Especialista
aponta 5 dicas para quem já está com o voo marcado
Um dos efeitos da globalização é que as
pessoas têm mais vontade de viajar, de conhecer novas culturas e países. Mas um
voo direto para os Estados Unidos, por exemplo, costuma levar em média 11
horas; para a Europa, 13 horas. Pessoas chegam a voar 36, 38 horas com escalas
para visitar países da Ásia e Oceania. Isso significa que se acomodam na
poltrona e passam horas sentadas na mesma posição, a dez ou doze quilômetros de
altura. Segundo os médicos, quanto mais tempo a pessoa passar sentada, maior
será o risco de sofrer uma trombose venosa profunda (TVP). Trata-se da formação
de trombos, uma coagulação do sangue no interior dos vasos sanguíneos, que
podem oferecer alto risco de mortalidade se houver como desdobramento a embolia
pulmonar.
De acordo com Ronald Flumignan,
cirurgião vascular e ecografista vascular do CDB Medicina Diagnóstica,
em São Paulo, o tipo mais comum de embolia pulmonar é aquele que se forma a
partir do desprendimento de um coágulo de sangue – geralmente, um que tenha se
formado na perna ou região pélvica (TVP). “Pessoas que passaram muito tempo em
repouso, acamadas, ou que fizeram voos longos, têm um risco aumentado para a
trombose e suas complicações. Voos com mais de quatro horas de duração já são
preocupantes, mas os que mais representam risco para os pacientes são aqueles
com mais de 12 horas de duração. Por isso é fundamental, diante dos primeiros
sintomas, não perder tempo e seguir com diagnóstico e tratamento. Vale lembrar
que o fator de risco ‘idade’ é um dos mais importantes, principalmente quando
diz respeito a um paciente com mais de 60 anos. Ou seja, quanto mais idade o
passageiro tiver, há mais chances de sofrer TVP e suas complicações”.
Na opinião de Flumignan, inclusive, as
companhias aéreas que fazem voos de longa duração deveriam incentivar mais os
pacientes a esticar e movimentar as pernas durante a viagem. “A trombose venosa
profunda, como o próprio nome diz, é um trombo (coágulo) formado em veias
profundas da perna. Essa condição geralmente provoca dor, inflamação e inchaço.
Se o trombo se desprende da parede do vaso, há risco de circular pela corrente
sanguínea e bloquear a artéria que alimenta os pulmões, causando a embolia.
Esse é o principal motivo de morte relacionada à trombose venosa. Como há casos
de TVP assintomática, ou seja, sem provocar alertas como dor ou inchaço, é
fundamental que as pessoas conheçam os fatores de risco e avaliem se vale a
pena fazer viagens longas e com voos diretos. Os que optam por fazer voos
longos deveriam tomar precauções, como mudar de posição durante o voo, levantar
e andar periodicamente, tomar muita água e ainda, os que podem, deveriam usar
meias elásticas durante toda a viagem”.
O médico explica que os fatores de risco
mais comuns, depois da idade ou de o paciente já ter enfrentado outros
episódios de TVP, incluem: histórico familiar, imobilidade, câncer, uso de
determinados contraceptivos ou terapia de reposição hormonal, gravidez,
insuficiência cardíaca, obesidade, tabagismo e até mesmo varizes. “Se, depois
da investigação clínica, houver suspeita de trombose, é indicado fazer um
eco-Doppler colorido, também conhecido como ultrassonografia vascular, para
avaliar as condições dos vasos – não só das pernas, como também dos braços e
barriga. Trata-se de um exame não invasivo, sem dor, sem contraindicações, e
que revolucionou o tratamento vascular. Quando bem executado, por um médico
experiente e qualificado, em equipamentos adequados, a qualidade das
informações obtidas com esse exame auxilia o cirurgião vascular a determinar o
tipo de tratamento ideal para pacientes com problemas nos vasos – desde os mais
frequentes, como varizes, até os mais graves, como a trombose venosa”.
Além disso, Flumignan explica que esse
exame aponta a exata localização das veias e artérias, indicando se estão
funcionando bem ou se há alguma obstrução (trombose), por exemplo. Segundo ele,
a trombose pode ocorrer em qualquer vaso do corpo, seja artéria ou veia. “Mais
do que um mapeamento vascular, o eco-Doppler é fundamental, hoje em dia, para
que o cirurgião vascular possa identificar e tratar casos mais graves,
identificando o potencial risco de uma trombose venosa profunda. Diante desse
recurso, é possível, inclusive, orientar pacientes com risco aumentado para TVP
a não fazer voos longos, sem escala. Ou mesmo avaliar se um determinado
paciente irá se beneficiar com o uso das meias elásticas para prevenir
trombose. Afinal, o que muita gente desconhece é que nem todos os
pacientes podem usar essas meias. Para os que podem, elas de fato reduzem
o risco de trombose durante voos prolongados – com evidências médicas de alta
qualidade”.
Ainda com relação ao uso de meias elásticas,
o médico ressalta que problemas como oclusão arterial grave nas pernas, por
exemplo, contraindicam seu uso – já que isso poderia agravar o quadro arterial
e trazer complicações como feridas ou até mesmo amputação. Flumignan também
ressalta que alguns pacientes precisam usar medicações, como os
anticoagulantes, antes de viagens longas. “Na dúvida, a melhor maneira de saber
se pode ou não usar uma meia elástica, se é necessário também usar alguma
medicação ou não, é consultar um médico vascular de sua confiança. A avaliação
do especialista, com base em exames complementares – como o ultrassom vascular
– vai direcionar a conduta médica em cada caso em particular”.
Para aqueles que já estão com o voo
marcado, o especialista dá cinco dicas de ouro:
- Procure se levantar a cada duas horas de voo e caminhar pelo
corredor;
- Sentado, procure fazer movimentos circulares com os
tornozelos e esticar os joelhos;
- Se não houver contraindicações, use meias elásticas
prescritas por um médico vascular;
- Vista roupas leves e confortáveis;
- Procure ingerir bastante água durante o voo. Isso vai
mantê-lo hidratado e fazer com que se levante para ir ao toalete algumas vezes.
Além disso, a desidratação pode facilitar o surgimento de trombos.
Fonte:
Dr. Ronald Flumignan - cirurgião vascular e ecografista vascular do CDB
Medicina Diagnóstica, em São Paulo – www.cdb.com.br