Números trouxeram que muitos jovens paulistas têm consumido
alimentos industrializados e embutidos regularmente
Os
adolescentes do estado de São Paulo, acompanhados pela atenção básica do SUS,
estão se alimentando mal. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN), apontaram que, em 2017, 60% deles consumiram produtos
industrializados regularmente, como macarrão instantâneo, salgadinho de pacote
ou biscoito salgado. Além disso, 46% desses jovens ingeriram hambúrguer e/ou
embutidos; e 43% biscoitos recheados, doces ou guloseimas. Os números foram
apresentados nesta terça-feira (16/10), data que é comemorada o Dia Mundial da
Alimentação, e vem como um alerta para a má alimentação por esta parcela da
população.
Para
o coordenador-substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde,
Eduardo Nilson, os jovens precisam se atentar mais à alimentação adequada.
“Dados revelam que adolescentes com obesidade aos 19 anos têm 89% de chance de
ser obeso aos 35 anos, por isso é necessário investir na promoção de uma
alimentação adequada e saudável, especialmente na infância e na adolescência,
tendo em vista a relação de práticas alimentares inadequadas com o aumento da
obesidade na população.”
Quando
falamos por sexo, os percentuais mostram que o consumo de industrializados,
fast foods e alimentos doces recheados/guloseimas não se diferenciam muito,
sendo um pouco maior nos meninos de São Paulo. O primeiro grupo de alimento,
por exemplo, é consumido por 58% deles, enquanto as adolescentes representam
56%. O segundo é de 46% dos jovens do sexo masculino e 43% do feminino. Já os
recheados, são preferência de 44% deles e 40% delas.
O
balanço de acompanhamento, também, trouxe dados por região, que mostram que 58%
dos adolescentes do Sudeste consumiram produtos industrializados, como macarrão
instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado; 43% consumiram
hambúrguer e/ou embutidos e 43% biscoitos recheados, doces ou guloseimas. A
região Norte apresenta o menor percentual. Já o Sul do país é o que apresenta a
maior quantidade de jovens consumindo hambúrguer e/ou embutidos; macarrão
instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado, com 54% e 59%
respectivamente. Quando o assunto são biscoitos recheados ou guloseimas, a
região Sul, também está na frente (46%), mas empatada com os jovens nordestinos
(46%).
Os
maus hábitos à mesa têm refletido na saúde e no excesso de peso dos
adolescentes, no Brasil. Números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(PENSE) trouxeram que 7,8% dos adolescentes das escolas entre 13 e 17 anos
estão obesos, sendo maior entre os meninos (8,3%) do que nas meninas (7,3%). O
Sisvan revela que 8,2% dos adolescentes (10 a 19 anos) atendidos na Atenção
Básica em 2017 são obesos.
INCENTIVO A HÁBITOS SAUDÁVEIS
O
incentivo para uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas é
prioridade do Governo Federal. Para apoiar a adoção de hábitos alimentares
saudáveis, o Ministério da Saúde publicou em 2014 o Guia Alimentar para a
População Brasileira que traz as diretrizes nacionais e as recomendações sobre
alimentação adequada e saudável. Dentre elas, a regra de ouro que facilita a
aplicação das recomendações – “Prefira sempre alimentos in natura ou
minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”.
Para
proteger trabalhadores(as) do Ministério da Saúde e de outros órgãos, a pasta
publicou uma Portaria proibindo venda, promoção, publicidade ou propaganda de
alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e
sódio e prontos para o consumo dentro das dependências do Ministério. O órgão
também participou da assinatura da portaria de Diretrizes de Promoção da
Alimentação Adequada e Saudável no Serviço Público Federal. Sugerida pelo
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, a diretriz orienta formas
da alimentação adequada e saudável nos ambientes de trabalho do serviço público
federal. Além disso, constrói uma campanha pela adoção de hábitos saudáveis
chamada Saúde Brasil.
O
Ministério da Saúde também adotou internacionalmente metas para frear o
crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional
para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março de 2017 em
Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na
população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e
segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e
suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no
mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças
regularmente até 2019. Outras iniciativas que buscam proteger indivíduos
e coletividades apoiam-se na prevenção de danos e riscos ocasionados por
ambientes desfavorecedores de uma prática alimentar saudável. Destacamos ações
realizadas no ambiente escolar, como o Programa Saúde na Escola que orienta a
articulação no território entre os profissionais de saúde da Atenção Básica e
os profissionais da escola para desenvolver ações de promoção da saúde e
prevenção de doenças como obesidade, por exemplo e a implementação de normas e
regulamentações para cantinas de escolas públicas e privadas com objetivo de
limitar a venda de alimentos não saudáveis, considerando que o ambiente em que
crianças e adolescentes fazem suas escolhas alimentares precisa favorecer as
opções saudáveis e protegê-los dos fatores que contribuem para as doenças
relacionadas à alimentação. As cantinas escolares que muitas vezes oferecem
alimentos de baixo valor nutricional contribuem para escolhas não saudáveis
pelas crianças e, é papel do estado priorizar o ambiente escolar como um dos
espaços para o desenvolvimento de estratégias de Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável.
Victor Maciel
Agência Saúde