Imóveis reconhecidos como patrimônio histórico estadual pelo
Condephaat preservam a história do Estado de São Paulo e permitem uma viagem ao
passado
Elas foram artistas, damas da
sociedade que tiveram grande influência na cena cultural de São Paulo,
arquitetas ou mesmo prisioneiras políticas. Os imóveis que construíram, moraram
ou que recebem seu nome são mais do simples residências, mas registros
históricos que ajudam a fazer uma viagem no tempo e admirar a arquitetura de
outras épocas. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de
março, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), vinculado à Secretaria da
Cultura do Estado de São Paulo, fez uma lista de patrimônios tombados ligados a
algumas mulheres que contribuíram para a história do Estado.
Antiga Casa de Dona
Veridiana
O palacete foi construído em
1884 por Valéria da Silva Prado – Dona Veridiana, figura marcante da
vida social, política e cultural paulistana no final do Império e início da
República Velha. A edificação eclética, característica da elite paulistana,
mescla elementos da Renascença Francesa e reminiscências renascentistas
italianas, se estabelecendo como um marco da origem do bairro de Higienópolis.
O tombamento contempla também as obras de arte incorporadas ao imóvel - pintura
mural “Aurora” de autoria de Almeida Junior e a escultura em mármore de Victor
Brecheret “Diana”; a massa arbórea e o padrão atual de fechamento do lote. É
também a sede de São Paulo do Iate Clube de Santos.
Endereço Av. Higienópolis, nº 18,
Higienópolis – São Paulo/SP
Biblioteca e Arquivo
Histórico Wanda Svevo
Concebido em 1954 pela
Secretária Geral do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) Wanda Svevo, o
arquivo da Fundação Bienal é constituído por aproximadamente 1.200.000 documentos
datados de 1947 até os dias atuais, de instituições paulistas como o Museu de
Arte Moderna de São Paulo e a Fundação Bienal de São Paulo. Há também registros
da produção artística internacional do século XX, projetos significativos da
Comissão do Quarto Centenário da cidade de São Paulo, correspondências
originais de celebridades como Miró, Le Corbusier e Marcel Duchamp, catálogos
de mostras internacionais, fotos, croquis, publicações diversas e uma
hemeroteca (coleção de periódicos). Wanda Svevo faleceu em um acidente
aéreo no ano de 1962 e, em 1963, o local passou a se chamar Arquivos Históricos
Wanda Svevo, em homenagem a sua idealizadora.
Endereço: Parque Ibirapuera - Portão
3, Moema – São Paulo/SP
Casa de Câmara e Cadeia de
Santos – Pagu
A Cadeia Velha de Santos é
um importante patrimônio histórico, localizada na Baixada Santista, que abrigou
em uma de suas celas, em 1931, a primeira mulher presa por razões políticas no
Brasil - Patrícia Galvão, a famosa Pagu - por ter apoiado a greve dos estivadores
de Santos. A moça defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na
política de forma incisiva. O imóvel, construído em 1869 e tombado nas esferas
federal, estadual e municipal, foi ainda Casa de Câmara, Paço Municipal,
hospital de emergência e fórum. O espaço será reocupado pela Oficina Cultural
Pagu - que integra o programa Oficinas Culturais da Secretaria da Cultura do
Estado.
Endereço: Praça dos Andradas, s/n –
Santos/SP
Casa de Tarsila
A Fazenda São Bernardo,
localizada em Rafard, na região de Piracicaba, apresenta remanescentes da
fazenda cafeeira monocultora do final do século XIX. Ali, está a Casa de
Tarsila do Amaral, com seu agenciamento típico de casa de morada senhorial,
senzala, terreiro e outras edificações complementares ao programa de uso de uma
fazenda de café.
O local será transformado em
um museu interativo ligado ao modernismo, movimento que influenciou as artes e
o design na primeira metade do século 20 e do qual a pintora fez parte.
Endereço: Av. São Bernardo,
Rafard/SP – 142 Km de distância da Capital
Casa de Dona Yayá
Sebastiana
de Mello Freire, carinhosamente chamada de Yayá, nasceu
em 21 de janeiro de 1887. Aos 13 anos de idade perdeu seus pais e, poucos anos
depois, seu último irmão. Herdeira de uma grande fortuna e dona de uma
personalidade voluntariosa e exigente, não se casou. Aos 31 anos, apresentou os
primeiros sinais de desequilíbrio emocional, sendo interditada no ano seguinte
e internada por um ano no Instituto Paulista. Após deixar a clínica, viveu até
o final dos seus dias, em 1961, segregada em sua residência, uma pequena
chácara localizada na região central de São Paulo. A casa é um exemplar
remanescente significativo das transformações do bairro em razão do
crescimento da cidade e, sobretudo, é testemunho material das formas
pelas quais a sociedade entendia e tratava a loucura na primeira metade do
século XX.
Hoje, a Casa de Dona Yayá
funciona como Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP)
e é aberta para visitantes.
Endereço: Rua Major Diogo, 353 - Bela
Vista – São Paulo/SP
Casa de Vidro
Inicialmente projetada para
abrigar a sede do Instituto de Arte Contemporânea, a casa, projetada por Lina Bo
Bardi e construída em 1951, tornou-se a residência da arquiteta e de seu
esposo, Pietro Maria Bardi. O projeto da casa foi orientado pelos
conceitos racionalistas da arquitetura moderna internacional. O edifício,
implantado à meia-encosta, é sustentado por meio de pilotis de aço, que brotam
da área de embasamento e servem de acesso ao pavimento superior. O projeto
permitiu a perfeita integração da residência com a paisagem arborizada que a
envolve.
Endereço: General
Américo de Moura, 200 – Morumbi, São Paulo/SP
Teatro Oficina – Lina Bo
Bardi
Em 1958, um grupo de
estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco começava a se
projetar, conquistando a crítica teatral e prêmios do teatro amador. Em pouco
tempo este grupo, denominado Oficina, conseguiu levantar fundos e se instalar
na Rua Jaceguai, onde funcionava o Teatro Novos Comediantes. O arquiteto
Joaquim Guedes foi o responsável pela adaptação do primeiro Teatro Oficina,
local que abrigou, na década de 1960, grupos teatrais experimentais, inovadores
da linguagem cênica e da relação entre palco e platéia. Em 1966, após um
incêndio, um novo e moderno projeto foi elaborado pelos arquitetos Flávio
Império e Rodrigo Lefèvre, que introduziram paredes de tijolos e concreto sem
revestimento e urdimento à mostra. Continuando sua trajetória, em 1986, a
arquiteta Lina Bo Bardi projetou a renovação do edifício.
Endereço: Rua Jaceguai, 520 – Centro,
São Paulo/SP
Sanatório Vicentina Aranha
O Sanatório Vicentina Aranha
teve a sua construção iniciada em 1918, em terreno adquirido pela Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo, com a ajuda da Câmara Municipal de São José dos
Campos. A localização estratégica do sanatório, fora da cidade de São Paulo,
permitia melhores condições para o tratamento da tuberculose. À época, foi
considerado um dos maiores da América Latina e tido como referência para novas
construções do gênero. O projeto é atribuído à Construtora Severo &
Villares de São Paulo, e coube ao engenheiro Augusto Toledo a responsabilidade
pela sua execução. Trata-se de um conjunto de edificações dispostas de forma
simétrica, distantes entre si, do tipo pavilhonar, ligados através de
passarelas cobertas, ocupando uma extensa área que a partir de 1932 passou a
ser denominada de Zona Sanatorial.
O sanatório foi construído
graças aos esforços dessa dama da sociedade, Vicentina Aranha, que deu
nome ao lugar. Atualmente, o sanatório é um parque aberto ao público.
Endereço: Avenida Presidente Prudente
Meirelles de Moraes, 503, São José dos Campos/SP
Solar da Marquesa de Santos
Construída por volta da
segunda metade do século XVIII, o prédio serviu de moradia para Domitila de
Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, que adquiriu o imóvel da herdeira do
Brigadeiro Joaquim de Moraes Leme após romper de suas relações com D. Pedro I.
Ao retornar para São Paulo,
Domitila se casou em Sorocaba com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Longe
de escândalos, passou a ser uma dama influente na sociedade da cidade. Morreu
aos 70 anos, promovendo saraus literários em sua casa, o Solar da Marquesa de
Santos.
Em 1880, a casa foi colocada
em leilão e adquirida pela Mitra Diocesana, que transformou o Solar no Palácio
Episcopal. O Solar hoje pertence a Prefeitura da Cidade de São Paulo que tem
nela instalado a sede o Museu da Cidade. A sua importância histórica é grande.
Além de ter pertencido a Marquesa de Santos, o imóvel é único exemplar de
residência urbana construída em taipa de pilão . A fachada é em estilo
neoclássico, provavelmente posterior a 1860.
Endereço: Roberto Simonsen, 136-A,
Centro - São Paulo/SP
Secretaria da Cultura do Estado