Além das já visadas cargas de produtos alimentícios,
eletroeletrônicos, cigarros, farmacêuticos, químicos, têxteis e confecções,
autopeças e combustíveis; seguradora também percebe aumento na incidência de
interceptação de cargas de produtos de higiene pessoal e limpeza
O
crescente aumento no índice de roubos colocou as estradas brasileiras no mapa
mundial das áreas de risco para transporte de carga. Segundo levantamento
feito pelo JCC Cargo Watchlist, os trechos das rodovias BR-116
(Curitiba – São Paulo e Rio de Janeiro – São Paulo); SP-330 (Uberaba – Porto de
Santos) e BR-050 (Brasília – Santos) são consideradas áreas com risco muito alto
para a ocorrência de roubo de cargas.
O
JCC Cargo Watchlist é um relatório mensal elaborado pela Joint Cargo Commitee,
um comitê misto formado por representantes da área de avaliação de risco do
mercado segurador de Londres (Inglaterra). Esse relatório monitora o risco para
cargas transportadas, seja por via aérea, marítima ou terrestre em várias
partes do mundo. Numa lista com classificações indicativas por cor, os países
são avaliados em sete graus diferentes de risco, que vão numa escala de baixo à
extremo risco. A lista considera riscos como guerras, greves, pirataria e roubo
de carga.
Apesar
de não sofrer com os fatores de risco ligados à guerras; as estradas
brasileiras receberam pontuação 3,4, que as classifica com risco muito alto
para ocorrências de roubo de carga. A classificação ficou semelhante à recebida
pelo México, que ficou com pontuação 3,6 e a mesma classificação (risco muito
alto).
Prevenção
Os prejuízos com o roubo de carga para
a economia brasileira são inestimáveis, mas substanciais, já que, com as
ocorrências, são impactados, não só o setor logístico, mas várias cadeias
produtivas, além do segmento de segurança pública.
Por conta disso, várias soluções
tecnológicas e estratégias estabelecidas por especialistas em gerenciamento de
risco são implementas para cada carga embarcada. “O gerenciamento de
risco, quando bem realizado, pode ser crucial para que o transporte da carga
aconteça de forma segura, eficaz e sem custos excessivos ou não previstos. Isso
faz toda a diferença para a eficiência e saúde financeira da operação”, afirma
Adailton Dias, Diretor da área de Transportes da Sompo Seguros.
A companhia presta consultoria no
gerenciamento de riscos de transportes de carga para os segurados. Para cada
embarque é traçada uma estratégia que inclui ferramentas utilizadas, rotas,
horários e qualquer outro recurso que possa ser lançado mão para contribuir que
a carga chegue ao seu destino. A equipe da companhia trabalha somente com os
recursos necessários, pensando em cada situação. Isso evita que sejam
utilizados recursos além do ideal, o que poderia gerar um investimento
desnecessário; quando aquém do adequado, o que iria aumentar o risco e a
vulnerabilidade para a carga e o motorista. “Afinal, transportar uma
carga de equipamentos eletrônicos no Interior de São Paulo é diferente de uma
carga de medicamentos na Região Sul e igualmente diferente de uma carga de
grãos na Região Centro Oeste”, considera Dias.
Incidência
Segundo
levantamento da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas
e Logística), houve 19.250 registros de roubos de carga em 2015 no Brasil,
índice 10% superior aos 17.500 registrados em 2014. O número de casos e o
prejuízo contabilizado pelos transportadores foram recordes. O dano, somente
com as mercadorias perdidas, soma R$ 1,12 bilhão.
O
Sudeste do país concentra 85,7% dos casos. O prejuízo estimado, na região,
passa dos R$ 775 milhões. O estado de São Paulo é que lidera a lista,
contabilizando 44,1% das ocorrências. Em seguida, vem Rio de Janeiro, que
respondeu por 37,5% dos ataques criminosos.
Entre
os produtos mais visados estão alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos,
farmacêuticos, químicos, têxteis e confecções, autopeças e combustíveis. O
levantamento indica, ainda, queda no roubo de metalúrgicos e aumento no de
bebidas, especialmente no Rio de Janeiro. “Também temos percebido um aumento
substancial na interceptação de cargas de produtos de higiene pessoal e
limpeza. Em algumas regiões, o roubo de carga de gêneros alimentícios já supera
outras categorias antes mais buscadas pelas quadrilhas”, acrescenta Dias.
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