Processo
é simples e laboratório fornece kit para coleta do dente de leite logo após a
queda
A
ciência avança em alta velocidade em relação ao uso de células-tronco no tratamento de
várias doenças. Testes clínicos já são feitos para saber qual a contribuição
delas no combate à diabetes, cirrose hepática, fraturas ósseas e queimaduras de
alto grau. Muitas vezes, por falta de conhecimento, o material não é coletado
do tecido do cordão umbilical – uma das fontes de células-tronco – e os pais
lamentam terem perdido essa oportunidade. Agora, surge uma nova alternativa:
armazenar as células-tronco mesenquimais (que são as que tem capacidade de se
diferenciar em diversos tecidos) no processo de troca de dentes de leite pela
dentição permanente.
“A
coleta a partir da polpa de dente de leite é simples e permite aos pais que
façam aquilo que seguramente queriam ter feito no momento do parto: armazenar
as células-tronco mesenquimais mais jovens possíveis”, explica a diretora do
StemCorp, Dra. Mariane Secco. Além da polpa de dente, a pesquisa revelou que o
tecido adiposo e o tecido do cordão umbilical (e não o sangue como se fazia
antes) são ricas fontes de células-tronco mesenquimais.
Para
a coleta das células-tronco mesenquimais na troca da dentição, a StemCorp
fornece um kit aos pais. Basta colocar o dente no pote indicado, assim que ele
for extraído, em casa mesmo, como acontece normalmente, e enviar ao
laboratório. “A partir deste material, fazemos o isolamento das células-tronco
mesenquimais e posteriormente o armazenamento destas células”, conta a
pesquisadora.
Os
mesmos pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-tronco da
USP (Universidade de São Paulo) que descobriram, durante a Tese de Doutorado,
que as células-tronco mesenquimais, presentes no tecido do cordão umbilical,
são muito mais valiosas do que as do sangue, estão agora à frente da StemCorp e
trabalham com a coleta e armazenamento de células-tronco de diferentes fontes.
O estudo, orientado pela geneticista Mayana Zatz, foi publicado nas mais
conceituadas revistas científicas do mundo. As células-tronco mesenquimais
possuem várias vantagens, de acordo com as pesquisas realizadas pelo grupo: são
as mais adaptáveis, podem se transformar em células de diferentes tecido, e,
por isso poderão ser usadas para diversos fins.
“Quanto
mais jovens a célula-tronco mesenquimal, melhor. E com a criopresevação (o
congelamento a baixas temperaturas) ela se mantém com a mesma idade em que foi
coletada”, esclarece Dra. Mariane Secco. Esse material poderá ser usado no
futuro e, o que é mais importante, existe a possibilidade de expansão
(multiplicação em laboratório), sem perda de características e propriedades. “A
tecnologia e o conhecimento científico para a expansão de células-tronco
mesenquimais não é simples, requer laboratórios de alto padrão e profissionais
de ponta, mas permite o uso em mais situações”, explica a pesquisadora.