  



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