Entre os dias 6 e
31 de agosto, ocorre a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o
sarampo em todo o território brasileiro. Nos municípios abrangidos pela 13ª
Coordenadoria Regional de Saúde, o objetivo é imunizar um total de 15.128
crianças com idades entre 1 ano até 4 anos 11 meses e 29 dias.
A preocupação com
essas doenças é grande, pois, apesar de dados recentes demonstrarem que em
2017, o mundo bateu o recorde de vacinação infantil, tivemos redução das taxas
de imunização no Brasil e estamos abaixo da meta recomendada pelo Ministério da
Saúde para diversas vacinas.
Segundo a ONU, a
cada dez crianças no mundo, nove foram vacinadas pela tríplice bacteriana, que
protege contra a difteria, tétano e coqueluche. No Brasil, a cobertura dessa
vacina declinou de 90%, em 2015, para 78,2%, no ano passado. Ainda conforme o
Ministério da Saúde, a vacinação de bebês e crianças teve no ano passado, a
menor taxa dos últimos 16 anos.
A OMS e a Unicef
também apontaram que a cobertura vacinal contra o sarampo e a rubéola já chegou
em cerca da metade da população mundial em 2017. Durante o período entre 2016 e
2017, foram registrados 173.330 casos de sarampo, sendo que 775 deles
aconteceram no continente americano. Já a poliomielite foi registrada em 96
pessoas.
Neste mês de
julho, o Ministério da Saúde enviou um
alerta que aponta que doenças antes erradicadas no Brasil – como a sarampo,
rubéola e difteria – voltaram a ocorrer em decorrência do não atingimento das
metas de vacinação no país. O grande número de viagens internacionais,
além do fluxo de imigrantes e refugiados de países que já possuem casos comprovados
de poliomielite e sarampo são facilitadores do ressurgimento das infecções.
O
coordenador clínico da infectologia do Hospital Felício Rocho, Adelino de Melo
Freire Júnior, explica que a partir de 2016 foi possível notar os primeiros sinais da diminuição das
coberturas vacinais no país. “Naquele ano, o país recebeu da Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do
sarampo, mas neste ano já temos casos confirmados em vários estados, dentre
eles, o Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de
Janeiro e São Paulo. Entre janeiro e junho
deste ano já foram contabilizados 1.686 casos, de acordo com dados da OMS”, aponta.
Em
abril de 2018, a OMS emitiu um alerta sobre o risco de reintrodução do sarampo
em cerca de dez países do continente americano como o Brasil, Argentina,
Equador, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru, Antígua e Barbuda,
Colômbia e Venezuela.
No início de julho, o Ministério da Saúde expôs que em 312 municípios brasileiros
– sendo 63 da Bahia e 44 de São Paulo –, menos da metade da população está
vacinada contra a poliomielite. A atual cobertura da vacina contra a
pólio é de 77%, semelhante as taxas de 1995. No caso da poliomielite, o alerta
da OMS sobre a doença no Brasil, também é influenciado pela proximidade da
Venezuela, que já possui uma suspeita de caso da doença. Neste mesmo país foram
notificadas 142 mortes por difteria, e em nosso país a doença pode ter atingido
seis pessoas. No mundo, a difteria já atingiu mais de 16 mil pessoas em 2017,
sendo 872 casos na região do continente americano.
Conforme dados do ministério, a cobertura vacinal contra a poliomielite
chegou a 100% em 2000 e se manteve até 2014, quando começou a declinar e
atingir a taxa de 78% em 2017. Já em relação ao sarampo, a cobertura da
tríplice viral chegou a 100% em 2003, mas a partir de 2015, a cobertura deste
tipo de vacina começou a declinar e chegou a cobrir 85,2% da população no ano
passado.
Segundo Adelino de Melo, a imunização por meio de vacinas é considerada
uma das grandes conquistas da ciência em termos de saúde coletiva. “As vacinas
são eficientes para prevenir doenças e com isso trazem diversos benefícios
associados como a prevenção de incapacidade causada por doenças, redução de
consultas médicas e internações, redução de doenças crônicas, do uso de
antibióticos e principalmente, a redução de mortalidade”, conclui.
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