Uso de
preservativos, vacinas e exames diagnósticos são fundamentais para a saúde
Dizem que amor de Carnaval é fantasia e dura poucos
dias, mas se o ditado é realidade para a maioria ou não, o fundamental é que o
feriado não seja motivo de transtornos futuros. A diversão do momento, embalada
por festas, maior oportunidade de relacionamentos e uso de bebidas alcoólicas,
faz com que homens e mulheres sejam menos cuidadosos durante as relações
sexuais e, consequentemente, aumente a disseminação de doenças e infecções
sexualmente transmissíveis (IST).
“O uso de preservativo masculino ou feminino em
todas as relações sexuais e a redução do número de parceiros ainda é a melhor
forma de prevenir as IST”, comenta a professora livre docente do Departamento
de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, Silvana Quintana. A médica destaca ainda outras
formas de prevenção, como vacinas para o HPV (Papiloma Vírus Humano) e hepatite
B, e exames diagnósticos. “Mesmo com a vacinação, o uso de preservativos não
deve ser descartado, pois previne outras infecções. A detecção precoce dos
agentes causadores de IST também é uma forma de prevenir, pois interrompe a
cadeia de transmissão. Sem falar que tratamentos têm melhores resultados quanto
antes forem iniciados”, completa.
A possibilidade de realizar a profilaxia
pós-exposição ao vírus HIV tem sido apontada por especialistas como um dos
motivos para a queda da prevenção entre jovens e adultos. A Aids é uma das
doenças que mais assusta, porém, outras IST também podem causar sérios danos à
saúde, principalmente por serem assintomáticas e receberem diagnósticos
tardios.
Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis,
a clamídia é a IST mais comum no mundo. Corrimento amarelado e espesso, dor
abdominal e queimação ao urinar são alguns dos sinais. No entanto, a doença é
assintomática para cerca de 80% das mulheres. O risco está na grande
probabilidade de propagação e na possibilidade de parto prematuro, complicações
e até morte do bebê durante a gestação. Já a sífilis apresenta três estágios,
com agravamento do risco conforme evolução. No início, costuma apresentar
lesões como caroços rosados que geralmente desaparecem em algumas semanas. A
infecção, no entanto, permanece latente e pode voltar a se manifestar e agravar
a qualquer momento.
O herpes genital pode se tornar uma herança para a
vida toda: não tem cura, apenas tratamento para as crises, geralmente
desencadeadas por diminuição da imunidade ou estresse. Também da família herpes
e catapora, o citomegalovírus (CMV) é um vírus que pode ser contraído por meio
da relação sexual. A doença apresenta grandes riscos para o feto cuja mãe foi
infectada na gravidez, pacientes imunossuprimidos e transplantados.
A hepatite B também é uma IST porque o vírus está
presente no sangue e esperma. Afeta principalmente o fígado e os sintomas podem
demorar até seis meses para aparecer. A boa notícia é que a doença pode ser
prevenida com vacina. Outra infecção de transmissão sexual bastante frequente
em todo o mundo é o Papiloma vírus humano (HPV) e a forma mais eficaz de
prevenção também é a vacinação, que protege contra os principais tipos do vírus
e deve ser administrada, preferencialmente, antes do início da atividade
sexual.
O perigo também pode estar num simples beijo. O
contato direto com uma saliva contaminada pode transmitir o vírus Epstein-Barr
(EBV) e causar a mononucleose, também conhecida como a doença do beijo. Ela
causa mal-estar, febre, dores de cabeça e garganta, ínguas e hepatite leve. Em
pacientes imunossuprimidos ou transplantados, pode gerar graves complicações.
Exames como agentes de prevenção
“Se o paciente tiver se exposto ao risco, o ideal é
que procure um médico imediatamente para realizar exames diagnósticos e receber
acompanhamento. Hoje em dia, podemos contar com testes moleculares que
apresentam resultados mais rápidos e mais precisos”, alerta a ginecologista.
Exames moleculares conseguem detectar patógenos em
amostras de locais onde nem sempre o agente infeccioso é percebido com
facilidade, o que confere maior precisão nos resultados e avaliação de uma
ampla gama de agentes infecciosos em uma única amostra. “Testes baseados na
tecnologia de PCR em tempo real podem detectar, em alguns casos, o DNA do
agente patológico mesmo que a pessoa não tenha desenvolvido a doença. Além
disso, os resultados costumam ficar prontos em algumas horas”, revela o
responsável pelo laboratório da Mobius Life Science, Lucas França. Resultados
rápidos garantem tratamento precoce e ajudam a impedir que a doença seja
transmitida para outros parceiros.
A ginecologista também alerta para a eficácia dos
exames moleculares na detecção precoce do HPV, o que consequentemente ajuda a
prevenir a doença pré-câncer de colo uterino: “Vale ressaltar que no início da
vida sexual da mulher a infecção por HPV é muito frequente, porém sua
incidência reduz significativamente após os 30 anos. O ideal é realizar os
testes de biologia molecular apenas em mulheres mais velhas, evitando assim
resultados positivos e intervenções desnecessárias antes do recomendado”,
comenta Dra. Silvana.
Mobius