Especialista
do Hospital Villa-Lobos explica que doença é essa e dá orientações para evitar
o problema
O
Dia dos Namorados é uma data controversa. Uns amam, outros detestam. Os casais
apaixonados, evidentemente, fazem parte da primeira turma. Já os do segundo
grupo desejam ardentemente que o calendário pule do dia 11 para o dia 13 de
junho, pois nesse dia dá uma dorzinha de cotovelo difícil de aguentar. No
entanto, poucas pessoas sabem que essa dor pode ir além do estado emocional.
Mais comum do que se imagina, a epicondilite lateral do cotovelo afeta de 1% a
3% da população adulta, anualmente. “É muito comum hoje em dia o paciente
chegar ao consultório com queixa de dor de cotovelo”, afirma o ortopedista
chefe do Hospital Villa-Lobos, Jorge Bitun.
Conhecida
popularmente como “cotovelo de tenista”, a epicondilite não é uma doença
limitada aos jogadores de Tênis. “Apenas de 5% a 10% dos pacientes que
apresentam esse tipo de dor praticam esse esporte, sendo assim é mais comum em
não atletas, principalmente na faixa etária de 40 a 50 anos”, detalha o
especialista. Segundo ele, a lesão atinge homens e mulheres em igual proporção
e é mais frequente no braço dominante: pessoas destras tendem a sentir dor no
cotovelo direito, já as canhotas se queixam de dores no lado esquerdo.
A
epicondilite ocorre quando os músculos que fazem a extensão do punho e dos
dedos – que tem origem na parte lateral do cotovelo – sofrem uma sobrecarga
excessiva, principalmente em atividades com o punho para cima (estendido), já
que, nesses casos, esses músculos extensores ficam contraídos, gerando tensão
no local de origem. Essa sobrecarga gera então um processo inflamatório. Caso
esse excesso continue ocorrendo e a inflamação não apresente melhora,
cicatrizes de fibrose podem se formar transformando uma dor esporádica em
crônica. O médico explica que qualquer atividade que realize movimentos
repetitivos de punho e dedos para cima (extensão) pode gerar a epicondilite
lateral, como movimentos no computador e exercícios de musculação ou ainda
aqueles chamados de prono-supinação, como os utilizados para usar uma chave de
fenda, por exemplo.
A
dor causada pela epicondilite é localizada na parte lateral do cotovelo e pode
irradiar para o antebraço. “A dor fica próxima a uma proeminência óssea e é bem
identificada pelo paciente”, explica Bitun. Nesse caso, pode haver diminuição
de força para extensão do punho dos dedos. Para diagnóstico da doença a
radiografia e a ultrassonografia são exames que podem auxiliar, mas a
ressonância magnética é mais precisa e permite avaliar tanto a epicondilite
lateral quanto outras alterações locais.
O
tratamento inicial consiste na diminuição da dor e da sobrecarga. Para a
diminuição da dor existem diversas opções: gelo, medicações analgésicas e
anti-inflamatórias, acupuntura e fisioterapia. “Eventualmente na fase mais
dolorosa podem ser realizadas infiltrações para alívio dos sintomas”, detalha o
médico. O uso de órteses para punho ou de cintas na região do cotovelo também é
útil para diminuir a tensão local. “Em seguida, o fortalecimento dos tendões e
antebraço é iniciado, de modo progressivo. A melhora da dor nem sempre é
imediata e a resolução completa da doença pode levar até 1 ano”, diz.
Bitun
orienta as pessoas a melhorarem a postura durante as atividades no computador,
apoiar o antebraço completamente na mesa e usar apoios de teclado e mouse (como
aqueles em que o punho permanece lateralizado) como forma de evitar a doença.
Além disso, fazer pausas periódicas durante as atividades e se alongar podem
ser métodos úteis tanto para a prevenção, quanto tratamento da dor de cotovelo
física. Já a emocional só o tempo cura. E não tem prevenção.