5 programas que
falam sobre o tema para assistir no fim de semana
Mais de três mil pessoas morreram no dia 11 de
setembro de 2001, quando ataques coordenados atingiram as torres do World Trade
Center, em plena Nova York, e o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos, em Arlington, Virginia. Além desses dois alvos, um avião de
passageiros também acabou caindo na Pensilvânia. Assumidos mais tarde pela
al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica, os atentados daquele dia
mudaram a história da sociedade contemporânea e foram o prelúdio do que ficou
conhecido como a “Guerra ao Terror”. Vinte anos depois, a retomada do
Afeganistão pelo Taliban, um dos apoiadores da al-Qaeda, traz de volta um
questionamento: o mundo ocidental realmente foi capaz de vencer essa guerra?
Para tentar responder essa e outras perguntas, uma boa dica é assistir debates
recentes, documentários e programas especiais.
Para o professor de Geopolítica e Negócios
Internacionais e coordenador do curso de Comércio Exterior da Universidade
Positivo, João Alfredo Lopes Nyegray, o combate ao terrorismo não funcionou.
“Atacar alvos supostamente terroristas não é a solução. Se invadir o Iraque, o
Afeganistão ou tomar parte no conflito da Síria nos ensinou algo, é que nunca
podemos ter certeza se um grupo terrorista foi ou não eliminado”, afirma. Dado como
derrotado pelos Estados Unidos, o Taliban voltou a assumir o comando do governo
afegão antes mesmo da retirada completa das tropas americanas do país. O
cenário parece ser ainda mais aterrador que antes, e, transcorridas duas
décadas de ocupação, o grupo, inclusive, apoderou-se de armamento bélico das
tropas estadunidenses. “Os Estados Unidos tentaram reconstruir algumas partes
do país, com investimentos que somam mais de US$ 1 trilhão, também nas áreas
militar e energética. Enquanto isso, o Taliban, que nunca foi definitivamente
vencido, engrossava suas próprias fileiras. O grupo hoje está em melhores
condições de equipamentos do que estava há 20 anos”, acrescenta.
Em seu artigo chamado ‘September
12 thinking’: the missing histories of counterterrorism (em tradução livre,
“Pensamentos de 12 de Setembro”: as histórias perdidas do contraterrorismo), o
especialista em segurança e inteligência e professor sênior do Departamento de
Estudos Americanos e Canadenses da Universidade de Birmingham, Dr. Steve
Hewitt, analisa os esforços de luta contra o terrorismo após os ataques da
al-Qaeda em 2001. “Assim como o terrorismo, o contraterrorismo não é apenas um
fenômeno dos dias atuais. Ele tem uma história tão longa quanto a do
terrorismo. Seja nos métodos de contraterrorismo, na dificuldade de encontrar
um equilíbrio entre liberdades civis, direitos humanos e segurança ou na definição
da ameaça que precisa ser combatida, os problemas do século XXI são, em geral,
reemergentes, e não inéditos”. Hewitt é autor de uma série de livros sobre o
tema, entre eles “The British War on Terror: Terrorism and Counter-Terrorism on
the Home Front Since 9/11” (A Guerra Britânica ao Terror: Terrorismo e
Contraterrorismo na Frente Doméstica desde 11/09, em tradução livre), de 2007.
A partir da década de 1950, organizações como o
Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) e o Pátria Basca e
Liberdade (ETA, na sigla em basco) se tornaram muito conhecidas por promover
ataques terroristas em países da Europa. Ambos buscavam a separação de seus
territórios. Mas, embora o terrorismo não seja uma invenção da al-Qaeda, do
Taliban ou de qualquer grupo extremista do Oriente Médio, com eles a prática
tomou proporções muito maiores. O ETA, por exemplo, é associado a pouco mais de
800 mortes ao longo de toda a sua história (entre 1959 e 2018). Por sua vez, os
atentados de 11 de setembro, sozinhos, mataram três vezes mais. E deram origem
a uma onda de outros atentados, promovidos por outros grupos armados, tanto nos
países do Oriente Médio quanto na Europa.
Aquela terça-feira de 2001 também foi histórica
porque, pela primeira vez, um ataque terrorista foi transmitido ao vivo pela
televisão. Quando o primeiro avião colidiu contra a Torre Norte do World Trade
Center, às 8h46 daquela manhã (horário local), emissoras de TV imediatamente
enviaram equipes para o local. Pessoas comuns que tinham à mão filmadoras
também sacaram seus equipamentos e começaram a filmar. E foi assim que, quase
20 minutos mais tarde, os olhos do mundo todo puderam acompanhar o segundo
avião se chocando contra a Torre Sul do mesmo edifício, espalhando estilhaços
por todo o perímetro e causando o impacto emocional que nenhum ataque anterior
tinha sido capaz de causar. “Uma das grandes questões sobre 11 de setembro é
que vimos aquilo ao vivo. Vimos os aviões atingindo as torres, as pessoas
desesperadas se jogando dos andares mais elevados, o desabamento final do
prédio. Foi, antes de mais nada, algo com intenso valor simbólico”, destaca
Nyegray. Ele lembra que o WTC era um dos cartões-postais americanos. Além
disso, a última vez em que os Estados Unidos tinham sido atacados em seu
território foi 60 anos antes, em Pearl Harbor, ainda durante a Segunda Guerra.
A mídia gerada por essa soma de fatores tornou o 11/09 um marco para toda a
história mundial. “Desde então, a sensação de segurança no mundo diminuiu.
Nunca saberemos onde será o próximo ataque”, completa o especialista.
No entanto, mesmo com toda essa repercussão, há um
grande número de pessoas que não viveu tudo isso. Jovens que estão agora
entrando na universidade, prestando o Enem ou cursando o Ensino Básico ainda
não eram nascidos em 2001. Falar sobre aquele dia com as novas gerações é,
portanto, fundamental para compreender o mundo como ele é hoje. “O 11 de
setembro é um marco para as relações políticas, econômicas e migratórias do
início do século XXI. Não há como compreender o atual contexto global, muito
menos as relações que ainda estão por vir, sem analisar esses atentados”,
avalia o professor de Humanities do Colégio Positivo -
Internacional, Iury Sagaz. Confira dicas de programas sobre o tema que podem
ser vistos e ouvidos neste fim de semana:
1. Debate
"20 anos do 11 de setembro"
O evento conta com a participação do professor de
Geopolítica e Negócios Internacionais e coordenador do curso de Comércio
Exterior da Universidade Positivo, João Alfredo Lopes Nyegray, o professor de Humanities
do Colégio Positivo - Internacional, Iury Sagaz, e o especialista em segurança
e inteligência e professor sênior do Departamento de Estudos Americanos e
Canadenses da Universidade de Birmingham, Dr. Steve Hewitt, autordo livro “The
British War on Terror: Terrorism and Counter-Terrorism on the Home Front Since
9/11”. Eles explicam, de forma didática, o que é o Taliban, qual a relação do
grupo com os ataques de 11 de setembro, como o terrorismo se espalhou pelo
mundo e o que esperar do futuro.
2. Especial
na CNN
Neste sábado (11), a CNN Brasil, em parceira com a CNN americana, tem
programação especial sobre os ataques de 11 de setembro, a partir das 8h. Além
de relembrar a história dos atentados de 2001, o canal traz uma homenagem às
mais de três mil vítimas, reflexões sobre as consequências do evento para a
sociedade contemporânea e um pronunciamento ao vivo do presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden. À tarde, a CNN exibe o documentário inédito "11 de
setembro: a história de uma sala de aula", que mostra a visão dos alunos
do segundo ano que estavam na sala de aula da escola primária Emma E. Booker,
em Sarasota, com o presidente George W. Bush, quando ele foi informado sobre a
colisão do primeiro avião contra o World Trade Center.
3. "11/09 – A vida sob
ataque" na Globoplay
O maior ataque terrorista da história também foi o mais midiático. Muitos dos
vídeos, inéditos, filmados pelas próprias câmeras dos celulares foram reunidos
no documentário da rede britânica BBC exibido pela Globoplay.
4. Podcast
"As Histórias na Globonews"
No episódio 5 do podcast "As Histórias na Globonews", os jornalistas
Maria Beltrão e Jorge Pontual, Leila Sterenberg e Sandra Coutinho falam sobre
os bastidores da cobertura jornalística do 11 de setembro. Ao longo de 45
minutos, eles relembram onde estavam quando receberam a notícia dos atentados
daquele dia e como foi participar desse momento histórico.
5. "Ponto de Virada: 11/9 e
a Guerra ao Terror", na Netflix
Outra indicação é a série Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror da Netflix
que acompanha os ataques terroristas lançados contra o World Trade Center pela
Al-Qaeda em setembro de 2001. Uma temporada com seis episódios que explora
desde as origens da organização terrorista na década de 1980 até a violenta
resposta dos EUA no Oriente Médio depois dos ataques.
Dr. Steve Hewitt - autor do livro “A Guerra Britânica ao Terror:
Terrorismo e Contraterrorismo na Frente Doméstica desde 11/09"