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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Novembro Azul: sete mitos sobre exames e tratamento do câncer de próstata

O especialista em urologia, Dr. Samuel Juncal, explica os erros presentes nessas crenças e a importância de procurar auxílio médico regular.

 

Tema central do Novembro Azul, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais acomete os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mesmo com alta incidência, a doença ainda não recebe a devida atenção por parte dos homens, principalmente devido a estigmas e mitos associados aos exames e tratamento. 

Um mito bastante difundido entre os homens é “o exame de próstata é destinado apenas a homens mais velhos”. Tal crença, contudo, além de perigosa, está desconectada com a realidade, uma vez que, apesar de aumentar com a idade, homens jovens podem sim desenvolver a doença. Então, a prática de exames regulares não deve ser descartada, principalmente a partir dos 45 anos. 

Outra crença infundada muito comum é “apenas homens com sintomas precisam de exames de próstata”. De acordo com o médico urologista, Dr. Samuel Juncal, esse é um mito que precisa ser quebrado, uma vez que o câncer de próstata pode ser assintomático na fase inicial. “O cuidado regular por parte da população masculina é essencial. Quando falamos de câncer de próstata, é necessário considerar que a doença pode apresentar estágio assintomático, tornando mais difícil a detecção. Por isso a recomendação por exames regulares”. 

Em relação ao exame de toque retal em si, ainda há muito preconceito, levando ao senso comum ideias como “o exame de próstata é doloroso”, “o exame de toque retal é o único método para detectar o câncer de próstata” e “o exame de próstata afeta a masculinidade”. Essas crenças afetam a procura dos homens por cuidados médicos, principalmente devido ao machismo ainda presente na sociedade. Em 2023, por exemplo, menos de 40% dos homens com mais de 50 anos realizaram exames de próstata, de acordo com estudo da farmacêutica Apsen em parceria com as seccionais da Sociedade Brasileira de Urologia no Rio de Janeiro e em São Paulo. 

“É importante quebrarmos algumas crenças. Primeiro, o exame de toque retal dura apenas alguns segundos e pode haver um pequeno desconforto, mas não causa dor intensa. Outro ponto é que existe outro exame para detecção da doença como o teste de PSA, Antígeno Prostático Específico, que aumenta as chances de detecção precoce. Já em relação a ‘afetar a masculinidade’, é uma ideia absurda. O exame é essencial para a saúde masculina e isso deve estar acima de preconceitos. Cuidar de si não faz de uma pessoa menos homem, muito pelo contrário”, explica Juncal.

Devido ao histórico familiar, também é comum acreditar que a doença não pode ser prevenida. Contudo, por mais que o histórico aumente os riscos de desenvolver um câncer de próstata, exames regulares e um estilo de vida saudável podem ajudar na detecção precoce e redução de riscos. “Embora não eliminem o risco, manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios regularmente pode ajudar na manutenção da saúde da próstata”, explica o urologista.

Em casos de confirmação da doença, os sentimentos podem ser conflitantes, sendo comum o desespero inicial. A partir daí, surge a ideia de que esse câncer é sempre fatal e não há mais resolução, contudo, tal ideia não condiz com a realidade. “Quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata tem altas taxas de tratamento bem-sucedido. É possível viver uma vida com qualidade e dignidade após a detecção. Lógico que é necessário um acompanhamento médico regular, mas é totalmente possível realizar um tratamento eficaz e ter qualidade de vida. Muitos homens vivem por muitos anos após o diagnóstico”, conclui o médico.


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