Estudo global
mostra que o Brasil está em terceiro lugar no ranking dos países em que as
mulheres mais têm medo lutar a favor da igualdade e liberdade; Índia lidera a
lista com 54% e Turquia é segunda colocada com 47%
No mês do Dia Internacional da Mulher, celebrado
dia 08 de março, a Ipsos apresenta os dados da pesquisa Global Advisor sobre
feminismo e igualdade de gênero. O estudo, realizado em 24 países e que abordou
vários temas, aponta que 41% das brasileiras sentem medo de defender seus
direitos por temer o que possa acontecer com elas. Esse resultado faz com que o
Brasil ocupe a terceira colocação do ranking, sendo as indianas as mais
receosas (54%) e as turcas em segundo lugar (47%). O consolidado global é bem
menor: 26% das mulheres têm medo de se expressar e dedefender a igualdade de
direitos.
Outra questão levantada entre a população global
(mulheres e homens) é se “As mulheres são inferiores aos homens? ”. A média
mundial apontou que 18% acreditam que sim. O resultado do Brasil (16%) é muito
próximo da média mundial. Mas Rússia e Índia divergem do número global, ficando
empatados no top da lista, com 46%.
Analisando os dados separadamente das mulheres e
homens, percebe-se que os entrevistados do sexo masculino são mais propensos a
concordar com a suposta inferioridade feminina do que as mulheres, e a crença é
particularmente alta na Rússia (49%) e Índia (44%). O mesmo acontece com os
brasileiros, visto que 19% dos homens brasileiros acreditam na inferioridade feminina
contra 14% das mulheres.
Quando os participantes foram questionados se as
mulheres devem cuidar dos filhos e famílias, não trabalhando fora de casa, 17%
dos entrevistados globais concordaram com a premissa. Avaliando os resultados
de cada sexo, 14% das mulheres são a favor contra 19% dos homens. Neste
quesito, o Brasil está em linha com a tendência mundial e somente 15% aprovam
essa situação, sendo que os homens brasileiros concordam mais que as mulheres
(17% e 14%, respectivamente).
Existe igualdade?
Quase nove em cada dez entrevistados em todo o
mundo (88%) afirmam acreditar na igualdade de oportunidades para ambos os
gêneros e o número é elevado entre homens e mulheres (86% e 89%,
respectivamente). Uma clara maioria em cada um dos 24 países acredita nisso,
sendo o menor índice no Japão com 71%.
No entanto, 72% dizem que a desigualdade existe
atualmente em termos de direitos sociais, políticos e econômicos, especialmente
as mulheres com 76% contra 68% dos homens. Novamente, uma maioria de cada país
acredita que a desigualdade existe – incluindo o Brasil na quarta colocação com
78%. A única nação que discorda é a Rússia com 42%.
“Esta aparente contradição reflete muito bem dois
opostos da situação feminina no Brasil e no mundo. De um lado, observa-se um
recente crescimento das manifestações pelo empoderamento da mulher, seja por
meio de movimentos na internet ou nas ruas, mas de outro a manutenção de
valores machistas e da desigualdade de gênero. A violência contra a mulher,
diferenças de cargos e salários, baixa presença da mulher na política são
alguns exemplos desta desigualdade real”, afirma Narayana Andraus, gerente da
Ipsos.
As mulheres são mais positivas, visto que em média,
60% concordam que têm plena igualdade com os homens em seu país e são livres
para realizar seus sonhos e aspirações. No entanto, em sete dos 24 países a
maior parte das mulheres discorda, especialmente na Espanha (73%), Japão (67%),
Coreia do Sul (64%), Turquia (62%), Brasil (55%) e Sérvia (55%).
Defendendo direitos iguais
Em média, seis em cada dez entrevistados (58%) dos
24 países entrevistados se definiriam como feministas, sendo as mulheres mais
propensas a isso do que os homens (de 62% a 55%). Analisando o total de cada
nação, a população da Índia é a que mais se considera feminista, com 83%,
seguida pela China com 74% e Itália com 70%. No Brasil, somente 51% se declaram
como feministas, sendo a porcentagem maior entre as mulheres (58%) do que os
homens (43%).
“No Brasil, o feminismo é algo historicamente
recente. Nasce na década de 30, com a luta pelo direito ao voto, mas somente,
na década de 70, inicia as manifestações por oportunidades iguais de forma
geral. Por isso, a compreensão do que é ser feminista ainda não é clara. 88%
concorda que ‘devem existir oportunidade iguais para homens e mulheres’, que é
justamente a definição básica de feminismo, mas apenas 51% de declaram
feministas”, comenta Narayana.
68% dos entrevistados globais também afirmam
reivindicar ativamente os direitos das mulheres, sendo os homens mais tendenciosos
a dizerem que defendem os direitos femininos. O Brasil está alinhado com a
média mundial, visto que 66% dos entrevistados no país acreditam apoiar os
direitos femininos e mesmo analisando os números de cada sexo, a porcentagem
brasileira é bem próxima (67% mulheres e 65% homens).
Uma minoria (25%) acredita que os homens são mais
capazes que as mulheres, com exceção da China (56%) e Rússia (54%). No Brasil,
só 19% veem uma capacitação masculina maior em relação ao público feminino.
Realizada entre 20 de janeiro e 03 de fevereiro, a
pesquisa aconteceu via painel online em 24 países: África do Sul, Alemanha,
Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Espanha,
Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão, México,
Peru, Polônia, Rússia, Servia, Suécia e Turquia. Foram entrevistadas
17.551 pessoas, sendo adultos de 18 a 64 anos nos Estados Unidos e no Canadá e
de 16 e 64 anos nos demais países. A margem de erro é de 3,5%.
Ipsos
www.ipsos.com.br,
www.ipsos.com, https://youtu.be/QpajPPwN4oE,
https://youtu.be/EWda5jAElZ0
e https://youtu.be/2KgINZxhTAU.
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