Perseguição, digital ou física, pode levar a 3 anos de prisão
O
presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que inclui no código penal o crime de
perseguição, física ou online, conhecido também como "stalking". Após
publicação no Diário Oficial, a lei já está em vigor e prevê pena de seis
meses a dois anos de prisão, além de multa, para quem for condenado. Com
agravantes, a reclusão pode chegar a 3 anos.
O advogado Max Kolbe, do escritório Kolbe Advogados Associados, explica que a
pena pode ser agravada caso o crime seja cometido contra crianças,
adolescentes, idosos e mulheres (por razões da condição do sexo feminino), por
duas ou mais pessoas ou com o emprego de arma.
"A pena pode ser aumentada em 50%. A nova lei também revoga o artigo 65 da
lei de contravenções penais, que previa o crime de perturbação da tranquilidade
alheia com prisão de 15 dias a dois meses e multa. A prática passa a ser
enquadrada no crime de perseguição", ressalta Kolbe,
Avanço importante na legislação
O especialista em segurança pública Leonardo Sant'Anna explica que a nova
medida é um avanço importante da legislação. "Passamos a compreender que
qualquer pessoa pode ser incomodada, e aí não falamos apenas de mulheres, em
que pese saibamos que sejam as mais prejudicadas e perseguidas", explica.
Sant'Anna acredita que a nova lei ameniza bastante o incômodo causado por
aquelas pessoas que têm sido perseguidas, não só de forma física e pelas ruas,
como era previsto anteriormente no código penal, mas também com o uso de
qualquer meio tecnológico, como câmeras, telefones ou aplicativos de mensagens.
"Temos a novidade de uma pena aumentada, onde a importunação tem que
acontecer com frequência, sendo também necessário que o ofendido que se sinta
incomodado e denuncie às autoridades para que o crime seja caracterizado, não
permitindo que outra pessoa encaminhe essa informação às autoridades
policiais", diz.
Lei reduz prejuízos psicológicos e desdobramentos fatais, explica cientista
política especializada no público feminino
Fernanda Sales, cientista política e criadora da LUMAS - marca que exalta o empoderamento feminino - conta que acompanha a proposta desde 2019 com grande expectativa.
"Existe uma alta correlação entre casos de feminicídio e stalking. Em alguns países, mais de 70% destas vítimas alegavam sofrer perseguição antes do crime. O mais importante para as mulheres é protegê-las antes que o stalking se torne assédio e perseguição, reduzindo os prejuízos psicológicos e desdobramentos fatais", disse.
Segundo a especialista, a lei amplia a chance da mulher conseguir sair de situações de risco. "Mesmo quando uma medida protetiva poderia ser recusada, a mulher pode conseguir se proteger em casos de perseguição sem ameaça direta de violência física", esclarece.
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