Em um mundo que busca incessantemente pela inclusão e diversidade, ainda existe um grupo subestimado e frequentemente ignorado: os superdotados com personalidade autodidata. Essa é uma das principais preocupações do Dr. Fabiano de Abreu Agrela, neurocientista e presidente de sociedades de alto QI, que tem se dedicado a projetos como o “Teacher Coach para Autodidatas” e o “Gifted”, visando promover a pesquisa e o debate sobre as necessidades únicas dos superdotados.
O Cérebro Autodidata: Uma Estrutura Singular
Estudos recentes, compilados e analisados pelo Dr.
Fabiano de Abreu, indicam que o comportamento autodidata não é uma simples
preferência ou escolha, mas uma expressão enraizada em fatores genéticos e
neurobiológicos. O córtex pré-frontal (PFC), região responsável pelo
planejamento e controle executivo, é fundamental no processamento das
informações complexas e na busca por aprendizado independente. Superdotados
frequentemente apresentam uma densidade sináptica mais elevada e uma
conectividade funcional aprimorada nessas áreas, o que os torna propensos ao
aprendizado autodirigido. Essa característica é intensificada pela atividade no
hipocampo, que facilita a consolidação de memórias e a associação de novas
informações ao conhecimento pré-existente.
O Dr. Fabiano ressalta que a dopamina, um
neurotransmissor-chave, desempenha um papel central na motivação e na busca por
desafios intelectuais. “Os superdotados com perfil autodidata possuem um
sistema dopaminérgico altamente sensível que sustenta a motivação intrínseca e
a recompensa associada à exploração do conhecimento”, explica. Essa propensão,
muitas vezes associada ao polimorfismo Val66Met do
gene BDNF e variantes do gene COMT, reflete a complexidade do
aprendizado autodirigido e a sua ligação com predisposições genéticas.
A Frustração e as Consequências para a Saúde
Infelizmente, os ambientes acadêmicos padronizados, com regras
rígidas e currículos inflexíveis, representam um desafio substancial para
superdotados com essas características. De acordo com as análises conduzidas
pelo Dr. Fabiano de Abreu, essa inadequação pode levar à frustração crônica,
que se manifesta em um ciclo de ansiedade, estresse e, em casos mais graves,
comprometimento da saúde mental. “O impacto não é apenas psicológico; há uma
correlação entre a frustração contínua e sintomas físicos, como distúrbios do
sono, dores de cabeça e aumento nos níveis de cortisol”, comenta o Dr. Fabiano.
A necessidade de se adaptar a um sistema que não
reconhece suas especificidades empurra esses indivíduos para o isolamento e a
introversão guiada, um mecanismo de autopreservação que os distancia ainda mais
das interações sociais e do desenvolvimento acadêmico pleno. “O isolamento não
é uma escolha, mas uma resposta à falta de estímulo e compreensão por parte dos
sistemas que deveriam nutrir suas capacidades”, afirma o neurocientista.
A Inclusão dos Superdotados: Uma Questão de Justiça
Cognitiva
Como defensor da causa superdotada, Dr. Fabiano de Abreu
Agrela argumenta que é imperativo repensar as práticas educacionais e
reconhecer a diversidade cognitiva como um direito fundamental. O projeto
“Teacher Coach para Autodidatas” visa capacitar educadores e profissionais para
entender e acolher as necessidades de superdotados, permitindo que esses
indivíduos se desenvolvam de forma saudável e produtiva.
“A inclusão de superdotados com personalidade autodidata
não é apenas uma questão de justiça educacional; é um investimento no potencial
transformador dessas mentes que podem contribuir significativamente para a
sociedade”, conclui Dr. Fabiano. Para ele, respeitar e valorizar essas
diferenças é um passo essencial para criar um ambiente onde a diversidade
cognitiva seja celebrada, e não reprimida.
Uma Nova Perspectiva
O trabalho do Dr. Fabiano de Abreu Agrela é uma chamada
urgente para que escolas, universidades e políticas públicas reconheçam as
complexidades do aprendizado autodidata. Em um tempo em que a inclusão é uma
bandeira levantada, não se pode mais ignorar as necessidades dos superdotados,
sob pena de perpetuar um sistema educacional que priva a sociedade do talento e
da inovação que esses indivíduos podem oferecer.
Dr. Fabiano de Abreu Agrela - Neurocientista, Presidente
das Sociedades ISI e ePiq, Diretor do IIS e Coordenador do Intertel Brasil
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