Em países que hoje são modelo em educação, como a
Finlândia, Irlanda, Coreia do Sul e Chile, os estudantes passam o dia todo na
escola - em média, nove horas. O Brasil caminha lentamente nessa mesma direção
que visa, por meio da educação, acelerar o desenvolvimento do país. Nos últimos
anos, um movimento em busca da educação integral vem ganhando força nas redes
públicas por meio de programas estaduais de estímulo à ampliação da jornada.
O
programa Mais Educação, do governo federal, prevê inclusive acréscimo de
repasses para a implantação de uma jornada mínima de sete horas. De acordo com
o Censo Escolar, em 2014 havia 4,37 milhões de matrículas no ensino fundamental
em tempo integral, o que corresponde a 15,3% do total. Para atingir a meta do
Plano Nacional de Educação, será necessário garantir nos 10 anos de validade do
plano, até 2024, mais 24,09 milhões de matrículas. Ou seja, mais 2,409 milhões
de matrículas por ano.
Os benefícios do ensino integral são muito maiores
que as desvantagens. Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira revela que mais tempo na escola pode garantir
melhor aproveitamento nas disciplinas regulares: a cada hora adicional de
estudo, o desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica
aumenta 2,5 pontos percentuais, em uma escala que vai de 0 a 500. A chance de
melhora no rendimento aumenta porque o estudante está o tempo todo em contato
com os livros. Ao se habituar a essa rotina, facilita também o aprendizado em
sala de aula, pois quando as dúvidas surgem, a escola oferece profissionais
especializados para saná-las naquele momento, sem que o estudante precise
esperar pelo retorno à escola no dia seguinte.
Além disso, a rotina de crianças e adolescentes que
estudam apenas meio período pode ser sufocante para pais e mães que trabalham
fora o dia inteiro e acabam tendo que se desdobrar para levar os filhos em
todas as atividades necessárias para o seu desenvolvimento. Com o mercado
exigindo dos pais dedicação total ao expediente de trabalho, o ensino integral
surgiu como alternativa para que os filhos permaneçam em ambiente seguro e
aproveitem a maior parte do tempo em atividades que estimulam o desenvolvimento
educacional e cultural.
Os pais também ganham um aliado no monitoramento
dos estudos e na correta administração do tempo ocioso dos filhos. Os alunos
não ficam apenas à mercê de atividades sem direcionamento, como televisão,
vídeo game e conversas pelo celular. O tempo de permanência prolongado obriga
ainda a um planejamento voltado para a alimentação, com um cardápio criado
por profissionais da área de nutrição, responsáveis por elaborar uma dieta
saudável e equilibrada. Para quem estuda em período integral, a volta para casa
representa para pais e filhos novos cenários de vida familiar. Com os estudos e
outras atividades concluídas durante a manhã e a tarde, ganha-se mais
tempo para estimular a qualidade de convivência entre todos da família,
com pais e filhos podendo planejar da melhor forma possível suas
horas em comum.
Izabella Milléo Bini - gestora do Ensino Médio do
Colégio Positivo - Ângelo Sampaio, de Curitiba (PR).
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