“Inícios saudáveis, futuros esperançosos” é o mote da campanha em defesa da saúde materna e neonatal que a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou no Dia Mundial da Saúde (7). A mobilização chamou a atenção para o alto número de mortes evitáveis entre gestantes e recém-nascidos e a necessidade de ações efetivas em todos os níveis do sistema de saúde. Alécio Oliveira, ginecologista, obstetra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), relata os principais desafios enfrentados por gestantes e bebês no Brasil.
Os números são alarmantes: somente na América Latina e no Caribe, ocorre uma morte materna a cada hora. Mundialmente, são 300 mil mortes por ano relacionadas à gestação ou ao parto. Outros 2 milhões de recém-nascidos morrem no primeiro mês de vida. “Valorizar o pré-natal, garantir condições dignas de parto e fortalecer o cuidado no pós-parto não é apenas uma meta do sistema de saúde, é um compromisso social com as futuras gerações”, destaca Alécio.
O acompanhamento pré-natal é a principal ferramenta para prevenir essas mortes. Segundo o docente do CEUB, o não acompanhamento adequado durante o pré-natal, a falta de estrutura nos partos e a falta de suporte emocional geram consequências diretas na saúde e na vida de mães e filhos. “É durante o pré-natal que conseguimos rastrear fatores de risco, diagnosticar precocemente doenças e agir a tempo de evitar complicações para mãe e bebê”, destaca.
As transformações biológicas e emocionais durante a
gestação exigem acolhimento e orientação especializada, sendo que, quando essas
mudanças não acontecem de forma plena, podem surgir quadros de morbidade com
impactos físicos e emocionais. “Muitas vezes, o sofrimento psicológico está
ligado à falta de apoio, à gravidez não planejada ou rejeitada, e à ausência de
um ambiente seguro para lidar com tudo isso”, observa o docente do CEUB,
reforçando o cuidado humanizado e o vínculo entre profissional de saúde e
paciente para construir confiança e empatia.
Estilo de vida saudável e
assistência contínua
Além do cuidado emocional, o especialista lembra que hábitos saudáveis são aliados para uma gestação tranquila. Alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, controle do estresse e padrão de sono adequado ajudam a evitar intercorrências comuns no período. Segundo o médico, uma boa assistência pré-natal também atua na prevenção de prematuridade, no planejamento de parto seguro e na preparação da estrutura necessária para um atendimento adequado ao recém-nascido.
“No período perinatal o bebê precisa de suporte
para adaptação cardíaca, respiratória e térmica. Uma assistência qualificada
pode evitar sequelas que comprometem a saúde da criança na infância,
adolescência e vida adulta”. Oliveira defende ainda a amamentação nos primeiros
seis meses de vida e cuidados no puerpério: “Muitas mulheres enfrentam o
cansaço físico e emocional, a solidão e até quadros de depressão pós-parto. Ter
uma rede de apoio e profissional é decisivo para garantir o bem-estar dessa mãe
e, consequentemente, do bebê”.
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