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Foto por gerain0812 em freepik |
A doença, que pode
ser fatal para humanos e cães, tem ocupado espaço relevante nos noticiários
nacionais nos últimos meses
A Leishmaniose é uma zoonose que acomete cães e
seres humanos. Causada por protozoários do gênero Leishmania, a
doença é endêmica em todo o mundo e, de acordo com o Ministério da Saúde e
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), de todos os casos humanos
registrados na América Latina, cerca de 90% ocorrem no Brasil.
Raposas silvestres e marsupiais são os principais
reservatórios do protozoário e não são acometidos pela doença, mas o papel dos
cães no ciclo da LV é muito relevante, visto que eles atuam como reservatórios
importantes na transmissão da enfermidade para os humanos, especialmente nas
áreas urbanizadas.
“Muitas pessoas acreditam que os transmissores da
Leishmaniose Visceral (LV) são os cães, mas na verdade eles são tão vítimas
quanto os humanos”, explica a médica-veterinária Nathalia Fleming, gerente de
produtos pet da Ceva Saúde Animal. “Quem transmite o protozoário é o mosquito
flebotomíneo, também conhecido como mosquito palha. Quando o mosquito pica um
animal infectado e suga o seu sangue, a larva da Leishmania se
abriga no tubo digestório do mosquito, onde ocorre parte do ciclo biológico da Leishmania
até a formação da sua forma infectante. Depois deste período de maturação da
larva, quando o mosquito pica um cachorro, humano ou animal sadio, ele
transmite a Leishmania e dá início a um novo ciclo da doença”.
Nos últimos tempos, foi possível observar o aumento
considerável do número de casos de Leishmaniose Visceral no território
nacional, e a falta de informação correta dificulta a implementação de medidas
preventivas mais eficazes e instiga ações inadequadas, como o abandono e a
eutanásia de cães nos locais em que a doença é diagnosticada. Diante deste
quadro, a médica-veterinária reforça a importância em debater os mitos e
verdades que circundam a doença:
- Só quem vive em regiões
endêmicas deve se preocupar com a doença.
MITO! A transmissão da leishmaniose visceral canina já foi confirmada em 25
das 27 unidades federativas do Brasil. Não morar em uma região endêmica não
significa estar fora de risco, afinal, os cães podem viajar para uma área
afetada e se infectar no local. Por isso, a prevenção contra a Leishmaniose Visceral
Canina por meio da vacinação e do uso de produtos repelentes tópicos é sempre
indicada.
- Não existe vacina contra
Leishmaniose Visceral para os humanos.
VERDADE! Até o momento não existe uma vacina eficaz e aprovada pelo Ministério
da Saúde para ser utilizada em humanos como prevenção da LV. No entanto, é
possível e recomendado vacinar os cães contra a doença para reduzir as chances
de que ele se torne um reservatório da Leishmania.
- A proteção desenvolvida no animal vacinado é baixa.
MITO! A proteção da vacina contra Leishmaniose Visceral Canina é individual e
fica em torno de 92 a 96% no animal vacinado. A vacina age estimulando o
sistema imune contra o protozoário Leishmania, para que ele se defenda e
dificulte a proliferação do parasita, apresentando menor carga parasitária e
poucos sintomas da doença caso seja infectado pelo mosquito-palha.
- A vacina é perigosa e causa
muita reação nos cães.
MITO! Como qualquer vacina, alguns cães podem ser mais sensíveis devido à
uma resposta imunológica individual. Animais vacinados podem apresentar uma
reação inflamatória no local da vacinação, o que pode causar dor, apatia,
diminuição do apetite, e até febre, de maneira semelhante ao que ocorre em
crianças vacinadas, por exemplo. Raramente, pode ocorrer quadro alérgico e/ou
anafilático, conforme predisposição individual, o que também pode acontecer com
a utilização de outros fármacos ou biológicos.
- A vacina não impede a
infecção no cão.
VERDADE! A infecção acontece pela picada do mosquito-palha infectado e, por
isso, o que ajuda a prevenir a infecção é o uso de produto repelente, que
impede a ação do mosquito. A vacina contra leishmaniose visceral canina visa
estimular a imunidade do cão contra o protozoário Leishmania caso o
cão seja picado por um mosquito-palha infectado. É importante utilizar as duas
abordagens como forma a prevenção, método repelente associado à vacinação, pois
dessa maneira será feita uma barreira dupla de proteção para o animal.
- Antes de vacinar o pet, é
importante fazer um teste sorológico para a doença.
VERDADE! O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exige a
realização do exame antes do início da imunização do animal contra a
Leishmaniose. Pela lei, apenas os animais assintomáticos e com a sorologia
negativa devem ser vacinados.
- A vacina faz a sorologia do
cão ficar positiva.
MITO! A proteção promovida pela vacina é a proteção de resposta celular,
induzindo a produção de anticorpos Anti-A1, diferente do que é detectado nas
sorologias licenciadas pelo MAPA para o diagnóstico da doença.
- Animais positivos precisam
ser eutanasiados.
MITO! Há muitos anos esta foi uma verdade, mas não é a realidade atual. A
eutanásia não é mais mandatória e hoje preconiza-se o tratamento para reduzir a
carga parasitária nos animais junto da adoção constante de repelente tópico
para manter mosquitos afastados. Melhorar a limpeza dos ambientes em que o pet
convive, evitando o acúmulo de matérias orgânicas como restos de comida, frutos
apodrecidos, vegetais em decomposição e fezes de animais, é mais eficiente pois
previne a multiplicação do mosquito-palha que é o real vilão desta história.
- Não existe cura para os
cães.
VERDADE! A até o momento não há comprovação de cura parasitológica para a
Leishmaniose Visceral Canina, mas as medicações disponíveis atualmente no
mercado ajudam a diminuir o número de parasitas circulantes no organismo, o que
pode amenizar as manifestações clínicas da doença e melhorar a qualidade de
vida do pet. Apesar disso, o acompanhamento rotineiro com médico-veterinário
para o controle da parasitemia e dos sintomas da doença será para o resto da
vida do animal.
- Leishmaniose Visceral em
humanos tem cura.
VERDADE! Apesar de ser uma doença grave, a LV tem tratamento e cura para os
humanos, e os medicamentos estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A
doença nos humanos, assim como nos cães, é de comunicação compulsória ao
serviço social de saúde.
“A Leishmaniose Visceral é considerada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das doenças mais negligenciadas do
mundo todo. Atuar diretamente contra a LV também inclui informar melhor a
população sobre como a doença ocorre, assim como as ferramentas disponíveis
para combater e reduzir os seus efeitos na sociedade”, Nathalia finaliza.
Ceva Saúde Animal
www.ceva.com.br