A cantora sertaneja Naiara Azevedo, hoje com 35 anos, revelou recentemente que recebeu o diagnóstico de menopausa precoce quando tinha apenas 28 anos. Ondas intensas de calor, mudanças bruscas de humor e um mal-estar constante foram os primeiros sinais que a levaram a procurar ajuda médica.
"Parecia que estava tudo descompensado, acontecendo ao
mesmo tempo. Demorei para procurar ajuda porque já não menstruava há anos,
então nem pensei que fosse algo relacionado à saúde ginecológica", revelou
Naiara em depoimento aberto à imprensa, dando voz a uma condição ainda pouco
compreendida e frequentemente ignorada por muitas mulheres.
O que é realmente a menopausa precoce?
Menopausa precoce acontece quando a mulher deixa de menstruar de maneira definitiva antes dos 40 anos. E embora se associe naturalmente a menopausa à fase dos 50 anos, a realidade é que milhares de mulheres passam por esse quadro ainda jovens, vivendo em silêncio sintomas que afetam profundamente sua saúde física, emocional e psicológica.
O médico nutrólogo e especialista em saúde hormonal, Dr.
Francisco Saracuza, explica que, em termos médicos, ela ocorre porque os
ovários param precocemente de produzir quantidades suficientes dos hormônios
femininos essenciais, principalmente estrogênio e progesterona. Com essa
mudança hormonal abrupta, o corpo feminino enfrenta uma transição intensa, que
pode acarretar consequências sérias se não identificada e tratada
adequadamente.
Por que acontece tão cedo com algumas mulheres?
Um dos grandes problemas da menopausa precoce é justamente a
falta de entendimento sobre suas causas. Muitas mulheres simplesmente não
conseguem relacionar seus sintomas à menopausa justamente por ainda serem
jovens.
Entre as principais causas que explicam a menopausa precoce estão:
- Genética e histórico familiar: Mulheres cujas mães ou irmãs tiveram menopausa precoce têm risco mais alto.
- Doenças autoimunes: Condições como lúpus, artrite reumatoide e doenças da tireoide podem acelerar o envelhecimento dos ovários.
- Intervenções médicas: Quimioterapia, radioterapia ou cirurgias que envolvam retirada dos ovários podem antecipar essa transição hormonal.
- Fatores ambientais e estilo de vida: Estresse crônico intenso, tabagismo, exposição excessiva a toxinas e dietas extremamente restritivas podem afetar o funcionamento ovariano.
- Insuficiência ovariana prematura (IOP): Uma condição na qual os
ovários deixam de funcionar adequadamente, independentemente da idade da
mulher.
O perigo de não procurar ajuda
O caso da Naiara Azevedo é emblemático, especialmente porque destaca algo muito comum: a demora em buscar ajuda médica. "Como eu não menstruava há muito tempo, não procurei um ginecologista logo de cara", afirmou a cantora.
E aqui está uma questão crítica: muitas mulheres acabam atribuindo os sintomas intensos à rotina puxada, ao excesso de trabalho ou estresse emocional. E enquanto esperam, sem saber, correm riscos reais para a saúde a longo prazo. Entre as consequências mais preocupantes da menopausa precoce não tratada estão:
- Infertilidade
permanente
- Maior
risco de osteoporose e fraturas ósseas
- Aumento
do risco cardiovascular precoce
- Perda
de memória e comprometimento cognitivo
- Ansiedade,
depressão e alterações de humor profundas
- Problemas sexuais e baixa libido, afetando significativamente a autoestima e relacionamentos
A importância de um diagnóstico preciso e ágil
O diagnóstico não precisa ser difícil. Uma avaliação médica
cuidadosa, exames de sangue específicos para avaliar hormônios (como o FSH e
estradiol), ultrassonografia dos ovários e uma investigação clínica detalhada
geralmente são suficientes para identificar o quadro.
Quanto mais cedo houver um diagnóstico, melhores serão as
possibilidades de tratamento e qualidade de vida.
Reposição hormonal: tratamento e qualidade de vida
O Dr. Francisco Saracuza comenta que, ao contrário do que
muita gente acredita, menopausa precoce não é uma sentença à baixa qualidade de
vida. Com tratamento correto e acompanhamento especializado, é perfeitamente
possível recuperar o equilíbrio físico, emocional e hormonal.
A reposição hormonal é uma das ferramentas mais eficientes nesse processo. Ao repor de maneira personalizada os hormônios em níveis seguros e equilibrados, a mulher pode:
- Reduzir significativamente os sintomas desagradáveis como ondas de calor, insônia e irritabilidade.
- Proteger o sistema cardiovascular, reduzindo os riscos associados à falta de estrogênio.
- Melhorar a densidade óssea, prevenindo osteoporose precoce.
- Restabelecer o equilíbrio emocional e psicológico, recuperando o bem-estar.
Mas é essencial lembrar: a terapia hormonal precisa ser
feita com orientação médica especializada, individualizada e regularmente
monitorada.
Menopausa não é tabu, é informação e autocuidado
A coragem de Naiara Azevedo em falar abertamente sobre sua menopausa precoce aos 28 anos joga luz em um tema delicado e extremamente necessário. Não apenas por trazer à tona uma discussão profunda sobre saúde feminina, mas também por permitir que milhares de outras mulheres reconheçam sintomas semelhantes e possam buscar ajuda cedo.
É hora de abandonarmos preconceitos ultrapassados e entender
que menopausa – mesmo quando precoce – não significa o fim da juventude,
feminilidade ou qualidade de vida. Muito pelo contrário: com informação
correta, tratamento especializado e autocuidado constante, é possível
transformar esse diagnóstico em um ponto de virada positivo.
O Dr. Francisco Saracuza conclui: “O primeiro passo para esse caminho é entender o corpo, ouvir seus sinais e jamais deixar de procurar ajuda especializada. A menopausa pode ser precoce, mas a qualidade de vida e a felicidade das mulheres nunca devem chegar tarde demais.”
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