Em uma sociedade
pluricultural, a discussão sobre inclusão da diversidade e a promoção da
equidade de gênero dentro dos espaços sociais são cada vez mais frequentes e
necessárias, inclusive no mercado de trabalho. A diversidade de gênero dentro
de uma organização traz equilíbrio e gera benefícios em termos de clima e
orgulho de pertencimento. Apesar das mulheres conquistarem cada vez mais espaço
dentro do mercado, ainda enfrentam desigualdades no cotidiano. Dados do IBGE apontam que,
em 2016, as mulheres ocuparam 44% das vagas do mercado formal de trabalho,
porém o salário médio feminino correspondia a apenas 77,2% do masculino. A
pesquis a mostrou também que a participação feminina cai conforme o aumento de
nível hierárquico, ou seja, as mulheres ganham espaço, mas ainda não estão
equiparadas nas posições de direção e gerência (representam 37%). Já quando se
trata de comitês executivos de empresas, tal percentual é ainda mais reduzido,
apenas 10%.
A representatividade
feminina na Nielsen Brasil supera significativamente a do mercado brasileiro
como um todo (51,2% de participação feminina dentro da empresa) e também está
acima do nível nacional quando falamos em cargos gerenciais e diretivos,
contando com 46% de mulheres na direção e 61% como gerentes. Além disso, hoje,
elas representam 55% dos principais talentos da empresa, críticos de retenção.
De acordo com a pesquisa interna, Nielsen Women in Leadership, as
mulheres líderes da Nielsen estão dispostas a assumir altos cargos de liderança e um terço das
funcionárias confiam fortemente que podem alcançar suas aspirações de carreira
dentro da empresa. Não foi relatado nenhum tipo de preconceito de gênero no que
se refere à ascensão a novos cargos ou movimento entre áreas, mostrando-se
proporcional entre homens e mulheres. O bônus de compensação e pagamento de
ações também refletem paridade. Também é identificado um nível semelhante de
desempenho entre as mulheres e os homens, o que vem garantindo que o avanço
feminino dentro da empresa seja equivalente à sua representação.
A pesquisa interna mostrou
que os obstáculos que impactam a representatividade de mulheres em cargos de
alto nível no mercado de trabalho estão ligados, principalmente, a uma
insensibilidade e preconceito inconsciente, além da dupla jornada de trabalho,
que muitas delas enfrentam, já que 40% das mulheres incluídas no mercado de
trabalho também são chefes de família. Essa dupla carga de trabalho faz com que
as mulheres trabalhem, em média, três horas a mais do que os homens durante a
semana, resultando em um maior esgotamento físico e mental. Assim, antes de
assumir um papel de liderança sênior, as mulheres dentro do mercado de trabalho
avaliam o estilo e os comportamentos dos outros líderes. Piadas inadequadas que
estereotipam o humor ou emoções das mulheres, chamadas noturnas com frequência
para discutir assuntos de baixa urgência ou a naturalização de trabalhar
durante o fim de semana são algumas das atitudes que fazem com que as mulheres
titubeiem em aceitar um cargo de liderança.
Mas, por que a representação
feminina é importante dentro do ambiente de trabalho? Olhando o ranking
de comportamentos eficazes de um líder no enfrentamento de desafios futuros, o
estudo Women Matter, realizado em 2017 pela Mckinsey Survey, mostra que
as mulheres tendem a usar cinco das nove atitudes de maneira mais efetiva do
que os homens. O estudo revela também que três dos quatro comportamentos mais
importantes para uma boa performance corporativa são mais aplicados pelas
mulheres, mostrando que o equilíbrio de gênero traz benefícios para os resultados
da empresa. O principal comportamento do ranking, o estímulo intelectual, é
utilizado igualmente entre os homens e as mulheres.
A adoção de projetos que
visam a inclusão e o equilíbrio de gênero facilitou e culminou em resultados
acima do mercado. Um exemplo é o grupo de associados WIN (Women in Nielsen),
que busca promover equidade de gêneros na empresa, estimulando o aumento do
número de mulheres em cargos de liderança. Durante os seus três anos de
atuação, o grupo foi o responsável por organizar com frequência treinamentos
para conscientização dos colaboradores e também fazer a Nielsen se tornar uma
Empresa Cidadã, aumentando a licença maternidade das mulheres de 4 para 6
meses, e a licença paternidade de cinco para vinte dias úteis. Além disso, o
grupo promove conversas sobre a dupla jornada de trabalho com funcionários de
ambos os gêneros, a fim de incentivar a divisão de tarefas em casa.
Dicas Nielsen:
10
maneiras de promover a representação feminina em funções seniores
·
Modele
abertamente como você gerencia o trabalho e o tempo fora dele;
·
Mostre
respeito e atenção;
·
Não
faça brincadeiras inadequadas, mesmo com boa intenção;
·
Você
diria isso para um homem? Se não, não diga;
·
Preste
atenção quando a pessoa estiver falando;
·
Pense
antes de fazer solicitações desnecessárias fora do horário de trabalho;
·
Tenha
consciência de não excluir mulheres de decisões/discussões de negócios;
·
Mentore
e forneça acesso igual para as mulheres;
·
Interrompa
a pessoa que interrompe as mulheres;
·
Procure
oportunidades para valorizar o trabalho das mulheres de sua equipe;
·
Reconheça
a realização e não o sacrifício;
·
Não
decida e não assuma o que as pessoas querem ou podem fazer;
·
Diversifique
talentos e tomadores de decisão;
·
Ofereça
coaching e apoio para incentivar e preparar mulheres para cargos de alto nível;
·
Construa
confiança nas mulheres de maneira ativa;
Thalita Ribeiro - diretora
de recursos humanos da Nielsen Brasil.
Fontes:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2016;
Mckinsey Survey Women Matter,
2017;
Nielsen Global Study Women in
Leadership Study, October 2018;
Programa Diversidade & Inclusão Nielsen Brasil, Setembro 2018.