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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Ensinar valores ainda se confunde com ensinar obediência, dizem especialistas

 Práticas adotadas na maioria das escolas não ajudam a desenvolver valores autônomos, mas a seguir regras e obedecer comandos


“Iniciativas isoladas, sem finalidades morais claras, ou voltadas mais ao controle disciplinar dos alunos do que à construção de valores”. É assim que os autores de uma pesquisa sobre o ensino de valores nas escolas, realizada em 2017 em mais de mil escolas brasileiras, definem as práticas encontradas ao longo do levantamento. O estudo desenvolvido por Maria Suzana de Stefano Menin, Maria Teresa Ceron Trevisol, Juliana Aparecida Matias Zechi, e Patrícia Unger Raphael Bataglia mostra a dimensão da problemática envolvida quando a intenção é ensinar valores humanos para crianças e adolescentes.

Há décadas existe o debate sobre o papel da escola, seus limites e campos de atuação na formação moral e ética das crianças. O Supervisor Pedagógico do Sistema Aprende Brasil, Professor Pedro Lino, explica que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a necessidade de que as escolas atuem com foco no desenvolvimento de competências socioemocionais. “A Escola tem a missão de organizar seus projetos pedagógicos de forma que sejam ofertadas experiências que contribuam para a formação de cidadãos, éticos, que respeitem a diversidade e sejam moralmente emancipados”, destaca. 

A busca por uma formação que ajude a desenvolver a autonomia moral e intelectual dos estudantes é um dos grandes desafios do mundo contemporâneo. Para Telma Vinha, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é preciso compreender que, em certos casos, uma dose de desobediência é inclusive desejável. “Quando se fala em desenvolvimento moral fala-se em autonomia. Muitas vezes, a moral é confundida com conformidade social, seguir regras, obedecer à autoridade. Mas há  situações em que a desobediência é necessária. A moral da autonomia é aquela em que os valores se conservam independente do contexto. Se há conflito de valores, a moral da autonomia faz com que o respeito seja mais forte. Ser honesto e verdadeiro, nesses casos, é mais importante que obedecer à autoridade”, explica.

E esse não é o único problema. Além de misturar valores com obediência, a maior parte das escolas não tem projetos institucionais voltados a esses valores. As iniciativas se tornam, portanto, isoladas e desconexas, de modo que um estudante que participou de uma delas em determinado ano pode não dar prosseguimento a seu desenvolvimento no ano seguinte. Essa falha contribui para que os jovens não tenham um contato continuado com os temas que compõem essas competências. Lino ressalta que “a formação de cidadãos críticos e que possam atuar e contribuir com a sociedade nas demandas complexas da vida cotidiana é um dos grandes desafios da escola”.

Mariana Mandelli, coordenadora de Comunicação do Instituto Palavra Aberta, afirma que, nesse sentido, a escola deveria funcionar como um instrumento de democratização de experiências. “Temos uma das sociedades mais desiguais do mundo. Nosso sistema público de ensino recebe crianças de diferentes origens, vivências e trajetórias. Muitas têm famílias desestruturadas, pais que não conseguem estar presentes porque trabalham muito, entre outros problemas. A escola seria o espaço ideal para tentar equilibrar essas diferenças. Entretanto, é muito difícil para a escola dar conta disso tudo, até porque muitas vezes os professores não foram formados para isso”, diz.


Escola, espaço de conviver com o diferente

Para Mariana, é papel da escola apresentar o que é diferente. “É a escola que precisa fazer com que o aluno saia da bolha familiar e tenha contato com uma prévia do mundo. Em uma família branca de classe média, por exemplo, dificilmente essa criança vai ter contato com pessoas de outras raças, crenças e classes sociais. Hoje,  no Brasil, o ensino de valores foi colocado no centro de um debate sobre costumes, mas, apesar de muita polêmica, a escola tem o papel de democratizar convivências e experiências”, pontua.

Entretanto, ainda que as instituições e redes de ensino atuem individualmente para promover os valores humanos, ainda assim faz falta um esforço conjunto mais abrangente nessa direção. “Não há no Brasil políticas públicas para uma convivência positiva e cidadã. É preciso entender que discutir convivência na escola significa discutir a sociedade que nós queremos. As habilidades socioemocionais não estão na contenção dos conflitos, mas na vivência afetiva desses conflitos. Isso favorece o desenvolvimento das habilidades emocionais e dos valores morais”, completa Telma. 

Mariana Mandelli e Telma Vinha debatem os desafios de formar cidadãos moralmente autônomos no 23º episódio do  podcast PodAprender, cujo tema é “Ensino de valores nas escolas”. O programa pode ser ouvido no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.


Pediatra alerta sobre 7 efeitos da pandemia na primeira infância

Médica enumera como o distanciamento social pode afetar o desenvolvimento em curto e longo prazos


A pandemia de Covid-19 pegou o mundo de surpresa e colocou praticamente todo o planeta em quarentena. No entanto, é inegável que esse afastamento de uma rotina mais próxima da normalidade, com contato e interação com outras pessoas tem afetado a vida de todos e as crianças estão entre as que mais têm sofrido com isso.

Dra. Renata Aniceto, pediatra da SBP e membro da Liga da Cozinha Afetiva, lista oito efeitos que podem ocorrer durante a primeira infância, quando o cérebro ainda está se desenvolvendo rapidamente e é altamente sensível às adversidades ambientais. Confira:

• Desigualdade social: A deterioração das circunstâncias econômicas agravará ainda mais os riscos imediatos para a saúde, nutrição, cuidados e educação das crianças, segundo a pediatra. "Estima-se que a pandemia pode levar, em um ano, a um adicional de 42 a 66 milhões de crianças que vivem em extrema pobreza, e que os choques econômicos vividos pelas famílias por causa da crise econômica global poderiam reverter os últimos 2 a 3 anos de progresso na diminuição mortalidade infantil", alerta.

• Saúde dos pais: Fatores parentais e familiares são os principais motores do crescimento e desenvolvimento saudável das crianças e, portanto, são primordiais na determinação da gravidade imediata dos impactos da pandemia nas crianças agora e no futuro. "Em situações de crise, os cuidadores primários e os pais lutam para acompanhar o fornecimento de saúde, nutrição, segurança e cuidados com as crianças."

• Alterações comportamentais: Com muitas creches e escolas fechadas e sem interação com outras crianças, a turminha fica privada de estimulação social e cognitiva fora de suas casas - "sem contar as refeições e outros recursos fornecidos por muitos programas de DPI". Dra. Flavia lembra que a evidência inicial mostra aumentos no relato dos pais sobre dificuldades de saúde mental, bem como aumentos nos problemas de comportamento das crianças desde o início da pandemia.

• Crianças com deficiências: Os desafios podem ser ampliados para pais e familiares que cuidam de crianças com deficiências ou que também vivem com deficiência.

• Estresse na gestação: O estresse materno pré-natal pode levar a resultados adversos da gravidez, como parto prematuro e aumento de complicações perinatais.

• Violência doméstica e abuso: Relatórios anteriores mostram que as condições de confinamento e / ou aglomeração estão associadas ao aumento de casos de violência doméstica e abuso infantil.

• Obesidade e comorbidades: Por conta da ansiedade e até do tédio de ficar muito tempo dentro de casa, muitas crianças acabam descontando na comida as suas emoções e, com isso, engordam e prejudicam sua saúde hoje e no futuro.

 

 

LIGA DA COZINHA AFETIVA

Estilo de Vida e Culinária Afetiva do Projeto Liga da Cozinha AfetivaSaiba mais em @ligadacozinhaafativa


Dra. Renata Aniceto|CRM 88006 • Médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC • Pediatria e Hematologia pela FMUSP /SP • Especialização em Nutrologia pela ABRAN /SP e Nutrologia Pediátrica pela Boston Medicine University • Atua em consultório pediátrico,atendendo gestantes,crianças e adolescentes através do olhar da Medicina Preventiva. • Empreendedora e criadora de conteúdo digital em saúde,em 2008 criou o projeto "Cozinha Experimental -da teoria à prática ". Através de cursos práticos com enfoque em Medicina culinária e Nutrição Afetiva, capacitou centenas de mães e de médicos pediatras no que há de mais atual em alimentação infantil. • Seu conhecimento e experiência na área valeram um convite para fazer parte da "Liga da Cozinha Afetiva", o qual enxergou como uma grande possibilidade de expandir conceitos em alimentação, saúde,estilo de vida e afeto.

Saúde mental de adolescentes gera preocupação em tempos de Covid-19

Sem encontro com amigos, rotina escolar e atividades sociais, adolescentes sofrem com sensação de vida estagnada; Guia de Saúde Mental traz orientações a esta faixa etária


 

Pais estressados, mudanças na rotina, afastamento dos amigos e do convívio social. A pandemia de Covid-19 jogou luz em situações que, até então, eram pouco ou sequer discutidas no âmbito familiar. Além de tirar vidas, o novo coronavírus também limita as alternativas de refúgio em busca do equilíbrio e da saúde mental. Este contexto, já tão deteriorado após um ano de medidas de controle do vírus, atinge em cheio uma população bastante vulnerável: os adolescentes1.

 

Enquanto as crianças pequenas costumam refletir os medos e anseios manifestados pelos pais, os adolescentes são impactados de outra forma pela pandemia de Covid-19. “Os adolescentes, de uma forma geral, têm no convívio social e nos amigos a fonte do desenvolvimento da própria identidade e de questões emocionais”, explica Guilherme Polanczyk, professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

 

Sem o encontro com os colegas, a rotina escolar e as atividades sociais, resta aos adolescentes a sensação de que a vida está parada. “Pelas alterações de percepção de tempo que os adolescentes muitas vezes têm, a ideia é de que é algo irreparável, algo que será assim para sempre e que terá um efeito muito ruim ao longo do tempo e da vida”, afirma o médico. De acordo com Polanczyk, uma das consequências desse comportamento é o distanciamento e a recusa de contato com pessoas queridas. 

 

O caminho parece difícil, mas há algumas alternativas para manter os jovens conectados com seus laços afetivos. Para o psiquiatra, jogos on-line e redes sociais são boas estratégias para manter a mente ativa e aproximar os adolescentes da vida que tinham antes da pandemia.

 

Como lidar, porém, quando o jovem demonstra apatia e irritabilidade? “Quando há oportunidade de encontrar um amigo e ele não quer, ou fica o tempo todo irritado e não consegue encontrar prazer, mesmo em casa, nas coisas que normalmente gostava de fazer, são sinais de estresse que apontam para a necessidade de uma orientação e, eventualmente, uma intervenção profissional”, orienta Polanczyk.

 

Vale lembrar que adolescentes com fragilidades prévias, como os que já apresentam transtornos mentais, deficiências ou outros problemas de saúde, também merecem atenção especial. Jovens que antes mesmo do Covid-19 já se sentiam sozinhos e isolados, os que vivem em pobreza e em situações de moradia precária, encontram-se também em risco e exigem atenção redobrada tanto da família quanto da sociedade1.

 

Para orientar a população em relação à saúde mental de crianças, adolescentes e adultos, a Upjohn, uma divisão Pfizer, lançou em parceria com o Instituto de Ciências Integradas o Guia de Saúde Mental Pós-Pandemia no Brasil. Disponível gratuitamente no site www.guiasaudemental.com.br, o guia foi desenvolvido por um time de especialistas renomados com o objetivo de trazer informações úteis para profissionais de saúde que não são especialistas em saúde mental e para a comunidade leiga em geral.



 

REFERÊNCIAS

1. Guia Saúde Mental Pós-Pandemia. Acesso disponível em: https://www.pfizer.com.br/sites/default/files/inline-files/Guia-de-Saude-Menta-%20pos-pandemia-Pfizer-Upjohn.pdf. Acesso em: 09.03.2021.


Aprenda a melhorar o relacionamento com idosos com Alzheimer

A cada 3,2 segundos um novo caso de demência é detectado no mundo e saber lidar com as etapas desse momento pode contribuir para qualidade de vida do idoso


O envelhecimento da população vem ocorrendo de maneira acelerada e os casos de demência se tornaram um dos principais desafios nas casas com idosos que requerem cuidados especiais. Segundo dados recolhidos pelo Instituto Alzheimer Brasil dos relatórios da Associação Internacional de Alzheimer, estima-se que a cada 3,2 segundos, um novo caso de demência é detectado no mundo e a previsão é de que em 2050 serão 152 milhões de pessoas afetadas, sendo a doença de Alzheimer a causa mais frequente de demência. Muito comum, a doença tira a autonomia e a independência das pessoas, afetando, sobretudo emocionalmente, toda a família. Pensando nisso, a equipe da Home Angels, maior rede de franquias de cuidadores da América Latina, preparou algumas dicas para melhorar o convívio:

  • Mantenha uma conversa agradável - a confusão mental é característica da doença, por isso, manter um diálogo com o idoso torna-se desafiador, mas é possível estimular uma conversa agradável através de frases curtas, simples e objetivas.
  • Lidando com as perguntas repetitivas - não fique lembrando ao idoso que estas questões já foram feitas, responda sucintamente e use frases com poucas palavras.  
  • Aproveite as  habilidades do idoso - estimule a pessoa nos afazeres, por exemplo: se ela era professora de português, peça ajuda para fazer a lista do mercado, pergunte se ela pode te ensinar crochê ou montar um quebra-cabeça, assim, vai se sentir útil e ficar feliz em contribuir.
  • Peça ajuda - Conte ao idoso tudo que vai fazer com ele e peça sua ajuda. Pode usar frases como: ‘vou tirar sua camiseta, me ajude’ ou ‘vou te levantar da cama, apoie seu braço para me ajudar’.
  • Crie rotina - elabore uma agenda semanal e crie lembretes para evitar erros na hora das medicações e recordar atividades programadas de forma a não perder o compromisso. 
  • Tenha empatia - pergunte como o idoso se sente, o que tem vontade e quais são as preferências. Dê valor a opinião dele. 

 



Home Angels

https://www.homeangels.com.br/


O casamento da psicopatia com o narcisismo perverso

Na última semana o Brasil foi surpreendido com mais uma história de dor e comoção, com a morte do pequeno Henry Borel, de quatro anos. Uma tragédia com mais dois personagens investigados como suspeitos do crime: a mãe de Henry e o padrasto do menino. Muitos se perguntam porque tanta crueldade. E o que chama a atenção é a frieza com que os fatos se deram, além do comportamento apresentado pela mãe e pelo padrasto. Traçando um perfil psicológico dos dois, diante do que tem sido noticiado, podemos ver que a união de traços de psicopatia do padrasto com sinais de narcisismo perverso da mãe pode ter sido determinante para o desfecho trágico dessa história.

A psicopatia é mais comum do que se pensa. Infelizmente, os psicopatas vivem entre nós e essa identificação não é muito simples. Estudos estatísticos demonstram que o transtorno possui níveis de intensidade e que, de cada 100 pessoas, em torno de 04 a 05 podem apresentar sintomas característicos ao distúrbio.

Os psicopatas se apresentam, na maioria dos casos, como simpáticos e amáveis. São sempre cativantes e, muitas vezes, prestativos. A sedução é uma das características marcantes deste personagem. Também são inteligentes e sábios. O lado negativo fica por conta da frieza e dos cálculos estrategistas diante das situações, pois não sentem culpa alguma. Além disso, o remorso não faz parte de seu rol de sentimentos. Psicanaliticamente falando, possuem uma predominância da instância psíquica de personalidade ID, o que explica o modo de vida voltado, único e exclusivamente para seu prazer pessoal e para o atingimento de seus objetivos e metas. Não importa o que o outro sente ou quer, importa o que eu desejo - essa é a bandeira que um psicopata empunha.

A psicopatia é muitas vezes confundida com um transtorno de conduta. O diagnóstico final que decreta afetações do transtorno relata disfunções neurológicas associadas a um conjunto de sentimentos influenciados por crenças limitantes natas ou aprendidas ao longo da vida. Os primeiros sinais podem aparecer ainda quando criança, em um grau mais leve e moderado. Por isso, é muito importante um acompanhamento profissional de perto quando se identificar qualquer indício de alteração comportamental motivado por perversidades e frieza. Um psicopata, quando criança, apresenta algumas características muito peculiares como: mentiras frequentes, dificuldade em seguir regras, são antissociais, insensibilidade emocional, conturbações ao tentar manter amizades, praticam bullying e até podem vir a cometer pequenos delitos transgressores, como roubos, violências e vandalismos. Mas cuidado, o diagnóstico final que decreta que a pessoa pode ser um psicopata ou não, para ser realmente finalizado com êxito, pauta-se na ancoragem de intensidade e frequência com que esses episódios e comportamentos acontecem. O mais comum é que, por serem muito inteligentes e inquietos quanto à busca por conhecimento, a grande maioria dos psicopatas têm ciência das características do seu posicionamento destoante dentro da sociedade e, com isso, camuflam seus reais sentimentos e ações - o que causa grande dificuldade na definição do distúrbio.

Visto que existem diferentes graus de psicopatia, que variam desde os mais leves, moderados e até os graves, podemos afirmar que nem todos chegam a se tornar assassinos. Podem desempenhar papéis de destaque em seu meio social e usar de algum poder conferido a eles para praticar delitos com total frieza emocional que, em muitos casos, chegam a impressionar. Podendo também ser autores de fraudes, golpes, estelionatos e roubos.

Os psicopatas podem, ainda, mostrar uma faceta carregada de sinais que demonstram que o distúrbio da psicopatia é latente. São eles: egocentrismo; mentiras; trapaças e manipulações; ausência de culpa, remorso e empatia; observação constante ao comportamento do outro, analisando os passos de suas vítimas; alterações severas de humor, com ataques de agressividade; podem ser superficiais e eloquentes; estão sempre envolvendo emocionalmente as pessoas que se encontram vulneráveis; vivem a elogiar todos e a perfeição faz parte de seus objetivos. Porém, os psicopatas nunca buscam ajuda porque não se sentem incomodados com suas ações. São desprovidos de sentimentos e mudar não está nunca em seus planos.

Analisando o perfil da mãe do pequeno Henry, podemos identificar indícios claros de desenvolvimento de uma personalidade de natureza narcísica perversa, onde a maior preocupação é consigo mesma. Pessoas que apresentam esse distúrbio estão sempre em busca da perfeição estética, afinal manter uma máscara sedutora para a sociedade é o mais importante. O foco está sempre voltado para as aparências, onde o excesso de vaidade prevalece em detrimento da empatia e compaixão pelo outro. Não conseguem fazer muitos vínculos emocionais e uma pitada de egoísmo está sempre presente em seu caráter perturbador.Esse perfil narcísico, normalmente, não consegue se abalar com o luto. E isso ficou claro, na história triste e dramática do filho, vítima de maus tratos e agressões.

A junção destas duas personalidades doentias, certamente, foi o estopim determinante na morte trágica da criança de quatro anos. A busca por poder e status percebida em ambos personagens descritos aqui, padrasto e mãe, associada a todas as características de desvios de conduta e de transtornos, foram fatores cruciais que completam essa receita desastrosa que culminou na morte de uma criança indefesa, vulnerável e sofrida.

Portanto, o casamento do narcísico e do psicopata pode potencializar a perversidade severa que irá rejeitar a presença de um terceiro personagem. Provavelmente, motivo que levou às práticas de maus-tratos, com o intuito consciente e velado de eliminar um obstáculo: o menino. O casal, motivado por seus sintomas transgressores, não conseguiam transmitir afeto e amor para a criança. Visto que a sedução doentia e aparente da mãe e o papel forçado de bom moço e bom político do padrasto misturou-se com a perversidade e frieza requintada presentes no crime. Enfim, se nem tudo que reluz é ouro, fica claro que todo o cuidado é pouco no quesito relacionamentos. O charme e a inteligência utilizados para impressionar e seduzir o outro podem ser ingredientes bombásticos. Neste caso, a ausência de sentimentos denuncia os fatos e, infelizmente, Henry foi vítima do lado sombrio da mente de pessoas que deveriam apenas proteger e amar.

 



Dra Andréa Ladislau * Doutora em Psicanálise * Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde * Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social * Professora na Graduação em Psicanálise * Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


5 coisas que todos devem saber sobre o autismo

No mês de conscientização do Autismo, especialista fala sobre a condição e algumas características importantes

 

Abril é o mês de conscientização sobre o Autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por um déficit na comunicação e interação social e comportamentos restritos. Segundo a psicóloga do Núcleo Paraense de Recuperação Motora Cognitiva e Comportamental (NUPA), Giulianna Kume, infelizmente, ainda existem alguns estigmas sobre o TEA que devem ser quebrados. E para te ajudar a entender melhor sobre o assunto, separamos 5 coisas que todo mundo deve saber sobre o Autismo.

 

1.         O Autismo não é uma doença e sim uma condição que acomete as áreas da comunicação, socialização e comportamento, sendo um transtorno do desenvolvimento, afinal, autismo não se cura, mas se compreende;

 

2.         Nem todo autista é igual, e isso ocorre devido as variações genéticas e ambientais. O termo "espectro" foi adotado para abarcar toda variabilidade de sintomas, alterações e características;

 

3.         Algumas crianças com TEA, tem uma melhor compreensão por meio de estímulos visuais, inclusive algumas aprendem a se comunicar por meio das imagens, usando uma rotina visual que favorece no cumprimento de suas atividades diárias;

 

4.         O autismo é mais prevalente em meninos, indicam estudos. Isso acontece devido ao diferente desenvolvimento neurológico que ocorre entre os dois, porém, acredita-se que nas meninas os sintomas são mais complexos para identificar, levando muitas vezes a um diagnóstico tardio;

 

5.         O diagnóstico é um ponto de partida, é o primeiro passo para realizar um tratamento com uma intervenção adequada e adaptada com o nível de comprometimento de cada criança. Cada tratamento é realizado conforme as necessidades e fases do desenvolvimento em que a criança se encontra.

 

Dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), apontam que hoje existe um caso de autismo a cada 110 pessoas. No Brasil, estimam-se cerca de 2 milhões de autistas. “Por isso é tão importante que a sociedade entenda o que é o TEA, e como ela pode ajudar a inserir e acolher essas pessoas. E vale reforçar: Autismo não é doença. Aprenda, entenda e acolha”, finaliza a profissional.



Núcleo Paraense de Recuperação Motora Cognitiva e Comportamental (NUPA)

Instagram @nupa.belem


Pesquisa indica que metade dos brasileiros ainda sente medo após um ano de pandemia

78,4% dos brasileiros está preocupada com o futuro e toda essa situação

Apenas 9,3% não perdeu ou conhece alguém que tenha perdido alguém para o coronavírus.

Em um ano, 49,6% da população perdeu algum familiar ou amigo

 

Com muita dificuldade e incertezas, o Brasil completou um ano de pandemia em função do Covid-19. Para entender o comportamento do brasileiro nessa nova fase e levando em consideração dados analisados no início de tudo, em 2020, a Hibou - empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo - acaba de publicar pesquisa que mede o sentimento da população, após um ano do início das medidas de biossegurança e distanciamento social.

"Estamos exaustos com toda essa situação e o sentimento de impotência, medo, insegurança e incerteza está cada vez mais presente. O brasileiro sinalizou que não sabe quando acaba ou como vai ser o dia seguinte, e que isso é horrível, além de ter que conviver com a sensação de não poder fazer planos para um possível futuro", diz Ligia Mello, sócia da Hibou.

Após um ano de pandemia, sentimentos considerados ruins são os mais comuns entre os entrevistados. A pesquisa mostrou que 78,4% da população sente preocupação com toda essa situação, 59,2% está inseguro, 51,8% está cansado, 50,5% sente medo e 38,5% sente exaustão. Por outro lado, um bom sinal é que ainda há o que ser feito e muitos estão otimistas frente ao cenário, já que 48,2% sente esperança e 42,9% sente mais empatia com o próximo.

 

Um ano de desgaste emocional

Os números maiores e que mais afetam o desgaste emocional, são: o medo de alguém de casa ou da família ficar doente para 80,1% das pessoas e a falta de ação do governo para 58,6%. Ações de isolamento são complicadores que devem ser consideradas, já que 23,2% se sente pior por não encontrar os amigos, 22,7% por não poder sair de casa, 19% se incomoda por ter que utilizar máscara na rua e 16,9% por ter ficado sem trabalho e não viajar.

O número de mortes por coronavírus seguem em um gráfico crescente desde o início do aumento dos casos nos últimos meses. Diante disso, 60,2% afirmou que perdeu alguém que era próximo de um conhecido, e quase metade dos entrevistados (49,6%) relatou que perdeu algum familiar ou amigo. Apenas 9,3% não perdeu ou conhece alguém que tenha perdido alguém para o coronavírus.


Como os brasileiros enxergam a quarentena atualmente?

A pesquisa revelou que apenas 7 em cada 10 brasileiros estão aplicando os principais protocolos de biossegurança. "Outro dado surpreendente é que, mesmo insatisfeitas, lá em abril de 2020, 85% das pessoas recomendariam a amigos ficar em casa para conter a proliferação do vírus. Esse número caiu muito em 2021 e apenas 43% fariam essa recomendação. Ou seja, depois de tanto tempo as pessoas estão desacreditando que ficar em casa é um caminho válido.", completa Ligia.

Perguntamos também quais as mudanças de comportamento em combate à pandemia seguem ativas no dia a dia do brasileiro. 79,2% segue utilizando uma máscara ao sair de casa, 73,0% lava a mão com mais frequência, 70,4% evita locais públicos, 69,9% reduziu visitas à casa de amigos, 47,9% se policia para não encostar em superfícies públicas (maçanetas, botão de elevador e etc.) e 46,8% tenta não tocar o rosto na rua. O brasileiro (46%) se informa sobre a situação da pandemia principalmente pelas redes sociais.

E o home office segue como opção de regime de trabalho para 20,9%. Em comparação entre o ano de 2020 e 2021, ficou claro também que tudo está muito mais intenso e corrido, já que essa sensação passou de 12,3% para 25,7% esse ano. O mesmo para a quantidade de pessoas que fazia tudo com mais calma e em ritmo mais humano, o número caiu de 57,7% para apenas 22,9% atualmente.


Fechamento das atividades e comércio

Uma fatia de 64% continua em casa e saindo estritamente para o necessário, 31,4% continua trabalhando normalmente fora de casa, mas tomando os devidos cuidados e 12,4%, segue em casa, mas saindo mais que no início da pandemia. 2,7% não acredita mais na quarentena e parou com o isolamento social e apenas 1% nunca fez.

A pesquisa também abordou a opinião da população sobre o fechamento das atividades e comércio nas últimas e próximas semanas. Atividades como escolas (43,9%), bares (39,2%), academias (49,4%), shoppings (32,3%) e parques e praias (63,7%) deveriam fechar completamente por mais uma semana. A abertura dos supermercados (48,8%) é a única atividade que, segundo a população, deveria funcionar normalmente.

O brasileiro considera diferente o consumo na mesa entre bares e restaurantes, já que, para alimentação, 41,6% acreditam que é um serviço que deve continuar funcionando, mas apenas por delivery e internet. Já os serviços gerais (40,8%), como cabeleireiro e lavanderia, ao lado de fábricas e indústrias (43,9%), deveriam funcionar em horário reduzido.


Metodologia

Um total de 1.698 brasileiros respondeu a pesquisa de forma digital, entre 29 e 30 de março de 2021, garantindo 95% de significância e 2,38% de margem de erro nos dados revelados. A pesquisa engloba níveis de renda ABCD e todas as faixas etárias. Entre os entrevistados, 57% tem idade entre 36 e 55 anos, 55% são mulheres, 35% mora em residências com dois moradores e 47% segue algum regime de home office.



Hibou

consumo. http://www.lehibou.com.br


Brasil tem o melhor trimestre da história para as exportações de algodão, aponta ANEA

Características como a qualidade do produto ofertado no mercado internacional, o nível de competitividade, o preço favorável e a regularidade no fornecimento continuam a auxiliar o País a se consolidar nos principais mercados


O algodão brasileiro acaba de alcançar um novo recorde, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA). O primeiro trimestre deste ano foi o melhor da história dos embarques da pluma, com 731,4 mil toneladas – superando o mesmo período de 2020, quando foram exportadas 619,5 mil toneladas de algodão. “Esse cenário faz com que a distribuição dos embarques de exportação fique mais equilibrada, diferentemente de anos anteriores, quando o volume embarcado representou 70% somente no 2° semestre do ano”, explica o presidente da ANEA, Henrique Snitcovski. 

De acordo com Snitcovski, a temporada atual provavelmente irá fechar com 54% da pluma exportada no segundo semestre de 2020 e 46% no primeiro semestre de 2021, o que reforça a participação do País no fornecimento ao mercado internacional ao longo de 12 meses. Snitcovski ressalta que, além da qualidade da fibra nacional, um dos principais fatores que contribuem para a atuação nos mercados consumidores é justamente a regularidade no fornecimento. “Essa regularidade traz credibilidade e segurança para que indústrias têxteis possam contar com o algodão brasileiro na composição de sua produção”, destaca.

No ano safra 2020/2021, referente ao período de julho de 2020 a junho de 2021, as exportações da pluma devem ultrapassar 2,3 milhões de toneladas embarcadas, aponta estimativa da Associação. O volume representa um aumento de cerca de 21% em comparação ao exportado no ano safra 2019/2020, quando o Brasil embarcou 1,910 milhões de toneladas da pluma, consolidando o País como segundo maior exportador global de algodão, atrás somente de Estados Unidos.

Características como a qualidade do produto ofertado no mercado internacional, o nível de competitividade e o preço favorável continuam a auxiliar o Brasil a se consolidar nos principais mercados para a exportação desta commodity, de acordo com Snitcovski. “A temporada da safra 2020 está imprimindo o crescimento das exportações brasileiras de algodão e consequentemente elevando sua presença em diferentes mercados consumidores, com forte representatividade no comércio global”, afirma.

A China, maior importador mundial de algodão, segue como o principal destino das exportações brasileiras da pluma. Figuram entre os principais países compradores da pluma Vietnã, Paquistão, Bangladesh, Turquia e Indonésia.  

A combinação de clima favorável, ótima janela de plantio e variedades adequadas, investimentos contínuos na lavoura, resultada em importantes ganhos de produtividade e qualidade da fibra. A ANEA lembra ainda que o Brasil produz em grande escala, com tecnologia e responsabilidade socioambiental.


Brasil exporta 11 milhões de sacas de café no primeiro trimestre de 2021

Volume embarcado apresenta evolução de 10,4% no ano civil e aponta para quebra de recorde no acumulado da safra 2020/21

 

As exportações brasileiras de café, em março, somaram 3,438 milhões de sacas de 60 kg e renderam US$ 450,2 milhões. Esse desempenho elevou os embarques, no acumulado do primeiro trimestre de 2021, para 11,015 milhões de sacas, apresentando um crescimento de 10,4% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Em receita cambial, o avanço é de 6,1% no agregado até março, com os embarques rendendo US$ 1,437 bilhão ao país. Os dados são do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

 "Diante do momento desafiador em todo o mundo, com uma menor disponibilidade de contêineres para produtos alimentícios, reflexo de questões sanitárias devido à pandemia da Covid-19 e ao elevado fluxo de contentores para a Ásia, os exportadores brasileiros têm realizado esforços e honrado seus compromissos com o mercado", destaca Nicolas Rueda, presidente do Cecafé. 

Nesse contexto, as exportações registram o melhor desempenho dos últimos cinco anos e caminham para quebrar recorde na safra atual. De julho de 2020 até o fim de março, o Brasil remeteu 35,746 milhões de sacas ao exterior, o que implica alta de 18,1% na comparação com as 30,256 milhões de sacas embarcadas nos primeiros nove meses do ciclo 2019/20. A receita cambial no acumulado da temporada 2020/21 é de US$ 4,484 bilhões, apresentando incremento de 15,1% frente aos US$ 3,897 bilhões apurados em mesmo intervalo anterior. 

"O desempenho das exportações é consequência da safra recorde produzida pelo Brasil em 2020 e da evolução constante da qualidade e da sustentabilidade do produto, o que fez com que aumentasse a presença do café nacional, tanto arábica, quanto canéfora, entregue nos armazéns credenciados pelas bolsas de valores mundiais, como a de Nova York, onde o país já responde por quase metade do volume", explica Rueda.

 

PRECAUÇÃO COM O FUTURO

Apesar do bom desempenho registrado até o momento, o setor tem cautela quanto ao ritmo dos embarques no futuro. O Brasil produzirá menos café neste ano em função da conhecida bienalidade, que entra no ciclo de baixa em 2021. Além disso, a prolongada estiagem e as altas temperaturas que afetaram importantes origens produtoras do país, no segundo semestre de 2020 e no início deste ano, também devem contribuir para uma colheita menor. 

“Aliada à preocupação com a logística mundial, a colheita brasileira menos volumosa será mais um desafio que o segmento exportador terá em 2020/21. Ainda não é possível estimar a realidade estatística desse cenário, mas é provável que os embarques do Brasil passem por uma redução na próxima temporada”, projeta Rueda.

 

MERCADOS POTENCIAIS

O relatório do Cecafé destaca, ainda, a evolução da importação feita por outras nações exportadoras. Nos três primeiros meses de 2021, o Brasil remeteu 785,6 mil sacas de café para países produtores, volume que representa evolução de 82,6% frente ao embarcado no mesmo intervalo de 2020. Ainda como destaque, surgem mercados emergentes, como a comunidade árabe, que ampliou suas aquisições em 37% no primeiro trimestre deste ano, elevando as compras de 381,6 mil para 522,3 mil sacas.

 

CAFÉS DIFERENCIADOS

Os cafés diferenciados, que possuem certificações, também são responsáveis pelo desempenho positivo do setor no primeiro trimestre de 2021. Com o embarque de 1,643 milhão de sacas, esse segmento respondeu por 14,9% do total remetido ao exterior e apresentou evolução de 2,5% em relação às 1,603 milhão de sacas exportadas em idêntico intervalo no ano passado.

 

PRINCIPAIS PARCEIROS

Os Estados Unidos foram os principais compradores de café do Brasil no primeiro trimestre de 2021, ao adquirirem 2,077 milhões de sacas, com avanço de 9,4% sobre as importações realizadas em 2020. Na sequência, vêm Alemanha, com 1,970 milhão de sacas (+9,5%); Itália, com 866 mil sacas (-12,9%); Bélgica, com 813 mil sacas (+ 54,2%); e Japão, com 594 mil sacas (+20,5%).

 

PORTOS

O Porto de Santos permanece como o principal canal de escoamento dos cafés do Brasil no ano. De janeiro a março, 8,599 milhões de sacas foram exportadas pelo terminal, o que representa 78,1% dos embarques totais. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, com a remessa de 1,719 milhão de sacas (15,6% do total); e de Vitória (ES), com 309 mil sacas e share de 2,8%.

 


Cecafé

http://www.cecafe.com.br/.

 

Cartão de crédito internacional: como os bancos calculam a cotação do dólar?

 Pixabay

A cotação do dólar na fatura do cartão de crédito é um assunto que gera muitas dúvidas entre os consumidores que fazem compras em sites internacionais. A falta de informações sobre como é feita a cobrança provoca incertezas e leva as pessoas a comportamentos financeiros arriscados.

Há quem use um conversor de moedas para fazer os cálculos da compra, no entanto, compreender a dinâmica da cotação do dólar é que ajuda a mitigar problemas com a fatura do cartão de crédito.

O valor em reais cobrado por um produto comprado em outro país considera uma série de fatores como o câmbio da moeda americana, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o spread (ágio, na tradução para o português). Essa é uma taxa que a instituição financeira acrescenta ao valor determinado pelo Banco Central para a moeda estrangeira e pode variar de banco para banco.

O câmbio praticado pelo Banco Central é baseado no Dólar Ptax. Trata-se de uma taxa que considera as médias aritméticas dos valores de compra e de venda da moeda americana em quatro janelas ao longo de um dia de negociações no mercado financeiro.

Além da definição do valor do dólar turismo, a Ptax é usada em contratos entre empresas, em contratos futuros, nas relações de compra e de venda de moedas, etc. A taxa impacta não só nos custos de despesas internacionais com viagens ou compras no cartão de crédito em sites estrangeiros, como também em todos aqueles produtos atrelados ao capital americano, como o pão, por exemplo, que depende da farinha importada.


Dólar no cartão de crédito

Embora a Ptax seja um valor padrão definido pelo Banco Central, cada banco tem autonomia para cobrar taxas extras para realizar a conversão, o chamado spread. Esse ágio não segue uma regulamentação no Brasil, o que significa que cada instituição pode seguir uma metodologia própria para definir a cobrança.

Normalmente, a tarifa fica em torno de 1% e 7% em cima da Ptax do dia ou do dia anterior, a depender da instituição financeira. Algumas cooperativas de crédito costumam nem cobrar spread.

Além dessa cobrança há ainda a tributação do IOF, imposto federal regulatório cobrado sobre qualquer operação financeira, com alíquota de 6,38% para compras internacionais realizadas no cartão de crédito.


Mudanças nas regras do cartão de crédito

Até o ano passado, os bancos utilizavam a cotação do dólar no dia do fechamento do fatura para fazer a conversão da moeda americana em reais no cálculo final da compra. O Banco Central entendeu que essa prática deixava o consumidor vulnerável ao fazer compras usando seu cartão de crédito internacional e anunciou mudanças.

Desde março de 2020, as operadoras de cartão de crédito estão obrigadas a utilizarem a cotação do dólar no dia em que a compra foi efetuada para fazer a conversão. Dessa forma, o consumidor tem mais controle dos seus gastos e não fica sujeito às oscilações da moeda americana no mercado financeiro entre a compra e o fechamento da fatura.

Com a nova determinação do Banco Central, os bancos foram obrigados a disponibilizar em seus canais de atendimento a taxa de conversão do dólar do dia anterior e publicar informações sobre o histórico das taxas. Tudo isso para que o consumidor possa ter acesso às informações sobre as melhores taxas de câmbio do mercado e fazer escolhas mais conscientes.

Para identificar a cotação do dólar utilizada, é preciso acessar a página da instituição na internet ou o aplicativo.

 

Lei que criminaliza stalking é sancionada. Medida reduz prejuízos psicológicos e desdobramentos fatais, explica especialista

Perseguição, digital ou física, pode levar a 3 anos de prisão

 

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que inclui no código penal o crime de perseguição, física ou online, conhecido também como "stalking". Após publicação no Diário Oficial,  a lei já está em vigor e prevê pena de seis meses a dois anos de prisão, além de multa, para quem for condenado. Com agravantes, a reclusão pode chegar a 3 anos.

O advogado Max Kolbe, do escritório Kolbe Advogados Associados, explica que a pena pode ser agravada caso o crime seja cometido contra crianças, adolescentes, idosos e mulheres (por razões da condição do sexo feminino), por duas ou mais pessoas ou com o emprego de arma.

"A pena pode ser aumentada em 50%. A nova lei também revoga o artigo 65 da lei de contravenções penais, que previa o crime de perturbação da tranquilidade alheia com prisão de 15 dias a dois meses e multa. A prática passa a ser enquadrada no crime de perseguição", ressalta Kolbe,



Avanço importante na legislação

O especialista em segurança pública Leonardo Sant'Anna explica que a nova medida é um avanço importante da legislação. "Passamos a compreender que qualquer pessoa pode ser incomodada, e aí não falamos apenas de mulheres, em que pese saibamos que sejam as mais prejudicadas e perseguidas", explica.

Sant'Anna acredita que a nova lei ameniza bastante o incômodo causado por aquelas pessoas que têm sido perseguidas, não só de forma física e pelas ruas, como era previsto anteriormente no código penal, mas também com o uso de qualquer meio tecnológico, como câmeras, telefones ou aplicativos de mensagens.

"Temos a novidade de uma pena aumentada, onde a importunação tem que acontecer com frequência, sendo também necessário que o ofendido que se sinta incomodado e denuncie às autoridades para que o crime seja caracterizado, não permitindo que outra pessoa encaminhe essa informação às autoridades policiais", diz.



Lei reduz prejuízos psicológicos e desdobramentos fatais, explica cientista política especializada no público feminino


Fernanda Sales, cientista política e criadora da LUMAS - marca que exalta o empoderamento feminino - conta que acompanha a proposta desde 2019 com grande expectativa.

"Existe uma alta correlação entre casos de feminicídio e stalking. Em alguns países, mais de 70% destas vítimas alegavam sofrer perseguição antes do crime. O mais importante para as mulheres é protegê-las antes que o stalking se torne assédio e perseguição, reduzindo os prejuízos psicológicos e desdobramentos fatais", disse.

Segundo a especialista, a lei amplia a chance da mulher conseguir sair de situações de risco. "Mesmo quando uma medida protetiva poderia ser recusada, a mulher pode conseguir se proteger em casos de perseguição sem ameaça direta de violência física", esclarece.


Não existe o melhor momento para comprar dólar

Parece não ser por acaso que nossa taxa de câmbio seja uma das mais voláteis quando comparada a boa parte das moedas de outros países emergentes. Seguimos numa sinuca de bico sem solução fácil para o crescente déficit fiscal e para o aumento da relação dívida/PIB; nossos políticos teimam em governar de maneira extremamente fisiológica e populista; seguimos longe do nosso crescimento potencial; boa parte da população segue dependente de algum tipo subsídio público; e o ambiente político-econômico segue muito desfavorável para o investimento privado e para a classe empresarial. Todos esses fatores geram incerteza, que no linguajar “economês”, pode ser traduzido em volatilidade. A volatilidade do real é reflexo de todas essas fragilidades, um problema que persistirá por mais tempo.

Parte muito relevante do papel do assessor de investimentos é estudar e se aprofundar em todos os temas relacionados a soluções de investimento para seus clientes, buscando maximizar retorno e minimizar risco, além de ajudar no planejamento financeiro e na sucessão patrimonial dos grupos familiares que assessora. A equação perfeita, infelizmente, só existe no livre texto. Mas é possível adequar cada carteira ao perfil de risco e necessidade de liquidez de cada cliente, e aos objetivos futuros de cada um.

Tratando especificamente dos objetivos futuros, aí vai uma pergunta: você acredita que terá gastos em dólares para sempre? Pense em viagens, intercâmbio dos filhos, cursos de pós-graduação, etc... Se a sua resposta foi “sim”, é de fundamental importância que seus investimentos gerem renda em dólares. Afinal de contas, não podemos contar com a sorte quando o assunto é a taxa de câmbio brasileira. Pense no argentino que nunca investiu em ativos dolarizados. O peso se depreciou em mais de 30 vezes em relação ao dólar nas últimas décadas. Ou seja, os hermanos que não investiam em dólares estão simplesmente ilhados por falta de poder aquisitivo. Os que sempre tiveram consciência dessa necessidade, se salvaram. E os ingredientes que levaram nossos vizinhos a essa catástrofe econômica são os mesmos citados no primeiro parágrafo.

A boa notícia é que o mercado de capitais no Brasil vem se desenvolvendo a passos largos nos últimos anos. Hoje em dia é extremamente simples investir em ativos dolarizados, como fundos de investimentos em ativos internacionais, ETFs e BDRs. Ou seja, o investidor não precisa mais abrir uma conta fora do país, fazer uma remessa de câmbio e ligar para alguém de outro país para saber aonde investir em ativos dolarizados. O próprio assessor de investimentos, que já auxilia os clientes com investimentos em reais, pode (e deve) fazer a mesma coisa para a parte do patrimônio do cliente que será dolarizada.

Finalizo esclarecendo três dúvidas muito recorrentes em relação a investimentos dolarizados:

“Ok, entendi que devo dolarizar uma parte do meu patrimônio, afinal de contas, sempre terei despesas em dólares, os fundamentos macroeconômicos do Brasil não apontam para uma apreciação expressiva do real e o ambiente político é, e deve continuar, muito incerto. Mas qual o melhor timing para começar a comprar? Parece que o dólar já subiu bastante...”

Resposta: é impossível comprar na mínima e vender na máxima. Vale para o dólar e para todos os outros ativos. Considerando que a ideia é carregar o investimento dolarizado para longo prazo (lembre-se: você e sua família terão despesas em dólares para sempre), e que a probabilidade de uma apreciação relevante do real é muito baixa no horizonte visível (por relevante quero dizer uma apreciação superior a 20%, que seria equivalente a vir abaixo de R$/US$ 4,20), compre sempre e aos poucos. Tenha em mente sempre direcionar uma parte dos investimentos para ativos dolarizados, independentemente do nível em que o dólar esteja. Para compra de ativos que carregaremos a longo prazo, a estratégia de preço médio de aquisição é muito mais assertiva do que tentar adivinhar o melhor momento para comprar tudo de uma vez.

“Mas e o risco cambial de expor meu patrimônio a investimentos que podem perdem valor caso o dólar se desvalorize?”

Resposta: o maior risco é ter o patrimônio todo investido em ativos atrelados a uma moeda fraca, como o real, e não contrário. Por conta desse mito do “risco” cambial que passa pela cabeça de boa parte dos investidores brasileiros, as gestoras internacionais tiveram que adaptar seus veículos de investimento: boa parte dos fundos internacionais mencionados acima possuem versão sem exposição ao dólar (com hedge cambial) e com exposição ao dólar (sem hedge cambial). Para o investidor que ainda está construindo sua parcela de investimentos dolarizados, a versão com hedge cambial simplesmente não faz sentido algum

“Qual é a proporção ideal de ativos dolarizados (percentual de investimentos dolarizados em relação ao patrimônio todo) que devo ter na minha carteira de investimentos?”

Resposta: não existe um número mágico pois cada investidor tem seu perfil de risco. O importante é ter em mente o seguinte: quanto mais conservador você se julga, maior a parcela do seu patrimônio que deve estar alocada em ativos dolarizados. E vice-versa. Afinal de contas, risco (cambial) de verdade é manter todo seu patrimônio aplicado em ativos domésticos esperando que os próximos governos resolvam a questão do déficit público, que é o grande fator macroeconômico responsável pela forte depreciação do real desde 2010. O atual governo, aparentemente, já fracassou nessa missão.

 


Leonardo Milane - sócio e economista da VLG Investimentos e professor da FIA

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