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Iakobchuk |
Em conjunto com a ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), as principais entidades médicas brasileiras definiram critérios
de boas práticas nas linhas de cuidados oferecidas pela rede privada de saúde.
A partir de reunião realizada no final de março, os planos de saúde mantêm
inalterado o rastreamento mamográfico individualizado para o câncer de mama em
mulheres dos 40 aos 74 anos de idade. Mas como novo parâmetro, a ser ajustado
por operadoras e planos privados de assistência à saúde no Programa de Certificação
de Boas Práticas em Atenção Oncológica (Oncorede), foi anunciada a busca ativa
individualizada bienal para rastreamento mamográfico na faixa de 50 a 69 anos
de idade.
No encontro, a representação da ANS reiterou que os
ajustes não trazem alteração na cobertura obrigatória dos planos de saúde, que
prevê o rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos de idade. Ressaltou ainda
que a realização da mamografia bilateral, sem limitação de idade, é obrigatória
e tem que ser disponibilizada sempre que houver indicação médica.
Como consenso, os participantes da reunião
estabeleceram que as regras do Oncorede devem deixar claras que nenhuma
operadora, certificada ou não, poderá negar o acesso ao exame de mamografia
solicitado por médicos. De forma complementar, a ANS pontuou que a participação
das operadoras de planos de saúde no programa de certificação é voluntária.
As entidades de especialidades se comprometeram a
orientar os profissionais a preencherem as guias da TISS (Troca de Informação
em Saúde Suplementar) usadas para internações e serviços de apoio diagnóstico
terapêutico (SADT). De acordo com os representantes das entidades, a medida
permitirá a identificação e a análise de dados sobre a incidência de doenças
como o câncer de mama na saúde suplementar. Além disso, alinhou-se que a
recomendação brasileira de rastreamento para o câncer de mama, publicada pelas
entidades envolvidas na discussão em 2023, será incluída na base teórica do
documento norteador do Oncorede.
Para entidades médicas participantes da reunião, a
manutenção do rastreamento mamográfico entre 40 e 74 anos pelos planos de saúde
reduz, pelo menos em parte, o impasse surgido a partir da Consulta Pública nº
144, realizada pela ANS entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Na avaliação
de especialistas, a proposta fragilizava a prevenção ao câncer de mama para
mulheres com menos de 50 e mais de 74 anos de idade.
Como novo parâmetro, definido a partir da reunião
com a ANS, os planos de saúde devem ajustar, a partir de agora, protocolos
junto ao Oncorede para rastreamento mamográfico por busca ativa bienal no
segmento de 50 a 69 anos de idade.
Com uma taxa de incidência de 41,89 casos por grupo
de 100 mil mulheres, estima-se que entre 2023 e 2025, o Brasil registre 73.610
novos casos de câncer de mama. Dados de 2021 apontam uma taxa de mortalidade de
11,71 óbitos por 100 mil mulheres, com destaque para as regiões Sul e Sudeste.
Destaque-se que 44% dos casos e 22% das mortes
decorrentes do câncer de mama afetam mulheres abaixo dos 50 anos. Além disso,
34% das mortes ocorrem acima dos 70 anos, em que há, comparativamente, um
percentual maior de diagnóstico avançados em relação à população na faixa
etária de rastreamento. Para as entidades, esses índices mostram que o câncer
de mama acomete um percentual maior de mulheres mais jovens no Brasil, quando
comparado com Europa e Estados Unidos. Também sugerem que o diagnóstico precoce
é importante em mulheres mais idosas.
A reunião contou com a presença do diretor de
Desenvolvimento Setorial (DIDES) da ANS, Maurício Nunes, e de representantes do
Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(Febrasgo). Também participaram especialistas da Associação Médica Brasileira
(AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Brasileira de
Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
De acordo com os participantes das entidades
médicas, a reunião com a ANS teve o mérito de oferecer um consenso que
representa um importante marco na construção de políticas públicas de saúde
para prevenir e enfrentar o câncer de mama, considerado o tipo mais comum em
mulheres no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, sendo a primeira
causa de morte por conta de neoplasias junto à população feminina.
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