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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Exame de toque retal não deve ser tabu para diagnóstico precoce do câncer de próstata, aconselham especialistas

Durante o Mês de Combate à doença, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) orienta sobre a necessidade de rastreamento e diagnóstico o mais breve possível para um prognóstico positivo. Um em cada seis homens irão desenvolver o tipo de tumor, segundo mais frequente nessa população.

 

Nomeado como Novembro Azul, este é o Mês de Combate ao Câncer de Próstata, o tipo de tumor mais predominante em homens de todas as regiões do Brasil, excetuando o câncer de pele não melanoma. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam 72 mil novos casos nesta população a cada ano do triênio 2023-2025. No entanto, especialistas apontam que o diagnóstico precoce e o autocuidado ainda são empecilhos aos homens. 

A Drª Kátia Moreira Leite, médica patologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), sociedade científica que representa médicos especialistas em diagnósticos de doenças como o câncer, aconselha que os homens não tenham medo de rastrear, diagnosticar e tratar o câncer de próstata: “Mesmo sendo o tumor mais frequente do homem nos países ocidentais, incluindo o Brasil, ele pode ser identificado e tratado, com uma possibilidade de cura muito grande. Todos os homens devem estar atentos”. 

Segundo dados internacionais, quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de próstata apresenta uma taxa de cura de cerca de 90%. Mesmo assim, apenas em nosso País, o INCA informa que 1 a cada 33 homens morre da doença. Dados mais recentes estimam uma mortalidade anual de 16.301 pessoas, ficando atrás somente das mortes por câncer de pulmão entre os homens. 

A Drª Kátia explica que o rastreamento do câncer de próstata acontece por meio de exames como o PSA (Antígeno Prostático Específico, da tradução da sigla em inglês), que identifica uma proteína produzida por células da próstata, a ressonância magnética e o toque retal, que ainda está envolto em tabus. 

“É importante o homem consultar o médico urologista com alguma frequência, especialmente, a partir de determinada idade, para realizar o exame de toque retal, que dura poucos segundos, não tem desconforto ou dor e o profissional de saúde avalia se há algum nódulo”, detalha ela, que também é professora do Departamento de Urologia, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

 

Biópsia - Após a suspeita de câncer de próstata, o diagnóstico definitivo é feito pela análise dos fragmentos de biópsia pelo médico patologista. “Quando há suspeita de tumor, o urologista ou oncologista solicita uma biópsia, que é feita com o paciente sedado. O diagnóstico definitivo é sempre fornecido pelo patologista ao analisar os fragmentos de biópsia”, complementa a Drª Kátia. 

A especialista detalha que não há como fazer o diagnóstico sem a biópsia, pois os outros métodos são falhos: “O PSA, por exemplo, é um marcador específico da próstata, mas não do câncer de próstata e pode se elevar em outras condições como a prostatite, que é a inflamação da próstata. Já a ressonância magnética tem a capacidade de identificar áreas suspeitas, que serão alvo da biópsia. Outro benefício da ressonância é que quando negativa pode evitar biópsias desnecessárias, pois, nessa condição a probabilidade de haver um tumor clinicamente significativo é muito baixa”. 

Além disso, ela salienta que a análise do patologista é fundamental para a escolha do tratamento quando há o diagnóstico de câncer: “O patologista fará uma graduação de agressividade do tumor. Se essa graduação determinar um tumor de baixo risco, o urologista pode adotar uma conduta que se chama vigilância ativa. Nessa condição, o paciente será acompanhado e não tratado imediatamente”. 

Porém, complementa a Drª Kátia, se o câncer tiver uma graduação de risco intermediário ou alto, o paciente deverá ser tratado pela cirurgia ou radioterapia. “Essa conduta evita que pacientes com tumores indolentes, que não colocam em risco a quantidade ou qualidade de vida do homem, sejam submetidos a tratamento”, diz.

 

Doença assintomática - Especialistas indicam que o rastreamento pela medida do PSA e pelo toque retal é importante, pois o câncer de próstata não causa sintomas. “Sua localização na zona periférica da próstata faz com que o câncer não cause sintomas. Esses aparecem tardiamente durante a progressão da doença. Ao contrário de sintomas como dificuldade de urinar, que em geral se devem à hiperplasia benigna, uma ocorrência muito comum no homem e que praticamente afetará a todos com o envelhecimento”, acrescenta a médica patologista. 

Para ela, o autocuidado com a saúde pode facilitar o diagnóstico precoce do câncer e trazer maior chance de cura para os homens: “Investigue seu histórico familiar. Verifique se há histórico de câncer de próstata entre os homens. Mas não só o câncer de próstata, pois a ocorrência de outros tumores como mama e ovário nas mulheres também está relacionada à predisposição ao desenvolvimento do câncer de próstata. O rastreamento oportunista é também uma boa estratégia. Durante sua visita ao médico generalista, peça a ele que lhe solicite um PSA”. 

Os especialistas aconselham que o rastreamento seja feito a partir dos 55 anos, quando a incidência do câncer de próstata é maior. “Mas, se há um histórico familiar, comece antes, aos 40 anos”, orienta a especialista. “Mesmo frente a um diagnóstico de câncer de próstata agressivo, há possibilidade de tratamento, que na grande maioria das vezes é curativo”, conclui ela.


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