Especialista do CEJAM explica as principais doenças ocupacionais e como os cuidados e a prevenção podem garantir um futuro mais saudável
A
campanha “Abril Verde” tem como intuito alertar a população brasileira sobre a
importância da saúde e segurança no trabalho, ampliando a conscientização em
relação aos riscos e à prevenção.
Conforme
o Dr. Gustavo Vinent, médico e supervisor de Saúde Ocupacional do CEJAM -
Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, as doenças ocupacionais mais
prevalentes no país variam de acordo com a área de trabalho, mas estão
frequentemente associadas a ambientes inadequados ou à falta de medidas
preventivas.
Entre
as principais doenças ocupacionais, destacam-se:
- Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT):
causadas por movimentos repetitivos e posturas inadequadas.
- Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR):
decorrente da exposição prolongada a ruídos altos.
- Doenças Respiratórias e Asma Ocupacional:
provocadas pela exposição a agentes químicos ou biológicos.
- Dermatoses Ocupacionais:
problemas de pele ocasionados pelo contato com substâncias químicas ou
irritantes.
- Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho:
estresse ocupacional e síndrome de burnout, que têm aumentado devido às
pressões no ambiente de trabalho.
Nos
últimos anos, o perfil das doenças ocupacionais tem passado por transformações
significativas. Em 2023, a lista de doenças relacionadas ao trabalho foi
atualizada pelo Ministério da Saúde. Patologias como Covid-19, burnout, novos
tipos de câncer, abuso de drogas, tentativa de suicídio e transtornos mentais
foram adicionadas.
“A
inclusão de novas doenças na lista do Ministério da Saúde reflete a evolução
das condições de trabalho e os novos desafios enfrentados pelos trabalhadores.
A pandemia da Covid-19, o aquecimento global e os maiores riscos ambientais,
além de algumas mudanças regulatórias foram determinantes para esse acréscimo”,
afirma o médico.
Grupos de trabalhadores mais vulneráveis
Dr.
Gustavo pontua que alguns grupos de trabalhadores são mais vulneráveis a
desenvolver doenças ocupacionais. “Essas vulnerabilidades estão ligadas a
fatores como condições de trabalho inadequadas, falta de políticas de proteção
e desigualdades sociais”, enfatiza. Confira:
- Profissionais de saúde:
exposição a agentes biológicos, altos níveis de estresse e longas
jornadas.
- Trabalhadores da construção civil:
expostos a riscos físicos, como quedas, e a agentes químicos, como poeira
e solventes.
- Operários industriais:
lidam com máquinas pesadas, ruídos intensos e substâncias tóxicas.
- Trabalhadores informais:
muitas vezes não têm acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs)
ou condições adequadas de trabalho.
- Mulheres e minorias sociais:
enfrentam desigualdades no ambiente de trabalho e menos suporte.
- Trabalhadores de tecnologia: uso
prolongado de dispositivos eletrônicos, podendo levar a problemas como LER/DORT
e estresse.
“As
doenças ocupacionais têm um impacto significativo na vida do trabalhador, tanto
em termos de saúde física e mental quanto em aspectos sociais e econômicos.
Elas podem causar limitações físicas, dores crônicas, estresse, ansiedade, depressão,
isolamento social, perda de renda e custos médicos elevados. Além disso, as
empresas também sofrem com o aumento do absenteísmo, da sinistralidade e das
despesas com substituição e treinamento de funcionários”, completa Vinent.
Prevenção: a chave para um ambiente de trabalho saudável
A
prevenção é essencial para reduzir os impactos das doenças ocupacionais. Nesse
sentido, o médico destaca algumas medidas que merecem atenção:
- Ergonomia:
garantir um ambiente de trabalho projetado para reduzir tensões físicas e
mentais, com cadeiras e mesas ajustáveis, pausas e rotatividade.
- Treinamento:
capacitar os trabalhadores sobre os riscos ocupacionais e as medidas de
prevenção.
- Equipamentos de Proteção Individual (EPIs):
fornecer e assegurar o uso adequado de EPIs para proteger os trabalhadores
contra riscos de exposição ambiental.
- Condições de Trabalho Seguras:
identificar e eliminar, ou minimizar, os fatores de risco no ambiente de
trabalho.
- Saúde Mental:
criar políticas de apoio psicológico e combate ao estresse, oferecendo
acesso a terapia ou programas de bem-estar.
Diagnóstico e sintomas
É
fundamental que os trabalhadores estejam atentos aos sinais e sintomas das
doenças ocupacionais. "A melhor forma de identificar um problema de saúde
é sempre consultando um médico, mas, em geral, deve-se suspeitar de quadros de
início lento, porém persistente e progressivo ao longo do tempo", lembra o
especialista.
Alguns
exemplos de sintomas comuns incluem: dores, formigamentos, dormências
musculares, problemas respiratórios, irritações de pele, esgotamento mental,
perda de concentração, insônia, desmotivação, zumbidos nos ouvidos e perda
auditiva.
O
diagnóstico precoce não é apenas essencial para evitar complicações e garantir
um tratamento mais eficiente, mas também para servir como um alerta para
identificar e corrigir fatores de risco no ambiente de trabalho, protegendo
outros trabalhadores.
Um compromisso de todos
A
prevenção de doenças ocupacionais é um compromisso de todos. Ao cuidar
preventivamente da saúde, utilizar proteção e seguir as normas de segurança, os
trabalhadores garantem sua qualidade de vida. Os empregadores também demonstram
responsabilidade social e aumentam a produtividade ao promover ambientes
seguros e saudáveis.
"Respeito mútuo e a colaboração são fundamentais para um ambiente produtivo e saudável. Juntos, podemos criar um futuro em que o trabalho e o bem-estar podem caminhar lado a lado”.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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