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segunda-feira, 7 de abril de 2025

Abril verde: campanha traz alerta para a saúde e segurança no trabalho

Especialista do CEJAM explica as principais doenças ocupacionais e como os cuidados e a prevenção podem garantir um futuro mais saudável

 

A campanha “Abril Verde” tem como intuito alertar a população brasileira sobre a importância da saúde e segurança no trabalho, ampliando a conscientização em relação aos riscos e à prevenção.

Conforme o Dr. Gustavo Vinent, médico e supervisor de Saúde Ocupacional do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, as doenças ocupacionais mais prevalentes no país variam de acordo com a área de trabalho, mas estão frequentemente associadas a ambientes inadequados ou à falta de medidas preventivas.

Entre as principais doenças ocupacionais, destacam-se:

  • Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT): causadas por movimentos repetitivos e posturas inadequadas.
  • Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR): decorrente da exposição prolongada a ruídos altos.
  • Doenças Respiratórias e Asma Ocupacional: provocadas pela exposição a agentes químicos ou biológicos.
  • Dermatoses Ocupacionais: problemas de pele ocasionados pelo contato com substâncias químicas ou irritantes.
  • Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho: estresse ocupacional e síndrome de burnout, que têm aumentado devido às pressões no ambiente de trabalho.

Mudanças no perfil das doenças ocupacionais

Nos últimos anos, o perfil das doenças ocupacionais tem passado por transformações significativas. Em 2023, a lista de doenças relacionadas ao trabalho foi atualizada pelo Ministério da Saúde. Patologias como Covid-19, burnout, novos tipos de câncer, abuso de drogas, tentativa de suicídio e transtornos mentais foram adicionadas.

“A inclusão de novas doenças na lista do Ministério da Saúde reflete a evolução das condições de trabalho e os novos desafios enfrentados pelos trabalhadores. A pandemia da Covid-19, o aquecimento global e os maiores riscos ambientais, além de algumas mudanças regulatórias foram determinantes para esse acréscimo”, afirma o médico.


Grupos de trabalhadores mais vulneráveis

Dr. Gustavo pontua que alguns grupos de trabalhadores são mais vulneráveis a desenvolver doenças ocupacionais. “Essas vulnerabilidades estão ligadas a fatores como condições de trabalho inadequadas, falta de políticas de proteção e desigualdades sociais”, enfatiza. Confira:

  • Profissionais de saúde: exposição a agentes biológicos, altos níveis de estresse e longas jornadas.
  • Trabalhadores da construção civil: expostos a riscos físicos, como quedas, e a agentes químicos, como poeira e solventes.
  • Operários industriais: lidam com máquinas pesadas, ruídos intensos e substâncias tóxicas.
  • Trabalhadores informais: muitas vezes não têm acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs) ou condições adequadas de trabalho.
  • Mulheres e minorias sociais: enfrentam desigualdades no ambiente de trabalho e menos suporte.
  • Trabalhadores de tecnologia: uso prolongado de dispositivos eletrônicos, podendo levar a problemas como LER/DORT e estresse.

“As doenças ocupacionais têm um impacto significativo na vida do trabalhador, tanto em termos de saúde física e mental quanto em aspectos sociais e econômicos. Elas podem causar limitações físicas, dores crônicas, estresse, ansiedade, depressão, isolamento social, perda de renda e custos médicos elevados. Além disso, as empresas também sofrem com o aumento do absenteísmo, da sinistralidade e das despesas com substituição e treinamento de funcionários”, completa Vinent.

Prevenção: a chave para um ambiente de trabalho saudável

A prevenção é essencial para reduzir os impactos das doenças ocupacionais. Nesse sentido, o médico destaca algumas medidas que merecem atenção:

  • Ergonomia: garantir um ambiente de trabalho projetado para reduzir tensões físicas e mentais, com cadeiras e mesas ajustáveis, pausas e rotatividade.
  • Treinamento: capacitar os trabalhadores sobre os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção.
  • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): fornecer e assegurar o uso adequado de EPIs para proteger os trabalhadores contra riscos de exposição ambiental.
  • Condições de Trabalho Seguras: identificar e eliminar, ou minimizar, os fatores de risco no ambiente de trabalho.
  • Saúde Mental: criar políticas de apoio psicológico e combate ao estresse, oferecendo acesso a terapia ou programas de bem-estar.


Diagnóstico e sintomas

É fundamental que os trabalhadores estejam atentos aos sinais e sintomas das doenças ocupacionais. "A melhor forma de identificar um problema de saúde é sempre consultando um médico, mas, em geral, deve-se suspeitar de quadros de início lento, porém persistente e progressivo ao longo do tempo", lembra o especialista.

Alguns exemplos de sintomas comuns incluem: dores, formigamentos, dormências musculares, problemas respiratórios, irritações de pele, esgotamento mental, perda de concentração, insônia, desmotivação, zumbidos nos ouvidos e perda auditiva.

O diagnóstico precoce não é apenas essencial para evitar complicações e garantir um tratamento mais eficiente, mas também para servir como um alerta para identificar e corrigir fatores de risco no ambiente de trabalho, protegendo outros trabalhadores.

Um compromisso de todos

A prevenção de doenças ocupacionais é um compromisso de todos. Ao cuidar preventivamente da saúde, utilizar proteção e seguir as normas de segurança, os trabalhadores garantem sua qualidade de vida. Os empregadores também demonstram responsabilidade social e aumentam a produtividade ao promover ambientes seguros e saudáveis.

"Respeito mútuo e a colaboração são fundamentais para um ambiente produtivo e saudável. Juntos, podemos criar um futuro em que o trabalho e o bem-estar podem caminhar lado a lado”.

 



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial


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