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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

H.Olhos alerta sobre riscos da baixa umidade do ar para a saúde ocular

 

Freepik

Ingerir bastante água, evitar locais com ar-condicionado e reduzir o tempo de exposição às telas ajudam a minimizar a síndrome do Olho Seco que afeta 18 milhões de brasileiros


O Brasil enfrenta a pior seca da história do país. Um levantamento da empresa de meteorologia MetSul apontou que grande parte do país registra atualmente níveis de umidade do ar menores que as do Saara, no norte da África. Essa má condição contribui para o aumento nos diagnósticos do Olho Seco, doença ocular que tem os casos agravados com a baixa umidade do ar e pelo aumento da poluição. Alguns dos sintomas são ardência, lacrimejamento, vermelhidão, secura, sensação de areia nos olhos, sensibilidade à luz e embaçamento visual. 

A Dra. Myrna Serapião dos Santos, oftalmologista, especialista em doenças da superfície ocular e córnea e diretora técnica do H.Olhos, hospital de olhos da rede Vision One em São Paulo, recomenda adotar 5 cuidados para prevenir a condição: 

- ingerir bastante água para auxiliar na lubrificação dos olhos e protegê-los do ressecamento;

- evitar permanecer em locais com ar-condicionado, pois o ar fica mais seco e acelera a evaporação da lágrima;

- reduzir o tempo diante de telas (notebook, computador, tablet ou celular) para prevenir a fadiga dos olhos e redução da umidade na superfície ocular;

- utilizar óculos de proteção em ambientes externos para proteger a visão dos raios solares, do vento e das impurezas do ar;

- ligar o umidificador sempre que o clima estiver seco a fim de evitar a secura dos olhos.

A Síndrome do Olho Seco é caracterizada pela lubrificação inadequada da superfície dos olhos, que ficam desprotegidos contra agentes externos, como a poeira. Ocorre uma disfunção do filme lacrimal, produzido pelas glândulas lacrimais, e a quantidade insuficiente de lágrima causa o ressecamento da superfície do olho.

"Ao apresentar sinais de olho seco é fundamental nunca tratar por conta própria e consultar um especialista para que investigue a causa do problema e avalie a necessidade de receitar um lubrificante ocular ou colírios anti-inflamatórios e imunomoduladores, para os casos de maior gravidade", orienta a Dra. Myrna Serapião dos Santos. 

A Síndrome do Olho Seco pode ter relação com o envelhecimento, alterações hormonais, com o uso de medicamentos, com lesões oculares ou doenças autoimunes. O tratamento é indicado após a identificação da causa do distúrbio e por se tratar de uma doença crônica, o paciente deverá ter acompanhamento oftalmológico para afastar o risco de lesões na córnea. 

"No Brasil, aproximadamente 18 milhões de pessoas têm o diagnóstico de Síndrome do Olho Seco, sendo essa uma das doenças oculares mais comuns. Tratar corretamente previne o comprometimento da visão e melhora a qualidade de vida do paciente", complementa a oftalmologista.


Dias mais secos reforçam a importância de beber água e manter o rins saudáveis

 

Pessoas que vivem em lugares mais secos também têm mais
 tendência a ter pedras nos rins, dependendo da genética e da alimentação
Crédito: Divulgação / Eco Medical Center

Pessoas que vivem em lugares mais secos também têm mais tendência a ter pedras nos rins, dependendo da genética e da alimentação

  

Em dias mais secos, como os que estão ocorrendo em todo o Brasil, é importante reforçar a hidratação, pensando na saúde como um todo, mas especialmente na saúde dos rins. Isso porque, pessoas que vivem em lugares mais secos também têm mais tendência a ter pedras nos rins, dependendo da genética e da alimentação, conforme explica a médica nefrologista, que atua na Nefro Clínicas, localizada no Eco Medical Center em Curitiba, Juliana Lemes. 

"A falta de água no corpo e no ambiente desequilibra o órgão ao ponto de produzir as pedras. Em dias mais secos deve-se consumir mais água do que o normal. Além do desequilíbrio de água, o cálculo renal tem outros dois importantes gatilhos: o excesso de sódio (sal) e proteína em excesso. Essas seriam as razões para as pedras aparecerem", conta a nefrologista.

 

Como cuidar dos rins

Para evitar o surgimento de doenças renais, é preciso avaliar alguns hábitos, manter os exames em dia e aferir a pressão regularmente; não exagerar no consumo de sal e alimentos ultraprocessados, praticar atividade física, evitar o tabagismo e beber muita água.

 

Doenças nefrológicas mais comuns

As principais doenças que aparecem nos consultórios de nefrologia incluem insuficiência renal crônica e aguda, nefrites, cálculos renais, hipertensão arterial e doença renal policística. A doença renal crônica, por exemplo, afeta 1 em cada 10 pessoas no mundo e é muitas vezes diagnosticada tardiamente, quando já houve perda significativa (80% a 90%) da função renal. "Pacientes hipertensos e diabéticos estão sob maior risco de desenvolver doenças renais, mas qualquer pessoa, de qualquer idade, pode ser afetada", explica Dra. Juliana Leme, coordenadora da Nefroclínicas Curitiba. 

Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde, estima-se que a prevalência de doenças renais no Brasil continua a aumentar, com muitos casos diagnosticados em estágios avançados devido à falta de sintomas iniciais. A Nefroclínicas está preparada para atender a esta crescente demanda, oferecendo um cuidado integral e personalizado aos pacientes. Referência em cuidado coordenado, a clínica tem linhas de cuidado com as principais operadoras e mais de 115 planos de saúde credenciados.

 

Onde buscar atendimento em Curitiba 

O monitoramento da saúde dos rins deve ser periódico. Em Curitiba, acaba de ser inaugurado um moderno centro de nefrologia e transplantes. A estrutura faz parte da Nefroclínicas, inaugurada no Eco Medical Center e se prepara para tornar-se um centro de treinamentos e pesquisa clínica em nefrologia, com destaque para a diálise peritoneal. O local tem infraestrutura para atender desde a prevenção até os tratamentos mais complexos, também preocupou-se em focar no bem-estar máximo dos pacientes. 

A Nefroclínicas possui uma selecionada equipe de enfermagem e 17 nefrologistas altamente capacitados e atualizados com as mais modernas práticas na área, prontos para atender crianças e adultos. “Temos pesquisadores na equipe. E aqui temos uma estrutura que nos permite iniciar a pesquisa clínica. Acreditamos que a unidade Curitiba vai ser uma referência nacional para todo o grupo, principalmente em diálise peritoneal”, revelou Thyago Proença. 

O Grupo Nefroclínicas possui mais nove unidades em outros estados e recebeu prêmios nacionais e internacionais pelo atendimento nefrológico de excelência. Entre eles está o VBHC Summit of the Americas, que premiou o programa de tratamento conservador do grupo Nefroclínicas. O programa investe em atendimento multidisciplinar, exames e terapias renais para retardar a necessidade de diálises e transplantes. O grupo também investe em educação e realizou seu primeiro simpósio internacional no mês de abril, com mais de 425 médicos. 

O Eco Medical Center, onde está a Nefroclínicas, também oferece diversas comodidades, como fácil acesso, uma localização privilegiada e diversas outras especialidades médicas que podem ser integradas à nefrologia, proporcionando uma experiência ainda mais conveniente para os pacientes. A própria Nefroclínicas está localizada no 9º andar, com uma vista panorâmica da cidade.


Eco Medical Center
acesse o site
Rua Goiás, 70 - bairro Água Verde.


Desmistificando a Saúde Cardiovascular: 10 Mitos e Verdades


As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte global, com mais de 400 mil óbitos anuais no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Esse número alarmante representa um óbito a cada 90 segundos, ou seja, 46 mortes por hora, superando todas as causas de morte, incluindo câncer, problemas respiratórios, violência e acidentes de trânsito. O Dr. Diego Gaia, Coordenador da Cardiologia do Hospital Santa Catarina - Paulista, esclarece os mitos e verdades sobre os cuidados com o coração e destaca a importância de entender os fatores de risco e prevenção.

 

1. Somente pessoas idosas têm doenças cardiovasculares – MITO

Doenças cardiovasculares podem afetar pessoas de todas as idades. Maus hábitos como sedentarismo, consumo excessivo de açúcar, tabagismo e bebidas alcoólicas aumentam o risco em qualquer faixa etária. Além disso, condições como hipertensão, diabetes e obesidade têm levado jovens a desenvolver doenças que antes eram raras nessa faixa etária, explica Dr. Diego Gaia.

 

2. Descongestionantes nasais podem induzir arritmia cardíaca – VERDADE

O uso indiscriminado de descongestionantes nasais pode levar a arritmias cardíacas e aumento da pressão arterial. Dr. Diego Gaia alerta que esses medicamentos devem ser usados somente com acompanhamento médico.

3. A dor no peito é o único sintoma de um infarto – MITO

Infartos podem manifestar-se através de sintomas variados como falta de ar, fadiga, dor no braço esquerdo, nas costas ou na mandíbula. Nem todos os infartos apresentam dor no peito, o que pode levar pacientes a buscar ajuda médica somente quando o quadro se agrava, esclarece Dr. Diego Gaia.

 

4. A alimentação saudável é essencial para evitar doenças cardiovasculares – VERDADE

Uma dieta balanceada é crucial para controlar colesterol, pressão arterial e níveis de açúcar no sangue. Dietas ricas em gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados podem elevar o risco cardiovascular. Reduzir o consumo de açúcares e carboidratos refinados é fundamental para prevenir doenças cardíacas, afirma Dr. Diego Gaia.

 

5. Mulheres não sofrem tanto de doenças cardiovasculares como os homens – MITO

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte também entre as mulheres. Embora essas condições apareçam mais tarde devido à proteção hormonal, as mulheres têm 50% mais chances de morrer devido a um infarto comparado aos homens, de acordo com o Ministério da Saúde.

 

6. Bebidas alcoólicas e energéticos podem causar problemas cardíacos – VERDADE

O consumo de bebidas alcoólicas e energéticos pode induzir arritmias e aumentar a pressão arterial. A combinação desses produtos pode ser particularmente prejudicial ao coração, e manter uma alimentação balanceada e evitar o consumo excessivo dessas substâncias é crucial para a saúde cardiovascular, completa Dr. Diego Gaia.

 

7. Depois de enfartar, não se pode mais praticar exercícios físicos – MITO

Após a recuperação, a prática de exercícios físicos é recomendada e deve ser feita de forma gradual e orientada por profissionais de saúde. Um programa de reabilitação cardíaca deve ser adaptado às necessidades individuais para garantir segurança e eficácia, relata Dr. Diego Gaia.

 

8. A poluição pode impactar a saúde cardiovascular – VERDADE

Partículas de poluição do ar podem penetrar profundamente no sistema respiratório e cardiovascular, aumentando o risco de infartos e agravando condições preexistentes. Exposições crônicas a altos níveis de poluição estão associadas a eventos cardíacos agudos e inflamação sistêmica, segundo Dr. Diego Gaia.

 

9. Há uma tolerância para o uso de cigarros e vape que não afeta a saúde do coração – MITO

Tanto o tabagismo quanto o uso de vapes são prejudiciais à saúde cardiovascular. A fumaça do cigarro e os vapores dos cigarros eletrônicos contêm substâncias nocivas que podem causar danos aos pulmões e ao sistema cardiovascular. A falta de regulamentação dos vapes adiciona incerteza sobre seus riscos exatos, mas eles também estão associados a problemas de saúde significativos, alerta Dr. Diego Gaia.

 

10. A doença cardiovascular é uma reação inflamatória – VERDADE

A doença cardiovascular é, de fato, uma condição associada à inflamação crônica. A inflamação desempenha um papel crucial na formação e evolução das placas ateroscleróticas, que podem levar a eventos cardiovasculares graves. "Embora a inflamação seja uma parte natural do processo patológico, ela pode ser prevenida e controlada de maneira eficaz com uma alimentação saudável e um estilo de vida equilibrado. Adotar esses hábitos pode reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas e promover uma saúde cardiovascular melhor," explica Dr. Diego Gaia.


Obesidade atrai depressão e relacionamento entre doenças é um ciclo vicioso

Estudos indicam que 30% das pessoas que estão acima do peso também podem sofrer com transtornos depressivos

 

Reconhecida como doença pela a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2013, a obesidade é uma daquelas comorbidades que sempre arrastam outro problema junto. Um desses seguidores é a obesidade, que, segundo a Fiocruz, é uma triste realidade na vida de 56% dos brasileiros adultos.

A estatística complica ainda mais quando associamos as doenças. De volta a OMS, cerca de 30% dos 600 milhões de pessoas obesas em todo o mundo que buscam tratamentos para emagrecer sofrem de depressão ao longo da vida. Além de alarmante, essa estatística evidencia a relação estreita entre essas duas condições de saúde, que afetam milhões de pessoas globalmente. A prevalência da obesidade e da depressão é uma realidade mundial, e estudos indicam que indivíduos com distúrbios psiquiátricos têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolverem obesidade.

Para Mauro Jácome, médico especialista em endoscopia e cirurgião geral, a relação entre as doenças é ainda mais complicada que pode parecer. "A obesidade entra pela boca, e esse é o mesmo caminho da depressão. Sabemos disso e precisamos lidar com isso. Todavia, essas patologias são evidentes e devem ser tratadas com seriedade. De qualquer modo, são doenças com uma elevada relação. O diagnóstico do quadro depressivo é fundamental para que o paciente tenha um tratamento adequado, possibilitando a melhora da sua qualidade de vida", afirma o médico.

Em conformidade com a opinião de Mauro Jácome está um estudo realizado por especialistas do Centro Médico da Universidade de Vrije, em Amsterdã (Holanda), que encontrou vínculos genéticos importantes entre obesidade e transtornos depressivos diversos. A análise genética comparativa reuniu 26.628 sendo 11.837 que sofrem com depressão e 14.791 indivíduos no grupo de controle.

Cerca de 15% das pessoas com o transtorno relataram aumento do apetite e também do peso quando deprimidas. Utilizando uma combinação de técnicas genéticas moleculares, os pesquisadores identificaram as variantes genéticas comuns a todos os participantes do estudo. Essa análise confirma que a obesidade pode atrair a depressão.

Porém, muitos pacientes tem dificuldade de emagrecer e isso pode agravar ainda mais o quadro de depressão. Para combater isto, o tratamento da obesidade vai além da dieta e do exercício físico. Procedimentos como a endosutura e o balão intragástrico têm sido utilizadas como ferramentas auxiliares no processo de emagrecimento, oferecendo alternativas eficazes para aqueles que lutam contra a balança.

“A endosutura, por exemplo, é uma técnica minimamente invasiva que utiliza suturas internas para reduzir o volume do estômago, promovendo uma sensação de saciedade com a ingestão de menores quantidades de alimentos. Já o balão intragástrico consiste na introdução de um balão de silicone no estômago, que é preenchido com soro fisiológico e azul de metileno, ocupando parte do espaço gástrico e reduzindo a fome”, completa Mauro Jácome.


Para combater a depressão, basta emagrecer?

Não. Além das intervenções médicas, o acompanhamento psicológico é crucial para o sucesso do tratamento de depressão. O psicólogo Thiago Oscar, da Clínica Cronos, em Belo Horizonte, enfatiza a importância de abordar as questões emocionais subjacentes à obesidade. "Muitas vezes, a depressão e a ansiedade estão intimamente ligadas ao ganho de peso, seja como causa ou consequência. O acompanhamento psicológico permite ao paciente entender e tratar essas questões, o que é essencial para reverter o quadro depressivo e auxiliar no emagrecimento", explica o psicólogo.

O suporte psicológico para pessoas que enfrentam simultaneamente a obesidade e a depressão é uma parte vital do tratamento, oferecendo uma abordagem integral para lidar com essas condições interligadas. "Pacientes obesos que sofrem de depressão muitas vezes encontram-se em um ciclo vicioso: a depressão pode levar à compulsão alimentar, e o aumento de peso, por sua vez, intensifica a depressão. O papel do psicólogo é ajudar o paciente a identificar e romper esse ciclo”, confirma o psicólogo da Clínica Cronos.

O suporte psicológico também envolve a construção de estratégias para o enfrentamento do estresse, que é frequentemente um gatilho tanto para a depressão quanto para o ganho de peso. Com tratamentos similares, os pacientes a desenvolverem uma maior consciência do seu estado emocional e das suas escolhas alimentares, promovendo um relacionamento mais saudável com a comida.

 

Estudos apontam chances de poluição intensa representar riscos ao cérebro

Neurocirurgião e pesquisador da Unicamp aborda os efeitos da poluição no sistema vascular cerebral e os riscos a longo prazo para a saúde mental 

 

No mês de agosto, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado de São Paulo registrou mais queimadas do que nos últimos dois anos, contrariando um padrão histórico. A gravidade dos danos ambientais gerou preocupações urgentes sobre a qualidade do ar. As densas nuvens de fumaça, especialmente no interior, alarmaram a população e provocaram reflexões sobre os impactos dessa poluição no corpo humano, incluindo o cérebro.

Estudos destacam que, mesmo com exposição a níveis considerados seguros de poluentes, existem chances de o funcionamento cerebral sofrer impactos a longo prazo, principalmente nas funções cognitivas, aumentando o risco de doenças neurodegenerativas.

Uma pesquisa realizada na Keck School of Medicine1, da Universidade do Sul da Califórnia, avaliou dados de cerca de 9 mil participantes, a fim de investigar os impactos da exposição à poluição do ar no desenvolvimento cerebral de adolescentes. Os resultados indicaram que, mesmo nos casos em que níveis de poluição são considerados "seguros", há alterações significativas na conectividade funcional do cérebro, influenciando o desenvolvimento cognitivo e emocional.

Outra publicação no Neurology Journals2 investigou a relação entre o contato com a poluição atmosférica e o risco de comprometimento cognitivo leve e demência. Os pesquisadores acreditam que a exposição prolongada a níveis mais altos está associada ao risco de desenvolvimento de problemas cognitivos, com implicações significativas para a saúde pública.

Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ressalta a necessidade de olhar além dos efeitos mais óbvios da poluição. "O ar que respiramos não afeta apenas nossos pulmões. A longo prazo, essas agressões ao sistema nervoso central podem contribuir para o declínio cognitivo e aumentar o risco de demência, como evidenciam as pesquisas mais recentes," afirma Dr. Valadares.


Existem riscos vasculares associados à poluição do ar?

A curto prazo, a poluição do ar, incluindo a fumaça das queimadas, pode também aumentar o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e de outros problemas vasculares3. A exposição aos poluentes atmosféricos está associada a um aumento da inflamação sistêmica e do estresse oxidativo, que podem danificar os vasos sanguíneos e levar a problemas cardiovasculares e cerebrovasculares.

“As partículas finas podem penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, provocando respostas inflamatórias que afetam o coração e o cérebro”, explica o Dr. Valadares.


3 medidas essenciais de proteção

Para se proteger da poluição intensa, confira três dicas importantes a seguir:

  1. Monitore a qualidade do ar: em tempos de poluição intensa, existem aplicativos e sites que informam a qualidade do ar em tempo real, como o do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Quando a qualidade do ar estiver ruim, siga as recomendações de saúde pública para proteger-se adequadamente.
  2. Evite atividades ao ar livre: evite ou minimize o tempo ao ar livre, especialmente durante o pico de poluição mais intensa. Se precisar sair, tente reduzir o tempo de exposição, principalmente se fizer parte de grupos de risco, como crianças, idosos, ou pessoas com problemas respiratórios.
  3. Mantenha ambientes internos saudáveis: em casa, mantenha janelas e portas fechadas para evitar que a poluição entre. Utilize purificadores de ar com filtros HEPA para melhorar a qualidade do ar.
  4. Use máscaras apropriadas: em ambientes com alto nível de poluição, especialmente em dias de muita fumaça ou poeira, como aconteceu nos últimos dias em diversos pontos do estado, utilize máscaras que filtrem partículas finas, como as do tipo N95 ou PFF2. Essas máscaras são capazes de bloquear a inalação de partículas perigosas que podem afetar tanto o sistema respiratório, quanto o cardiovascular.

 



Dr. Marcelo Valadares - médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor. O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos. No setor público, recriou a divisão de Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep Brain Stimulation – Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição. Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado à Neurologia.
www.marcelovaladares.com.brInstagram: @drmarcelovaladares
Facebook: facebook.com/drmarcelovaladares

 


Referências:

1: Even “safe” air pollution levels can harm the developing brain, study finds. Acesso clicando aqui.

2: Association of Long-term Exposure to Air Pollution and Dementia Risk. Acesso clicando aqui.

3: Impact: Air pollution. Acesso clicando aqui.


Ervas e dicas caseiras para manter a saúde nos dias secos

 

O tempo seco não dá trégua, e com isso, uma série de desconfortos afetam a saúde, como irritação nos olhos, garganta seca e problemas respiratórios. Para evitar que essas condições se agravem, o farmacêutico homeopata Jamar Tejada, da capital paulista compartilha algumas dicas naturais para enfrentar esses dias com mais tranquilidade e bem-estar. 

"Com essa baixa umidade do ar, o corpo tende a perder mais água e essa desidratação pode comprometer o funcionamento de vários sistemas, por isso é importante adotar cuidados preventivos e algumas soluções naturais podem ajudar", ensina Jamar. 

Ele indica o consumo de chás gelados de ervas, como camomila, hortelã e gengibre. “O chá de gengibre ajuda a aliviar dor de garganta e ainda oferece proteção contra vírus sincicial respiratório e os outros são antioxidantes e melhoram a imunidade. Além disso, um copo de água com limão ao acordar é um hábito saudável para hidratar e proteger o organismo frente a sua ação bactericida”, afirma o especialista. 

Jamar ressalta que qualquer bebida quente pode proporcionar alívio para dor de garganta. “A água quente em si já tem propriedade calmante para aliviar a tosse e a coriza, além de provocar vasodilatação e ajuda para que o muco saia com maior facilidade”, diz. 

O farmacêutico ainda fala que algumas plantas como lírio-da-paz, palmeira areca e babosa são boas plantas para se ter dentro de casa pois ajudam a aumentar a umidade do ambiente de maneira natural e deixa algumas dicas:
 

Outras plantas que ajudam a melhorar o ambiente e a saúde no tempo seco:

  1. Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata): Conhecida por sua capacidade de purificar o ar, a espada-de-são-jorge é ideal para melhorar a qualidade do ar em ambientes internos, liberando oxigênio à noite. Ela também ajuda a umidificar levemente o ambiente.
  2. Lírio-da-Paz (Spathiphyllum): Outra excelente planta para ambientes internos, o lírio-da-paz ajuda a remover toxinas do ar e contribui para uma umidade natural, especialmente em ambientes fechados com ar-condicionado.
  3. Babosa (Aloe Vera): Além de ser utilizada para hidratação e tratamento da pele, a babosa também tem a capacidade de liberar oxigênio à noite e melhorar a qualidade do ar.
  4. Hera Inglesa (Hedera helix): Essa planta é altamente eficaz na remoção de partículas de poluição e na melhora da qualidade do ar em espaços fechados, sendo ideal para ambientes que sofrem com a secura do ar.
  5. Palmeira Areca (Dypsis lutescens): Esta planta tropical não só decora o ambiente, mas também funciona como um excelente umidificador natural, contribuindo para a melhora da respiração e do conforto em dias secos. 


Jamar Tejada - Farmacêutico graduado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica pela Universidade Luterana do Brasil, RS (ULBRA), Pós-Graduação em Gestão em Comunicação Estratégica Organizacional e Relações Públicas pela USP (Universidade de São Paulo), Pós-Graduação em Medicina Esportiva pela (FAPES), Pós-Graduação em Comunicação com o Mercado pela ESPM, Pós-Graduação em Formação para Dirigentes Industriais com Ênfase em Qualidade Total - Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-(UFRGS) e Pós-Graduação em Ciências Homeopáticas pelas Faculdades Associadas de Ciências da Saúde. Proprietário e Farmacêutico Responsável da ANJO DA GUARDA Farmácia de manipulação e homeopatia desde agosto 2008.
@tejard



Rinoplastia pode curar sinusite e rinite?

Especialista explica quais os aspectos funcionais da cirurgia de nariz que vão além da estética

 

Já imaginou conseguir realizar dois desejos com apenas um procedimento médico? É exatamente isso que pacientes de sinusite crônica e rinite esperam quando procuram por uma rinoplastia estética: remodelar a aparência do nariz e ao mesmo tempo ficar livre dos incômodos das doenças respiratórias. Atualmente, apenas no Brasil, cerca de 15% da população sofre com sinusite, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Mas, será mesmo que a cura é possível?

De acordo com o professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e otorrinolaringologista da Clínica Dolci em São Paulo, Dr. Eduardo Dolci, tratar a parte funcional do nariz, melhorando a qualidade de vida do paciente, sempre é o objetivo primordial do cirurgião quando realiza uma rinoplastia. Porém, cada caso tem suas particularidades únicas que precisam ser respeitadas.

“No caso de pacientes com quadro de sinusite crônica, quando o tratamento medicamentoso não é suficiente, a rinoplastia pode ser um bom recurso. A sinusite é uma inflamação das mucosas dos seios da face devido a incapacidade de drenar o líquido excedente da região. Na cirurgia, além de realizar essa drenagem, é possível ampliar o calibre das vias naturais, facilitando o processo de escoamento e impedindo novas incidências”, enfatizou.

Quando o assunto é a rinite, a rinoplastia pode ajudar a diminuir os sintomas, mas não trará cura do quadro, já que os casos são de origem alérgica e não anatômica. Quando o organismo tem contato com o agente que causa a alergia, os cornetos aumentam de tamanho dificultando a passagem do ar. É a famosa carne esponjosa, que pode vir acompanhada de inflamação – a rinite.

“Quando a rinoplastia é realizada em pacientes com rinite, o objetivo é diminuir o tamanho dos cornetos que sofreram essa hipertrofia. Assim, conseguimos facilitar a passagem do ar, o que diminui a sensação de nariz entupido, a dificuldade de respirar para dormir e os outros sintomas, como secreção e roncos”.

Em ambos os casos, a verdade é que a intervenção cirúrgica pode ser uma boa alternativa para unir dois desejos: ter um nariz mais bonito e melhorar a qualidade respiratória. Mas, não existe a garantia de que ela possa curar a rinite e a sinusite. Afinal, muitas pessoas desenvolvem sensibilidades alérgicas ao longo da vida, o que pode evoluir para doenças crônicas.

A melhor conduta, então, é manter um acompanhamento com especialista mesmo depois de estar livre dos sintomas mais graves por conta do procedimento cirúrgico. Isso irá prevenir novas crises, outras doenças e garantir o bem-estar respiratório do paciente durante o ano inteiro. 

 

Dr. Eduardo Landini Lutaif Dolci - sócio da Clínica Dolci Otorrinolaringologia e Cirurgia Estética Facial, em São Paulo; Professor Instrutor de Ensino do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo; Membro titular da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial; Membro eleito da Comissão de Residência e Treinamento da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; Membro titular da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face. www.facebook.com/clinicadolci


Inchaço na gravidez: causas, fatores de risco, exames e tratamentos

Durante a gestação, o corpo da mulher passa por uma série de mudanças significativas. Entre elas, uma das que mais causa desconforto é o inchaço nas pernas, tornozelos e pés.
 

Segundo o cirurgião vascular Fábio Rocha, esse acúmulo de líquido nos tecidos, conhecido como edema, é um sintoma comum que costuma se intensificar no final da gravidez.
 

Mas o que exatamente causa esse inchaço durante a gravidez?

“O inchaço ou edema, durante a gestação, é causado por uma combinação de fatores hormonais e físicos. Conforme a gravidez avança, o útero em crescimento começa a pressionar as veias que transportam o sangue das pernas de volta ao coração, dificultando o fluxo sanguíneo. Isso faz com que o líquido se acumule nas veias das pernas e, eventualmente, vaze para os tecidos ao redor”, explica Fábio Rocha. 

Além disso, o cirurgião vascular conta que as glândulas suprarrenais produzem mais hormônios, como a aldosterona e o cortisol, que incentivam o corpo a reter líquidos. “Essa retenção, por sua vez, contribui para que a mulher fique inchada, especialmente nas extremidades inferiores, como: pés, tornozelos e pernas”, diz.
 

Fatores de risco

Apesar de ser uma condição comum, o cirurgião vascular diz que alguns fatores podem aumentar a probabilidade de uma gestante sofrer com o inchaço excessivo:

 

Gravidez múltipla: mulheres grávidas de gêmeos ou mais têm uma maior probabilidade de sofrer de inchaço devido ao aumento da pressão no útero;
 

Excesso de peso: gestantes que ganham muito peso durante a gravidez ou que já estavam acima do peso antes de engravidar tendem a ficar mais inchadas;
 

Clima quente: o calor pode intensificar o inchaço, pois contribui para a dilatação dos vasos sanguíneos e, consequentemente, para a retenção de líquidos;

 

Longos períodos em pé ou sentada: ficar muito tempo em uma mesma posição pode piorar o inchaço, uma vez que isso dificulta o retorno do sangue ao coração;

 

Histórico de problemas circulatórios: mulheres com histórico de doenças vasculares ou insuficiência venosa também podem estar mais suscetíveis ao inchaço durante a gestação.

 

Quando o inchaço na gravidez não é normal?

Embora o inchaço seja comum, em alguns casos, ele pode indicar problemas de saúde mais graves. É importante ficar atenta a alguns sinais de alerta. 

“Se aparecer de repente e for intenso, especialmente nas mãos e no rosto, pode ser um sinal de pré-eclâmpsia, uma complicação séria que requer atenção médica imediata. Quando ele vem acompanhado de dor ou vermelhidão pode indicar Trombose Venosa Profunda (TVP), uma condição em que um coágulo sanguíneo se forma em uma veia profunda da perna”, explica Fábio Rocha. 

O inchaço assimétrico, ou seja, se apenas uma perna ou pé estiver inchado, também pode ser um sinal de trombose venosa profunda e deve ser avaliado por um médico, completa o profissional.
 

Exames e diagnóstico

Para diagnosticar as causas do inchaço excessivo e descartar condições mais graves, o médico pode solicitar alguns exames, como:

 

Exames de sangue: podem ser realizados para verificar a função renal e hepática, além de avaliar os níveis de proteínas no sangue, que podem indicar retenção de líquidos.

 

Ultrassom Doppler: este exame avalia o fluxo sanguíneo nas veias das pernas e pode ajudar a diagnosticar trombose venosa profunda (TVP) ou outras condições circulatórias.

 

Medição da pressão arterial: verificar a pressão regularmente é essencial para detectar sinais de pré-eclâmpsia, que pode causar inchaço súbito e outros sintomas graves.


Tratamentos e cuidados para aliviar o inchaço na gravidez

Embora o inchaço seja uma parte natural da gravidez para muitas mulheres, Fábio Rocha orienta que existem algumas medidas que podem ajudar a aliviar o desconforto e prevenir complicações, como: 

Elevar as pernas: manter as pernas elevadas por alguns minutos ao longo do dia pode ajudar a melhorar a circulação e reduzir o inchaço. 

Usar meias de compressão: as meias de compressão podem ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo e evitar que o líquido se acumule nas pernas. 

Manter-se hidratada: beber bastante água pode parecer contraditório, mas manter-se hidratada ajuda a evitar que o corpo retenha líquidos em excesso. 

Evitar ficar em pé ou sentada por longos períodos: faça pausas regulares para caminhar e movimentar as pernas, melhorando a circulação sanguínea. 

Praticar exercícios físicos leves: caminhadas e alongamentos leves podem ajudar a manter a circulação ativa e reduzir o inchaço.

Além dessas medidas, é importante ter um acompanhamento médico regular durante toda a gestação. O obstetra poderá monitorar o inchaço e garantir que ele não esteja associado a problemas mais graves.
 

Fábio Rocha - cirurgião vascular oferece um atendimento humanizado, eficaz e altamente especializado. Ele se formou em Medicina, em 2002, na USP (Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto) e, posteriormente, fez a residência médica em Cirurgia Geral no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Em 2005, ingressou na especialidade que exerce até hoje: Angiologia e Cirurgia Vascular. Após o término da especialização, em 2009, quando já atuava como cirurgião vascular em Ribeirão Preto, desenvolveu um modelo experimental inédito de "Aneurisma de Aorta Abdominal" e recebeu um importante reconhecimento durante o "Congresso Brasileiro de Angiologia e Cirurgia Vascular". Junto ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, conquistou o primeiro lugar na principal categoria de trabalhos apresentados.



BOLETIM DAS RODOVIAS

Tarde com tráfego tranquilo nas principais rodovias concedidas

 

A ARTESP - Agência de Transporte do Estado de São Paulo informa as condições de tráfego nas principais rodovias que dão acesso ao litoral paulista e ao interior do Estado de São Paulo na tarde desta quarta-feira (11). 

 

Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI)

Operação 5x5 - Tráfego normal, sem congestionamento.

 

Sistema Anhanguera-Bandeirantes

A Rodovia Anhanguera (SP-330), sentido capital, apresenta congestionamento do km 236 ao km 229. No sentido interior, o tráfego é normal. Já na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), apresenta tráfego normal nos dois sentidos.

 

Sistema Castello Branco-Raposo Tavares

A Rodovia Raposo Tavares (SP-270) está com interdição no km 56+700. A Rodovia Castello Branco (SP-280) apresenta tráfego normal, sem congestionamento.

 

Rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto

Tráfego normal, sem congestionamento.

 

Rodovia dos Tamoios

Tráfego normal, sem congestionamento.


Fogo queimou 88 milhões de hectares do Cerrado nos últimos 39 anos

Bioma tem média de 9,5 milhões de hectares queimados por ano, superando a Amazônia. Área total afetada pelas chamas é maior do que a de países como Chile e Turquia.

 

O fogo queimou 88 milhões de hectares de Cerrado entre 1985 e 2023, uma média de 9,5 milhões de hectares todos os anos. Área queimada equivale a 43% de toda a extensão do bioma e supera o território de países como Chile e Turquia. Em média, o bioma perdeu 9,5 milhões de hectares por ano para as chamas, superando os índices da Amazônia, que queimou 7,1 milhões de hectares anualmente. 

No mesmo período foram desmatados 38 milhões de hectares, uma redução de 27% na vegetação original do bioma que, hoje, tem quase metade de sua área alterada por atividades humanas. Atualmente, 26 milhões de hectares do Cerrado estão ocupados pela agricultura, dos quais 75% são destinados ao cultivo de soja. O bioma responde por quase metade da área cultivada com o grão no Brasil, totalizando 19 milhões de hectares, segundo dados da Coleção 9 divulgados pela Rede MapBiomas, onde o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) coordena o mapeamento do Cerrado. 

A outra metade, que ainda permanece em pé, corresponde a 101 milhões de hectares, representando 8% de toda a vegetação nativa do Brasil e garantindo o posto do Cerrado como savana mais biodiversa do mundo. Desse remanescente, 48% está nos estados da região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piaui e Bahia), que viu sua área de agricultura aumentar 24 vezes desde 1985. A região também concentra 41% do desmatamento registrado no bioma nos últimos 39 anos. 

Atualmente, 55% da vegetação nativa restante do Cerrado se encontra em áreas com CAR (Cadastro Ambiental Rural) autodeclarado. O Código Florestal Brasileiro prevê que propriedades rurais no bioma mantenham ao menos 20% de sua área como vegetação nativa, a chamada Reserva Legal. No entanto, parcelas que excedam essa proporção podem ser legalmente desmatadas, representando um risco para a preservação e a estabilidade do bioma. 

“Precisamos de políticas públicas e mecanismos financeiros que incentivem a conservação do Cerrado. Seguir com o desmatamento nesse ritmo trará consequências ainda mais graves para a regulação do clima e para os setores econômicos, principalmente o agronegócio, que depende do clima e dos recursos hídricos no Cerrado”, ressalta Dhemerson Conciani, pesquisador do IPAM.

Por outro lado, 14,7% estão em áreas protegidas e públicas de uso coletivo, como unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas, que mantêm mais de 93% da sua vegetação nativa preservada. Apesar da preservação, o desmatamento em terras indígenas no bioma, por exemplo, aumentou 188% em 2023, comportamento oposto ao observado no restante do país, que registrou uma redução de 27% da área desmatada.
 

Fogo 

Embora possua tipos de vegetação que evoluíram para lidar com queimadas, o regime natural do fogo tem sido alterado pelas secas frequentes e temperaturas extremas. O uso indiscriminado do fogo também está relacionado ao aumento dos incêndios, colocando em risco a biodiversidade local e a integridade dos ecossistemas naturais. 

"A crescente vulnerabilidade do Cerrado às mudanças climáticas e impactos humanos exige ações decisivas para sua reversão. É essencial implementar políticas públicas que promovam a conscientização, reforcem sistemas de monitoramento e apliquem leis rigorosamente contra queimadas ilegais. Além disso, o manejo integrado do fogo, que combina prevenção, controle e uso planejado do fogo, é fundamental para manter a saúde dos ecossistemas, além de minimizar riscos de incêndios e preservar benefícios ecológicos”, destaca Vera Arruda, pesquisadora do IPAM. 

De acordo com dados do Monitor do Fogo, entre janeiro e agosto de 2024, o bioma já teve 4 milhões de hectares afetados pelo fogo. Deste total, 79% (ou 3,2 milhões de hectares) ocorreram em áreas de vegetação nativa. Esse valor representa um aumento de 85% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 2,2 milhões de hectares foram queimados. O mês de agosto de 2024 registrou a maior área queimada desde 2019, com mais de 2,4 milhões de hectares afetados no Cerrado, superando os valores observados no mesmo período nos anos anteriores. 

Em agosto, um levantamento do IPAM revelou que dos 2,6 mil focos de calor registrados no estado de São Paulo entre os dias 22 e 24 de agosto, 81,29% se concentraram em áreas de uso agropecuário (como as ocupadas pela cana de açúcar e pela pastagem) e surgiram em um espaço de 90 minutos.

 

Seca 

O abastecimento hídrico do Cerrado também tem sido afetado pelas mudanças no clima e um padrão de chuvas cada vez mais imprevisível. A área de superfície de água natural no Cerrado registrada em 2023 foi de 696 mil hectares, 53% a menos do que o observado em 1985. Atualmente, o bioma possui 1,6 milhões de hectares cobertos por água, maior valor registrado em 39 anos, mas apenas 37% estão em áreas naturais, enquanto 51% estão em áreas de hidrelétricas. 

Nascente de nove das doze bacias hidrográficas brasileiras, o Cerrado também abrange uma região que abriga três grandes aquíferos: Guarani, Bambuí e Urucuia. Além da sua importância para o abastecimento da população, o ciclo da água no bioma é essencial para a maior parte das lavouras brasileiras, que dependem das chuvas para sua irrigação. 

Além disso, as secas mais extremas e as mudanças climáticas que afetam o bioma têm atingido desproporcionalmente as áreas úmidas do Cerrado. Com alta biodiversidade e papel fundamental na manutenção de recursos hídricos, as áreas úmidas ocupam 6 milhões de hectares no Cerrado - território maior que a do Estado da Paraíba - mas tem perdido espaço para pastagens, agricultura, além da falta de uma legislação específica para sua preservação. 

De acordo com dados do MapBiomas, o Cerrado perdeu 500 mil hectares de vegetação típica de áreas úmidas entre 1985 e 2023 – principalmente para pastagem – o equivalente a uma redução de 7% de todas as áreas úmidas do bioma. 

“Temos observado que as áreas úmidas no Cerrado estão secando. Ainda, a expansão da agricultura sobre essas áreas vêm ocorrendo em algumas regiões no bioma, o que pode afetar o abastecimento hídrico e resultar em escassez de água para a população e para a agricultura, além de aumentar a vulnerabilidade a desastres climáticos e a perda de biodiversidade”, alerta Joaquim Raposo, pesquisador do IPAM.


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