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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

VIAGEM LONGA NO CARNAVAL: VEJA COMO SE LIVRAR DE DORES

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Longos períodos dirigindo em estradas exigem muito da postura e do metabolismo do motorista, fisioterapeutas dão dicas de como aliviar sintomas de dor pelo corpo.

 

Quem não gosta de viajar? No carnaval, um dos períodos da alta temporada, é comum que a busca por viagens longas e a busca por novas experiências culturais, momentos com familiares e amigos sejam mais frequentes. No entanto, nem todas as experiências são positivas, especialmente quando as dores associadas a jornadas prolongadas enquanto dirige começam a surgir.
 

Nos membros superiores do corpo, o que acontece? 

Bernardo Sampaio, fisioterapeuta especialista em membros superiores e diretor clínico do ITC Vertebral, de Guarulhos, aponta que a falta de apoio é uma das principais vilãs em viagens. Quanto mais tempo se passa dirigindo de maneira incorreta, mais intensos e prejudiciais podem ser os efeitos. "A falta de oportunidades para movimentação adequada pode levar a rigidez muscular e tensão nas costas, enquanto a pressão constante em áreas de suporte, como o cóccix, contribui para o desconforto persistente”, explica Bernardo.
 

E nos inferiores? 

Já Raquel Silvério, fisioterapeuta especialista em membros inferiores e Diretora Clínica do Instituto Trata unidade de Guarulhos, ressalta que a própria estrutura do assento e as restrições impostas pela disposição do veículo podem contribuir para a má circulação, aumentando as chances de cãibras e dormência por conta da compressão. “Durante períodos prolongados de imobilidade, os músculos das pernas, tornozelos e pés podem ficar tensos e doloridos. A falta de movimento adequado compromete a circulação sanguínea de um modo geral, aumentando o risco de edema e contribuindo para a sensação de pernas pesadas”, diz a fisioterapeuta. 

Para ajudar a aliviar esses incômodos, conversamos com especialistas na área de fisioterapia músculo esquelética, que destacam algumas dicas, veja:
 

Corrija a postura: Assegure-se de que os joelhos apresentem uma leve flexão e que os pés estejam em contato com o solo. Garantir que toda a coluna esteja devidamente apoiada no assento principal é essencial, enquanto o pescoço deve manter um alinhamento adequado. Quanto aos cotovelos, é recomendável mantê-los ligeiramente flexionados/numa posição mais relaxada , evitando a completa extensão.
 

Realize exercícios de alongamento: Faça pausas regulares para alongar o pescoço e os ombros, esticando-os delicadamente para cima, para baixo e para os lados. Isso ajudará a liberar a tensão acumulada e evitará dores musculares.
 

Ajuste a posição do banco e do volante: Certifique-se de que a posição de seus assentos é ergonômica, com apoio lombar adequado. Ao segurar o volante, utilize ambas as mãos sempre que não for necessário operar o câmbio.
 

Faça paradas para caminhar: Por mais ansioso que esteja para chegar rapidamente ao destino, é desaconselhável permanecer ao volante por várias horas consecutivas. A cada duas horas de viagem, faça uma pausa para caminhar e se alongar. Isso estimula a circulação sanguínea e alivia o estresse nos músculos.
 

Faça exercícios para melhora da mobilidade: Quanto aos pés, faça exercícios movimentando os tornozelos de forma circular para estimular a circulação sanguínea, prevenindo cãibras e dores nas pernas.
 

Utilize almofadas de suporte: Evite desconfortos na região lombar usando almofadas de suporte ou travesseiros ao longo da viagem. Isso ajuda na manutenção da postura correta e alivia tensões nos músculos das costas.
 

Mantenha-se hidratado: Beber água regularmente durante a viagem mantém seu organismo hidratado, auxiliando o sistema circulatório e reduzindo o risco de dores nas pernas.


Bernardo Sampaio - Fisioterapeuta pela PUC Campinas, possui especialização e aprimoramento pela Santa Casa de São Paulo e é mestrando em Ciências da Saúde pela mesma instituição. Atua como professor universitário em cursos de pós-graduação na área de fisioterapia músculo esquelética e é Diretor Clínico do Centro Especializado em Movimento (CEM), ITC Vertebral e Instituto Trata, de Guarulhos.

Raquel Silvério - Fisioterapeuta e Diretora Clínica do Instituto Trata, a profissional possui especialização em fisioterapia músculo esquelética pela Santa Casa de São Paulo, além de formação em terapia manual ortopédica nos conceitos Maitland e Mulligan e forte experiência em tratamentos da coluna vertebral.

Carnaval: cinco dicas para curtir a folia em segurança com as crianças

Pediatra do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), fala sobre cuidados simples para evitar riscos
 

O Carnaval é uma festa popular brasileira e as crianças não ficam fora da folia. Seja nas matinês, bloquinhos, eventos em condomínios e escolas, os pequenos se divertem. E, a cada ano, chegam novidades para deixar tudo mais lúdico: spray de serpentina, espuminha, tintas coloridas para cabelo, adesivos de brilho, tatuagem para colar no corpo e assim por diante. Mamães, papais e responsáveis devem ficar atentos, porém, para checar se tudo está aprovado pelos órgãos competentes. Afinal, a segurança é inegociável. Além disso, Juliana Okuyama, pediatra do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), dá cinco dicas bem simples, mas que valem a pena serem lembradas, para que o Carnaval seja divertido e seguro.

 

1 – Na hora de escolher a fantasia, a recomendação é que seja confortável, com tecidos leves, que não venham a desencadear irritação na pele. Também é importante que a criança não consiga remover pedacinhos, como lantejoulas e similares, para colocar na boca. Nos pezinhos, calçados bem confortáveis, mas que protejam de eventuais “pisões” nos pés;

 

2 – Se a produção envolver maquiagem, esta deve ser adequada para a idade da criança, com componentes aprovados para uso infantil. Importante evitar as áreas próximas aos olhos, que são mais sensíveis;

 

3 – Com a folia, as crianças ficam empolgadas e nem sempre pedem água, então os responsáveis devem ficar atentos e ofertar, de tempos em tempos, um golinho de água, isso irá manter a hidratação. Os alimentos devem ser leves e o mais naturais possíveis, evitando aqueles de procedência duvidosa, que nem sempre podem estar em boas condições de conservação ou preparo;

 

4 - Em meio à multidão, a dica é identificar a criança com uma pulseirinha que tenha o nome e telefone do responsável, pois, caso ela se perca, será mais fácil localizá-la. Afinal, mesmo com a supervisão constante, podem se desencontrar;

 

5 – Outro ponto de atenção é o som. Neste quesito, é preciso se atentar aos limites de cada faixa etária em relação à ruído, aglomeração e tempo de permanência nesse ambiente novo.

 

Agora é só ajeitar a fantasia, escolher a programação adequada para os pequenos e vivenciar momentos de alegria e diversão, que vão ficar na memória e, claro, nos “clicks”.


Vera Cruz Hospital

 

Dica de milhões: Observe a higienização do isopor antes de consumir latinhas e garrafas de água no bloquinho.

É necessário tomar alguns cuidados para que a festa não acabe com antecedência devido a uma doença gastrointestinal

Professora de Biomedicina explica como consumir latinhas e garrafas de água com segurança

 

Apesar dos riscos de contaminação ao beber diretamente na garrafa ou lata, com cuidados básicos de higienização nada vai atrapalhar a folia.

O vai e vem dos bloquinhos já começou pelas ruas de todo País. São trios elétricos, blocos, shows, desfiles de agremiações em um universo de atrações que movimentam os amantes do carnaval. No meio da folia, dificilmente é possível correr para um bar ou restaurante para comprar garrafinhas de água ou latinhas de bebida e o jeito mais rápido e prático é recorrer aos vendedores ambulantes na hora de matar a sede. Mas é necessário tomar alguns cuidados para que a festa não acabe com antecedência devido a uma doença gastrointestinal. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria das doenças gastrointestinais é causada por Salmonella, Escherichia coli e Staphylococcus. Também há surtos provocados por virus, parasitas e, em menor proporção, por substâncias químicas.

A professora do curso de Biomedicina do Centro Universitário São Camilo, Jeane Facioli, explicou que existem riscos de contaminação ao beber diretamente na garrafa ou lata, mas com cuidados básicos de higienização nada vai atrapalhar a folia. 

Segundo ela, é fato que nem todo mundo que entra em contato com estes patógenos adoecem. “Nem sempre a presença do microrganismo irá causar doença. Isso acontece por conta da resposta imulonológica da pessoa  e por conta da carga bacteriana do produto”, afirmou.

Primeiramente o folião deve observar o gelo utilizado nos isopores dos vendedores ambulantes, que podem propagar uma variedade de micro-organismos se não forem manuseados e/ou armazenados adequadamente. A professora de Biomedicina observou que a água usada na produção do gelo deve atender aos padrões de qualidade da legislação sanitária vigente e que o próprio isopor utilizado para armazenamento das bebidas deve estar devidamente higienizado.

 “Vamos pensar que mesmo que a produção desse gelo tenha ocorrido de forma adequada, mas quando ele chegou no ponto de venda o isopor estava sujo ou rachado. É aí que aparece a fonte de contaminação”, alertou.

Ela também deu o exemplo da manipulação das bebidas por mãos não higienizadas. “Isso também é fator crítico que compromete a qualidade do gelo e, se somar ao isopor sujo e gelo feito de água clandestina, o risco é ainda maior. Além disso, tanto para quem vende como para quem compra, as recomendações básicas incluem lavar as mãos antes tocar nos alimentos e bebidas, depois de ir ao banheiro e após o manuseio de objetos sujos, entre outras situações que possam causar infecções e contaminações.

E se acontecer da sede bater no meio da multidão com sol a pino e o jeito for mesmo comprar aquela garrafinha de água supergelada no ambulante mais próximo? Passar a garrafinha ou latinha na roupa resolve?

Não. O consumo da bebida diretamente na embalagem torna o produto uma possível via de proliferação de microorganismos, trazendo riscos de contaminação e transmissão de doenças. A professora Jeane Facioli falou que é preciso observar o isopor e também a higienização por parte do vendedor ao segurar o refrigerante. Caso ele toque no local onde o consumidor põe a boca ao ingerir a bebida pode potencializar o risco do consumo na própria embalagem. Dessa forma é de grande importância a disposição de guardanapos e copos pelo vendedor ambulante, facilitando sua utilização por parte dos consumidores

Uma outra dica é que o folião tenha sempre em mão um pack de lenço desinfetante para passar na latinha. “Se não for possível, ele deve tentar não colocar a garrafa na boca e usar canudos de papel.” São cuidados simples que, se tomados, vão deixar o carnaval mais alegre e saudável.


5ml de extrato de Alecrim no combate ao mosquito da Dengue

Pesquisa do CEUB abre caminho para métodos sustentáveis de controle da proliferação do Aedes aegypti


A aplicação de 5ml (uma colher de chá) de extrato feito com 200g de Alecrim em um litro de álcool 96º pode ser uma das alternativas para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. A descoberta partiu de pesquisa orientada pela Professora Dra. Francislete Melo e realizada por Clerrane Santana, estudante de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB) - destacando o poder das plantas no combate a esse mosquito, em complemento aos inseticidas químicos convencionais. 

Os resultados do estudo foram promissores: o extrato de Alecrim (Rosmarinus officinalis), nas primeiras 12 horas, demonstrou ser um larvicida mais eficiente do que a água sanitária, com taxa de mortalidade de 85% em comparação aos 78% do controle convencional. Francislete Melo, orientadora do projeto, explica que a fitoterapia trabalha com uma mistura de componentes: "Acredita-se que a interação dessas moléculas causa o efeito desejado. Os extratos testados são ricos em compostos fenólicos, que já são conhecidos por suas propriedades larvicidas”. 

A futura bióloga Clerrane Santana destaca que a aplicação doméstica de extratos de plantas, como o alecrim, apresenta-se como uma estratégia complementar, natural e de baixo custo para o controle das larvas do mosquito. "Os resultados abrem caminho para a implementação de métodos mais sustentáveis e eficientes no combate ao Aedes aegypti, contribuindo para a redução das doenças transmitidas por esse vetor e para a preservação do meio ambiente", acrescenta Santana.

 

Processo de Pesquisa

Para o estudo do CEUB, foram utilizadas larvas de Aedes aegypti em estágio de desenvolvimento 3, que foram expostas a extratos etanólicos de alecrim. Tal extrato foi obtido por meio do método de maceração com agitação em etanol 96º. Para realizar o experimento, o ativo foi adicionado em placas de Petri, onde as larvas foram expostas ao extrato diluído em água destilada. Também foram estabelecidos grupos de controle, sendo um com apenas água destilada e outro com água sanitária comercial, conhecida por seu efeito larvicida.

 

Infecções por Aedes aegypt

O Brasil registrou 173 mortes por dengue em 2023, com média de 2 mortes por dia, de acordo com relatório epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Foram 4.231 notificações da doença, totalizando 584.113 casos prováveis de dengue em apuração. Comparado ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 41% no número de casos, com pico houve um pico significativo em março: 45.442 casos em apenas três dias.

 

Ressaca de Carnaval? Não dessa vez!

Especialista do CEJAM dá dicas para aproveitar os dias de festa sem comprometer a saúde e o bem-estar


As festividades de Carnaval trazem consigo o consumo, muitas vezes exagerado, de bebidas alcoólicas. Apesar de fazer parte da folia, no entanto, é importante lembrar que o seu consumo excessivo pode trazer consequências desagradáveis no dia seguinte, como a temida ressaca.

Para evitar que essa indisposição prejudique os dias tão aguardados de festa, é fundamental adotar algumas precauções. A primeira delas está diretamente relacionada à hidratação do corpo, a qual, sem dúvida, deve ser priorizada. 

Beber água ao longo do dia, antes da festa, já ajuda a manter o corpo hidratado e preparado. Porém, esse detalhe precisa também ser levado a sério no decorrer do evento.

“Para metabolizar e eliminar o álcool do nosso organismo, o corpo passa a utilizar água. Junto a isso, o álcool tem o efeito de bloquear um hormônio antidiurético do organismo, chamado vasopressina, o que resulta em desidratação proporcional à quantidade de álcool ingerido. Por isso, é tão importante o consumo de água”, afirma a Dra. Luciana Navarrete, Médica de Família e Comunidade da UBS Jardim São Bento, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

E é justamente essa desidratação que causa sintomas como cefaleia, boca seca, dores no corpo, entre outros, fazendo muita gente “jurar” nunca mais beber. “O ideal é consumir álcool com moderação e sempre na proporção de 1:1, ou seja, um copo de bebida alcoólica para cada copo de água”, orienta a médica.

Além disso, é essencial, ainda, garantir uma alimentação adequada antes de consumir qualquer tipo de bebida alcoólica. Em geral, é recomendável dar preferência a alimentos ricos em carboidratos, evitando frituras e excesso de carne.

"O alimento auxilia o fígado a obter energia para processar esse tipo de líquido, sendo que, nesse contexto, o carboidrato é a principal fonte energética. A ingestão de frutas cítricas pode ser benéfica, uma vez que são antioxidantes; e alimentos como as oleaginosas são recomendados por conterem vitaminas do complexo B", reforça a Dra. Luciana.

A especialista destaca também o uso de vitaminas C e E, que podem fornecer suporte adicional ao organismo durante esse período festivo de quem quer ingerir álcool. E reforça que, após o evento, o cuidado ainda precisa ser constante: “Beber água antes de dormir e continuar se hidratando no dia seguinte é indispensável para repor os líquidos perdidos e aliviar os sintomas da ressaca”.

Ao adotar essas medidas preventivas, é possível desfrutar plenamente da folia de Carnaval, minimizando os possíveis desconfortos e consequências negativas associadas ao consumo de álcool. 



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
site da instituição.


Dengue: testes que detectam antígenos e anticorpos trazem diagnóstico rápido e preciso desde os primeiros dias de infecção


Estão aumentando os casos de arboviroses - dengue, chikungunya e zika - não apenas no Brasil, mas em toda a região das Américas. O número de casos de dengue no Brasil pode chegar a 5 milhões, em 2024, segundo estimativa do Ministério da Saúde

“O Brasil tem sido vítima de uma série adicional de infecções causadas por vírus que nos são transmitidos pela picada de mosquitos. É importante que a população afetada saiba que os laboratórios de Patologia Clínica e a indústria do setor possuem hoje uma série de testes capazes de identificar qual vírus está infectando a pessoa e de forma mais rápida. Assim, auxiliam no tratamento dos pacientes, com a escolha certa do tratamento e contribuem para o registro de casos, ampliando -se o conhecimento da epidemiologia das doenças e consequentemente, a melhor forma de prevenção”, pontua o médico Dr. Celso Granato, infectologista pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e especialista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

Sintomaticamente, as infecções agudas por zika, dengue e chikungunya são muito semelhantes e não é confiável o diagnóstico destas doenças apenas pelo quadro clínico. “É necessário fazer exames etiológicos, em particular, a RT-PCR na fase aguda da doença ou através da detecção do antígeno viral, no caso da dengue’,
explica João Renato Rebello Pinho, coordenador médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

Normalmente, os testes existentes detectavam a presença do vírus no organismo a partir do 4ª dia de sintoma, quando apareciam os anticorpos, substâncias produzidas pelo próprio organismo para combater a infecção. Mas os testes de antígenos disponíveis hoje conseguem o diagnóstico muitas vezes a partir do primeiro dia da
infecção, por conta de glicoproteínas que estão sendo utilizadas para a replicação dos vírus e já podem ser encontradas com antecedência no sangue. Já os testes de PCR são os mais precisos, mas por serem mais caros, nem sempre são a primeira opção.

Em menor ou maior escala estão disponíveis à disposição dos clínicos e da população, os seguintes testes:

- Febre amarela - sorologia (IgG e IgM) e teste molecular (PCR) - está disponível na maior parte das regiões em laboratórios públicos de referência, mas em alguns estados em laboratórios privados;

- Dengue - Teste para antígeno viral NS1 (antes do 5º dia) e sorologia IgG / IgM (após o 6º dia de sintomas). O teste molecular - RT PCR detecta o RNA viral e caracteriza a presença dos quatro tipos do vírus (1, 2, 3 e 4) no período sintomático da infecção até o 5º dia. A detecção do RNA viral geralmente precede à produção de anticorpos específicos, e mesmo à detecção do antígeno NS1. É o único exame que identifica o vírus e que não sofre alteração caso o paciente tenha tido alguma infecção anterior por outro sorotipo. É importante fazer uma leitura precisa do resultado, já que o RNA viral pode se tornar negativo após alguns dias de sintoma. Portanto, o RT PCR não é em geral o exame de primeira escolha para casos com mais de uma semana de sintomas;

- Chikungunya - O teste molecular RT PCR pode ser realizado a partir do primeiro dia da doença e permanece positivo nos primeiros oito dias da doença. A sorologia IgG/IgM deve ser realizada a partir do 4º dia do início dos sintomas;

- Zika -Teste molecular - em amostras de sangue (1º e 5º dia) e urina (1º e 8º dia) do início dos sintomas, após este período por sorologia IgM e IgG.
 

Os testes moleculares do tipo RT PCR são mais diretos e evitam o “falso-positivo” dos testes rápidos (Imunocromotografia), além de não sofrerem reações cruzadas com outros vírus da mesma família. "Existem exames de RT-PCR que fazem a detecção destes três agentes de uma só vez que podem ser uma boa opção para casos em que não haja nenhuma suspeita epidemiológica, ou seja, não há muitos casos de um mesmo tipo de infecção na região e não fica uma “dica” da possível infecção”, finaliza o coordenador médico e associado da SBPC/ML, dr. João Renato Rebello Pinho. 


SBPC/ML - A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial


Como vai o seu assoalho pélvico?


O assoalho pélvico é uma estrutura de músculos, ligamentos e tecidos no organismo feminino, que suporta os órgãos pélvicos, como a bexiga, o útero e o reto. Manter esse conjunto de músculos saudável é fundamental para funções como controle da bexiga, do intestino, e suporte dos órgãos internos. 

A saúde do assoalho pélvico é, portanto, essencial para o bem-estar e a qualidade de vida, explica o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP. 

“É possível prevenir problemas nesta região. Os chamados Exercícios de Kegel consistem em contrair e relaxar os músculos do assoalho pélvico para fortalecê-los e melhorar o controle urinário”. 

Outra medida importante para diversos fins e também para este é manter um peso saudável, visto que o excesso de peso pode sobrecarregar o assoalho pélvico, contribuindo para problemas como incontinência urinária e prolapso de órgãos pélvicos.

Até mesmo o tabagismo está relacionado à saúde do assoalho pélvico, destaca o Dr. Alexandre. 

“Fumar pode aumentar o risco de tosse crônica, exercendo pressão excessiva sobre esta região, desencadeando problemas”.

Por fim, evite posturas que coloquem pressão excessiva sobre o assoalho pélvico, como ficar muito tempo em pé ou levantar objetos pesados de maneira inadequada.

 

Principais Problemas 

·     Incontinência Urinária: perda involuntária de urina ao tossir, espirrar, rir, durante atividades físicas ou mesmo pequenos esforços 

·     Prolapso de Órgãos Pélvicos: ocorre quando órgãos como o útero, bexiga ou reto se deslocam de suas posições normais pressionando a parede vaginal 

·     Disfunção Sexual: dor durante o sexo, dificuldade de alcançar o orgasmo e diminuição da libido podem estar relacionados à saúde do assoalho pélvico

 

Sintomas 

O Dr. Alexandre orienta que, em caso de urgência urinária, dificuldade em esvaziar a bexiga completamente, sensação de peso ou pressão na região pélvica, dor durante o sexo, vazamento de urina ao tossir, espirrar ou levantar objetos, é importante procurar um médico. 

“Em qualquer idade ou condição, estes sintomas não são normais e devem ser avaliados por um especialista”.

 

Tratamento 

Existem diversas maneiras de tratar os problemas relacionados ao assoalho pélvico e somente um médico especialista, após avaliação, poderá indicar a conduta mais indicada para cada caso.

Entre as opções, podem ser indicados: 

·     Mudanças no estilo de vida: perda de peso, parar de fumar e evitar atividades que coloquem pressão excessiva sobre o assoalho pélvico poderão ser indicados isoladamente ou combinados a outras formas de tratamento 

·     Fisioterapia: exercícios de fortalecimento e relaxamento do assoalho pélvico podem trazer melhora no controle muscular 

·     Medicamentos: podem ser prescritos para fortalecer os músculos da bexiga, em caso de incontinência urinária 

·     Estimulação elétrica: pode ser usada para fortalecer os músculos do assoalho pélvico 

·     Cirurgia: nos casos mais graves de prolapso de órgãos pélvicos, a cirurgia pode ser necessária para reparar e realinhar os órgãos afetados

 

Cirurgia Vaginal

No caso da necessidade de cirurgia, uma das opções é a cirurgia vaginal, que é considerada minimamente invasiva por utilizar um orifício natural do corpo da mulher: a vagina. Por este meio, o Dr. Alexandre destaca que é possível acessar o assoalho pélvico e realizar a correção necessária.

“Entre as diversas vantagens desta modalidade estão a pronta recuperação, pelo fato de haver manipulação mínima na cavidade pélvica e, ao final, não deixar cicatriz aparente”, finaliza o especialista.


Fevereiro Laranja: leucemia ocupa décima posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil

 

 Especialista alerta para identificação precoce da doença

 

A leucemia é um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil. Sem considerar os tumores de pele não-melanoma, ele ocupa a décima posição entre os mais frequentes, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Além disso, o Instituto prevê 11.540 novos casos de leucemia por ano até 2025.  

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento e cura da leucemia. E é exatamente por isso que a campanha Fevereiro Laranja faz um alerta para a conscientização sobre a doença e importância da doação de medula óssea para o tratamento do câncer. 

A leucemia afeta as células sanguíneas, principalmente os glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo contra infecções. Andréia Moraes, hematologista da Pró-Saúde, explica as consequências da doença. 

"Como a leucemia afeta a produção de células sanguíneas, o indivíduo pode apresentar anemia, sangramentos e hematomas, devido a diminuição de glóbulos vermelhos ou interferência na produção de plaquetas", alerta a profissional. 

“Com isso, os principais sintomas são fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, fraqueza, palidez, sangramentos na gengiva, manchas roxas na pele e infecções frequentes”, completa.

 

Tipos de leucemia 

Existem diferentes tipos de leucemia, que são classificados de acordo com o tipo de célula acometida e a maturidade dessas células. Dentre os principais estão: 

Leucemia Linfoide Aguda: mais comum em crianças, apresenta células jovens do tipo linfoide;

Leucemia Linfoide Crônica: comum entre adultos, principalmente a partir dos 50 anos, seu desenvolvimento é lento, e com predomínio de linfócitos maduros. • Leucemia Mieloide Aguda: mais frequente em adultos, apresentando células imaturas do tipo mieloide;

Leucemia Mieloide Crônica: apresenta células mieloides com vários níveis de maturação.   

Andréia explica que toda célula passa por um processo de amadurecimento que acontece dentro da medula óssea e cada uma apresenta um desenvolvimento diferente no organismo. 

"Nas leucemias agudas, observa-se a presença de glóbulos brancos que não amadurecem, manifestando um crescimento rápido. Enquanto nas leucemias crônicas, apesar de se multiplicarem mais rápido e serem prejudiciais, têm seu desenvolvimento mais lento", esclarece.

 

Como ser um doador de medula óssea 

Para se tornar um doador voluntário de medula óssea e ajudar na cura de pacientes com leucemia, é preciso ir ao Hemocentro, realizar um cadastro no REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) e coletar uma amostra de sangue. Além disso, é preciso ter entre 18 e 35 anos, e não ser diagnosticado com nenhuma doença impeditiva, como hepatite, Aids/HIV e outras doenças autoimunes.


Uso de cigarro eletrônico aumenta em 1,79 a probabilidade de infarto, afirma SBC em posicionamento

Uso destes dispositivos também amplia incidência de aterosclerose. Documento aponta10 razões para manter a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil

 

Quase 3 milhões de brasileiros fazem uso regular de dispositivos eletrônicos para fumar (DFEs), popularmente conhecidos como vapes. E, o consumo regular, de acordo com estudos observados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aumenta em 1,79 vez a probabilidade de infarto do miocárdio. 

Ainda de acordo com estudos analisados pela SBC, os DEFs também impactam na incidência de aterosclerose em seus usuários, já que os vários componentes químicos, como nicotina, propilenoglicol, partículas, metais pesados e aromatizantes que estão presentes nos cigarros eletrônicos induzem aterosclerose, condição que pode ampliar significativamente a ocorrência de doenças como o Acidente Vascular Cerebral. 

Mesmo que a venda e a comercialização destes ¹produtos sejam proibidas no país desde 2009, estes dispositivos são encontrados facilmente no mercado paralelo que impacta, em especial, o público jovem.

Atenta ao impacto do uso dos cigarros eletrônicos para a saúde pública, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma consulta pública com o objetivo de estimular a sociedade civil a opinar sobre a manutenção da proibição dos DFEs. 

Após 4 meses e mais de 7 mil manifestações de participantes, a discussão proposta pela consulta pública se encerra nesta próxima sexta-feira, 09 de fevereiro. 

Em linha com a sua missão primordial que é atuar pela excelência no cuidado cardiovascular no país, a SBC publicou, no último dia 02 de fevereiro, um posicionamento consistente em defesa da permanência da proibição dos DEFs no Brasil. 

O posicionamento também destaca que estudos já demonstraram que o custo para tratar diversas doenças crônicas decorrentes do tabagismo, no âmbito do SUS, somou 23,37 bilhões de reais em 2011, valor equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto e quatro vezes o montante dos impostos federais arrecadados do setor tabaco naquele ano. 

Ampliando o debate sobre o consumo destes dispositivos, o posicionamento da SBC demonstra, por meio de evidências científicas, que os cigarros eletrônicos não servem como via alternativa e menos prejudicial à saúde para dependentes de nicotina. 

“A alegação apresentada pela indústria do tabaco de que os DEFs são uma alternativa de menor risco à saúde para substituir os cigarros convencionais não são comprovadas por evidências científicas. Pelo contrário, estudos indicaram que jovens que fazem uso de cigarros eletrônicos têm menor propensão a cessar o tabagismo. Além disso, adultos fumantes que recorrem aos DEFs ou vapes exibem uma notável inclinação para a dupla utilização, que envolve cigarros tanto eletrônicos quanto regulares, o que aumenta os riscos à saúde”, afirma o documento assinado por membros da Sociedade Brasileira de Cardiologia, entre eles, Jaqueline Scholz, cardiologista referência no país quando o assunto é antitabagismo. 

O posicionamento da SBC indica, ainda, que diversas pesquisas demonstram uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos e o incremento no risco cardiovascular. “A presença de nicotina nos dispositivos está vinculada a aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo”, pontua o documento.
 

Confira na íntegra as dez 10 razões elencadas pela SBC:

Link 

 

1. Evidências insuficientes de redução de danos entre fumantes 

A alegação apresentada pela indústria do tabaco de que os DEFs são uma alternativa de menor risco à saúde para substituir os cigarros convencionais carece de confirmação. Pelo contrário, estudos indicaram que jovens que fazem uso de cigarros eletrônicos têm menor propensão a cessar o tabagismo. Além disso, adultos fumantes que recorrem aos DEFs ou vapes exibem uma notável inclinação para a dupla utilização, que envolve cigarros tanto eletrônicos quanto regulares, o que aumenta os riscos à saúde. Embora o uso dual tenha sido comum nas primeiras versões dos DEFs, observa-se um crescente número de usuários exclusivos dos DEFs nas versões atuais que utilizam nicotina em freebase e sal de nicotina. Além disso, a nicotina foi identificada em usuários exclusivos de DEFs. A ausência de estudos suficientes que sustentem a tese do menor risco à saúde é relevante e contraposta por estudos clínicos e observacionais que sugerem impactos significativos na saúde dos usuários.

 

2. O cigarro eletrônico não tem combustão, mas existem outros produtos distintos daqueles do cigarro convencional, muitos dos quais com efeitos desconhecidos na saúde humana16  

Embora haja variações nos vapes, o produto consiste em quatro partes principais: um reservatório, um dispositivo de aquecimento, uma bateria de lítio e um bocal. No reservatório, são alojados a nicotina e, por vezes, os aromatizantes, os solventes e outros componentes químicos. A presença de solventes e aditivos, aquecidos durante o funcionamento do dispositivo, pode originar componentes tóxicos provenientes tanto dos próprios DEFs quanto de seus líquidos.

Os refis e os frascos de nicotina líquida de DEFs não descartáveis representam um potencial risco de intoxicação, especialmente por ingestão acidental, absorção pela mucosa oral ou contato com a pele em caso de vazamento. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) registraram um significativo aumento nas chamadas para os centros de intoxicação relacionadas aos casos de envenenamento pelo líquido dos DEFs, sendo registrado até óbito em criança por ingestão acidental dos e-líquidos. Além disso, o descarte desses elementos representa uma séria ameaça ambiental. A quantidade de dispositivos descartados no ano de 2022 acendeu alerta das autoridades sanitárias no Reino Unido e outros países da Europa, muitos dos quais pensam em banir os dispositivos descartáveis de uso único. Eles geram toneladas de lixo eletrônico com lítio e cobre presentes nas baterias e resíduos dos e-líquidos, sendo esse conjunto de elementos considerado lixo tóxico. Adicionalmente existem também incidentes relacionados a explosões dos dispositivos.

Desde 2019, tanto os CDC quanto o Food and Drug Administration (FDA) têm registrado um aumento nos casos de lesão pulmonar aguda grave associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vapes. Essa séria condição é identificada como EVALI (do inglês, e-cigarette or vaping product use-associated lung injury).

A maioria dos pacientes diagnosticados com EVALI necessitou de hospitalização, sendo que muitos receberam cuidados intensivos e suporte respiratório. Notavelmente, 2,3% dos casos resultaram em óbito. O acetato de vitamina E, um aditivo ocasionalmente utilizado em produtos contendo tetra-hidrocanabinol (THC), está significativamente associado ao surto de EVALI. No entanto, as evidências disponíveis não são suficientes para descartar a contribuição de outros produtos químicos preocupantes.

 

3. Vape um novo fator de risco para as doenças cardiovasculares 

Diversas pesquisas indicam uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos e o incremento no risco cardiovascular. A presença de nicotina nos dispositivos está vinculada a aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo. Além disso, o consumo regular de DEFs está associado a inflamação, disfunção endotelial, lesões vasculares e desenvolvimento de aterosclerose.

Não apenas isso, os cigarros eletrônicos também demonstram uma relação com o aumento da probabilidade de ocorrência de infarto do miocárdio. Indivíduos que fazem uso habitual desses dispositivos apresentam uma probabilidade 1,79 vez maior de sofrer um infarto em comparação com não fumantes, conforme evidenciado em estudos.

 

4. Prejuízos à saúde populacional 

A comercialização e o consumo de DEFs representam uma questão de saúde pública devido ao impacto que exercem tanto sobre fumantes quanto não fumantes. Pesquisa aponta que os usuários de cigarros eletrônicos apresentam uma menor probabilidade de cessar o tabagismo de maneira voluntária, devido à significativa capacidade desses dispositivos em induzir dependência de nicotina.

É crucial salientar a existência de usuários de DEFs que fazem uso simultâneo de cigarros convencionais, o que pode acarretar um aumento substancial no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Adicionalmente, a relação entre a diminuição do número de cigarros consumidos e a redução do risco à saúde não segue uma trajetória linear. Mesmo exposições a níveis reduzidos podem desencadear doenças cardiovasculares. Um estudo de caso mediu biomarcadores na urina, na saliva e no cabelo de uma família consistindo de uma gestante não fumante, seu cônjuge usuário de cigarro eletrônico e um filho do casal de 3 anos de idade. Foram identificadas elevadas concentrações de cotinina (metabólito da nicotina) e níveis significativos de metais como alumínio (associado ao enfisema pulmonar), cromo (relacionado ao câncer de pulmão), níquel (associado ao câncer de pulmão e seio nasal) e cobre (causador de danos ao fígado, rins e pulmões). No leite materno de usuárias, foram detectadas concentrações elevadas de glicerol, responsável por danos pulmonares e cardiovasculares, além de cotinina em níveis altos, assemelhando-se ao efeito da exposição do bebê ao cigarro eletrônico.

 

5. Descumprimento das obrigações internacionais pelo Brasil 

A introdução de novos DEFs tem conferido à indústria um espaço renovado nas discussões. A Associação da Indústria do Tabaco do Brasil já manifestou seu apoio à regulamentação, reconhecendo que a entrada de novos dispositivos no mercado é de seu interesse econômico, mesmo quando sujeitos a regulações.

É fundamental recordar que o Brasil, na qualidade de signatário da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde (CQCT-OMS), está compelido, conforme disposto no artigo 5.3, a desenvolver políticas públicas de controle do tabaco resguardadas contra influências comerciais da indústria. A narrativa que a indústria está construindo, sugerindo uma busca pela redução de danos, não é uma novidade, bastando recordar os cigarros ‘light’, supostamente causadores de menos danos. Isso constitui meramente uma estratégia da indústria para assegurar sua permanência no mercado. 

Portanto, é imperativo que o governo brasileiro esteja atento ao cumprimento de suas responsabilidades internacionais quanto ao controle do tabaco e não adote uma postura leniente em relação a essa prática.

 

6. Desafios para o cumprimento de medidas de regulação 

A promulgação da Lei Antifumo no Brasil gerou significativas mudanças culturais, em especial no que se refere aos ambientes isentos de tabaco, os quais, atualmente, são respeitados por uma parcela considerável da população brasileira. O fumo em locais como aviões, restaurantes e outros espaços coletivos fechados não é mais socialmente aceito. Não obstante, é crucial compreender que a existência da Lei Antifumo representa um caminho a ser percorrido, mas não constitui uma solução integral.

O Brasil enfrenta desafios decorrentes da escassez de recursos e da falta de uma fiscalização efetiva. No presente momento, a fiscalização dos DEFs (vapes) é relativamente simples, uma vez que todos os produtos dessa natureza são proibidos. Contudo, com a eventual introdução oficial de novos produtos no mercado, a regulamentação do comércio legal e o combate à falsificação, ao descaminho e ao contrabando tornar-se-ão tão ou mais complexos do que os associados ao cigarro convencional. Além disso, é necessário promover uma mudança cultural, em especial em relação ao cigarro eletrônico, que, atualmente, contraria as conquistas alcançadas no contexto do tabaco tradicional.

O Brasil tem desempenhado um papel exemplar na luta contra o tabagismo em âmbito global e as décadas de esforços resultaram em uma clara redução no consumo de tabaco, proporcionando benefícios evidentes para os indivíduos e a sociedade em geral. A proibição dos cigarros eletrônicos mantém a coerência de uma política voltada para preservar a saúde em nível tanto individual quanto coletivo.

 

7. Recursos para controle do tabaco em risco 

A regulamentação dos novos produtos implicaria um ônus adicional para o orçamento da saúde, que já enfrenta restrições significativas devido a diversas prioridades. Esse desafio abrange não apenas recursos financeiros, mas também humanos, que atualmente se mostram insuficientes para supervisionar tanto o uso quanto a comercialização do cigarro convencional, bem como para desenvolver políticas eficazes de cessação do tabagismo no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, a atenção primária e a atenção especializada enfrentam o desafio do tratamento de todas as enfermidades associadas ao consumo de produtos fumígenos, o que sobrecarrega as filas de atendimento. Considerando a insuficiência de recursos na saúde para tratar o tabagismo e suas ramificações, seria um equívoco permitir a circulação de outro produto tão prejudicial, o que certamente acarretaria um aumento nos custos com saúde no país. Um estudo conduzido em 2011 no Brasil concluiu que o custo para tratar diversas doenças crônicas decorrentes do tabagismo, no âmbito do SUS, totalizou 23,37 bilhões de reais, equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto e quatro vezes o montante dos impostos federais arrecadados do setor tabaco naquele ano܂Esse custo tende a aumentar com a expansão do consumo de vapes. Como a maioria dos usuários é jovem, o que favorece o apelo da indústria por uma falsa percepção de segurança, estudos de curto prazo reafirmam os efeitos agudos cardiovasculares, pulmonares e cerebrovasculares e o fardo sobre o sistema de saúde certamente virá em algumas décadas. A cessação do tabagismo, inquestionavelmente, representa a estratégia mais custo-efetiva e o Brasil dispõe de um programa de tratamento eficaz, gratuito e acessível para a interrupção do tabagismo.

 

8. Diferença econômica e riscos associados na comparação entre Brasil e outros países 

Comumente, a indústria dos DEFs cita países em que a comercialização do produto é liberada com o objetivo de obter sua liberação no Brasil, como um exemplo a ser seguido. Contudo, mesmo em nações com um aparato legal e regulatório mais robusto, como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia e França, as legislações referentes aos cigarros eletrônicos estão sendo revisadas devido ao expressivo aumento no uso de vapes entre jovens, crianças e adolescentes, com incidência em escolas de ensino fundamental. Portanto, é imprudente que o Brasil presuma que, sem as condições adequadas para garantir a aplicação integral da Lei Antifumo, seria capaz de controlar o consumo desenfreado de DEFs, expondo a população jovem aos comprovados malefícios desses produtos.

A indústria do tabaco está realizando investimentos substanciais na produção de vapes, transformando-os em um lucrativo empreendimento para as empresas internacionais do setor, que atualmente totalizam 466 marcas no mercado. Além disso, o produto vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo, oferecendo capacidade de maior oferta volumétrica dos e-líquidos nos tanques, maior concentração de nicotina e redução nos preços, favorecendo ainda mais o consumo e a adição.

 

9. Proliferação dos DEFs entre jovens e não fumantes 

Apesar da exposição ilegal, os adolescentes continuam a ser altamente suscetíveis aos DEFs. A Global Youth Tobacco Survey evidencia um aumento epidêmico no consumo de cigarros eletrônicos, que chega a ser três vezes superior entre adolescentes na mesma faixa etária considerando países em que a comercialização é permitida em comparação a países com o banimento da comercialização, como Brasil e Tailândia. 

A Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e abrangendo 159.245 estudantes brasileiros, revela que a experimentação de cigarro eletrônico em algum momento da vida entre escolares de 13 a 17 anos atingiu 16,8% (IC95% 16,2-17,4), sendo que 3,6% (IC95% 3,3-4,0) utilizaram nos últimos 30 dias.

Vale ressaltar que o uso de qualquer produto relacionado ao tabaco, englobando cigarros convencionais, vapes e outros, aumentou de 9% em 2015 para 12% em 2019 entre adolescentes. Portanto, após duas décadas de declínio, a tendência entre adolescentes está se revertendo, influenciada pelo uso de produtos como vapes e narguilé, conforme evidenciado pela Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares.

Segundo a pesquisa Covitel 2023, um em cada quatro jovens entre 18 e 24 anos já experimentou cigarros eletrônicos, sendo seu uso 40 vezes mais comum na população abaixo dos 40 anos, mesmo com a venda proibida no país. Entre os usuários de cigarros eletrônicos de 15 a 24 anos, 63% nunca experimentaram cigarro convencional, indicando que os DEFs têm se tornado a forma de iniciação ao fumo na juventude. 

Mesmo sob regulamentação, a permissão da venda de DEFs apenas ampliaria as oportunidades de seu consumo entre os jovens, uma vez que o acesso seria facilitado. Além disso, essa regulamentação promoveria a falsa ilusão de um produto menos nocivo. O amplo comércio, aliado à limitada capacidade de fiscalização, poderia proporcionar aos menores de idade mais chances de iniciar ou manter seu vício desde cedo, evidenciando os riscos associados à liberação do consumo de DEFs no país.

 

10. Princípio da precaução 

Diante das evidências disponíveis, considerando a natureza dos riscos vinculados ao uso dos novos DEFs, seu elevado potencial para adição e a incapacidade de implementação eficaz de medidas fiscalizatórias, bem como a falta de recursos destinados a tratar as consequências do consumo desses novos produtos, torna-se imperativo manter sua proibição no Brasil. Isso visa prevenir uma potencial nova epidemia de consumo de vapes ou agravamento da atual.


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