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segunda-feira, 13 de abril de 2020

Coronavírus: planejamento é a palavra-chave para as empresas


A sensação de estar com a corda no pescoço já é comum para muitas empresas, principalmente quando se trata do pequeno e médio negócio. Em 2015, uma pesquisa do JPMorgan Chase Institute revelou que metade das pequenas empresas nos Estados Unidos tinha caixa para sobreviver por apenas 27 dias sem novas receitas. De lá para cá, pouca coisa mudou e ainda fomos surpreendidos com a pandemia do Covid-19.

A falta de planejamento nas empresas é atemporal. Quando pensamos em quantas famílias dependem do funcionamento de um mercado de bairro, uma mercearia ou pizzaria, entendemos a gravidade que é a fonte de receita de tantas pessoas ser bruscamente interrompida, como no caso de uma determinação de isolamento.

As demandas do dia a dia, naturalmente, consomem tanto o empresário que acaba sobrando pouco tempo para preparar os passos para os próximos meses. Bom, “falta de tempo” para planejar tem sido a desculpa dos empresários, mas o que se observa é que fazer planejamento dá trabalho, exercitar a capacidade de prever acontecimentos não é fácil, então eles vivem o dia-a-dia, resolvendo os problemas conforme aparecem, sem se preocupar em preveni-los. Além disso, a falta de conhecimento sobre como fazer um planejamento bem estruturado também é prejudicial. Há ainda quem o faça corretamente, mas que acabe não seguindo o que foi planejado ou abandonando o plano no meio do caminho.

A lógica é mais simples do que parece: se, em tempos de abundância, eu fizer um planejamento financeiro, nas épocas de escassez, terei plenas condições de passar pelas adversidades sem tantos impactos. Mas, se nunca me planejo para fortalecer meu caixa, quando as vendas caírem fortemente, terei que tomar ações de urgência, como demissões, empréstimos, entre outras.

Um bom planejamento, seguido à risca, é capaz de evitar que o empresário viva pela urgência e é o remédio para evitar que os problemas continuem aparecendo no dia a dia. Ele deve conter objetivos claros e específicos, estratégias com foco nesses objetivos e o passo a passo para que elas sejam atingidas. Também é recomendado reunir semanal ou quinzenalmente todos os envolvidos no planejamento para fazer o acompanhamento dessas atividades, medindo sua eficácia e fazendo os ajustes necessários. Além disso, a empresa deve pensar, pelo menos, para os próximos seis meses – o ideal mesmo são planejamentos trimestrais, uma vez que os anuais e até os semestrais tendem a ser deixados de lado.

Uma empresa deveria ter pelo menos três meses de caixa a custos e despesas fixas (idealmente seis meses) como reserva para passar por períodos de baixa. Alguns acreditam que este parâmetro é impossível de se obter. Normalmente, estes são os mesmos que não se planejam para tanto, e de modo geral, não conhecem de forma precisa seus custos e despesas. Todos sabem da necessidade de se apurar, medir, analisar e gerir os custos e despesas, mas a prática é bem diferente da teoria na esmagadora maioria dos casos.

Por fim, um ponto importante é que não dá para culpar o coronavírus pela falta de planejamento. Um dado divulgado ao IBGE referente a 2014 mostra que, de cada 10 empresas abertas no Brasil, seis fecham as portas antes de completar cinco anos. Ou seja, o problema não é de hoje. Claro que a pandemia do Covid-19 atingiu a humanidade de maneira absurda, mas, como todas as outras, faz parte de um ciclo com início e fim, e as empresas que souberem enxergar uma oportunidade neste momento sairão dessa crise ainda mais fortes. O que podemos esperar é que empresas que já possuíam uma cultura de planejamento conseguirão driblar as dificuldades com mais tranquilidade e fazendo menos sacrifícios. Sem dúvidas, o planejamento é o que poderá salvar as empresas da crise do coronavírus. Só que agora o planejamento é de contingência para a crise e precisa ser feito imediatamente. Então, nunca foi tão importante fazer planejamento, mesmo parecendo um paradoxo agora que a incerteza é alta.





Marcos Yabuno Guglielmi - coach empresarial certificado da ActionCOACH, empresa número 1 do mundo em coaching empresarial.


O momento da consciência e da mediação


Em meio a pandemia declarada pela OMS sobre a disseminação do COVID-19, a partir de 11 de março de 2020 a vida dos brasileiros começou a sofrer uma enorme mudança.

Os primeiros casos em São Paulo começaram a surgir, tomando uma curva crescente e assustadora, levando o Governo do Estado de São Paulo decretar quarentena até o dia 07 de abril de 2020 e agora prorrogada para 22/04/2020, podendo ser prorrogado por mais tempo, e até determinar se será isolamento total (isolamento ampliado) ou parcial (isolamento seletivo).

A partir dos fechamentos do comercio não essenciais, deu-se início a grande preocupação de como ficarão os negócios, como pagar as dívidas, como receber de seus clientes, ou seja, a incerteza total.

Uma certeza existe, após este pandemônio, como apelidei a pandemia, a qual gerou uma tremenda confusão em todo o mundo, haverá gradativamente a retomada dos negócios.

Neste momento, vários artigos, em especial jurídicos, trazem à tona a teoria da imprevisão, o caso fortuito ou força maior, o fato do príncipe, todos previstos em nosso ordenamento jurídico.

Foi apresentado um Projeto de Lei do Senado (PL 1179/2020) restringindo os direitos privado, de forma temporária em razão da crise que já assola o país. Também busca a não prática de calote por parte de aproveitadores, que infelizmente neste momento trágico, surgem como formigas.

Porém, o momento não é de litígio, mas de negociação, caso contrário, não sobrará pedra sobre pedra, ou como dizem nas redes sociais, a situação da latinha, ou seja, lá tinha uma loja, lá tinha um shopping, etc...

Muitos empresários vão enfrentar uma luta insana com os Bancos em especial, pois como historicamente, as instituições financeiras são frígidas, buscando apenas o lucro e a redução dos riscos. Já acompanhamos alguns clientes que estão buscando negociação de seus contratos de capital de giro, em espacial os parcelados bem como outros garantidos por duplicatas. As respostas dos Bancos, ao menos por enquanto, é de aceitar a postergações de parcelas para o final do contrato e/ou acatar as prorrogações dos títulos em caução. Porém, querem aplicar uma taxa de juros proibitivas, elevando a dívida de forma que deixa todos os seus clientes inseguros de assinar os aditamentos dos contratos, e que os levará ao inadimplemento.

Por que esta citação acima? Porque a negociação e a mediação são de suma importância, afinal, se os Bancos continuarem com esta linha, certamente não terão clientes no amanhã muito próximo. Os Bancos lucraram centenas de milhões no ano de 2019, sem contar nos anos anteriores, não seria o momento de apoiar aqueles que lhes fizeram realizar tantos lucros? Ou é ora de matar a galinha dos ovos de ouro?

A minha orientação a todos é buscar uma negociação antes de qualquer outra decisão, negociar, negociar, negociar é o caminho. Buscar uma mediação, se caso for, pois os bancos principalmente, não concederam uma carência aos seus clientes, não aprovarem os créditos de repasse de recursos do BNDES, não atendendo seus clientes com as linhas crédito para a folha de pagamento, não terão mais clientes, e não é daqui um tempo, é imediato, pois inúmeros se tornarão insolventes.

Caso os bancos, os locadores de imóveis, os fornecedores não se engajarem na busca de uma rápida solução, a segunda onda, como fala o Ministro Paulo Guedes, será devastadora. A única certeza que temos é que esta segunda onda, como em um tsunami, esta se armando para arrasar com a nossa economia não sendo diferente em outros países que foram atingidos pela primeira onda (contaminação e mortes) terão também que tratar da segunda onda, com uma diferença, eles são mais ricos do que nós, os europeus tem a comunidade europeia e os Estados Unidos é um país de muitas reservas. E o Brasil?

As escolas e os pais de alunos devem negociar, reduzir o valor das mensalidades dentro de um cenário que se descortina, não há aulas presenciais, há portanto a redução de seus custos fixos, como energia elétrica, agua, produtos de limpeza e higiene, bem como, podem renegociar com seus funcionários a redução de salários. O ponto primordial a ser levado em consideração é que muitos pais são profissionais autônomos e que estão sem atividade, outros foram demitidos, outros tiveram seus salários reduzidos. Da mesma forma que os Bancos, as escolas podem sofrer um cancelamento de seus contratos de prestação de serviços educacionais em massa, sendo ainda muito mais traumático do que a negociação. Todos esquecem que, se mantiverem receitas, podem administrar os custos, mas sem receita, não temo que administrar.

Fabricantes, distribuidores, lojistas, e demais, precisam entre si se acordarem de como poderão buscar uma forma factível de negociar, pois não pode esquecer que um depende do outro, enquanto são fornecedores também possuem seus fornecedores, cada um deve buscar uma forma de parcelar, pagando ao menos uma parte de sua divida. Como diz o Feng Shui, a roda da fortuna deve girar, mesmo que seja em velocidade menor.

Não havendo um consenso entre devedores e credores, além das vidas que se perderão e os efeitos colaterais que atingirá nossa economia, entre eles, uma enxurrada de pedidos de falência, Recuperação Judicial, declaração de insolvência, execuções de dividas, busca e apreensão de bens financiados ou dados em garantia, consolidação das escrituras de alienação fiduciária dados em garantia de empréstimos , e demais medidas de tentativa de recuperação de créditos.

Podemos ainda trazer uma correlação da quebra geral de 1929, levando em especial, os Estados Unidos a quebra, onde tiveram milhares de suicídios.

Portanto o futuro é incerto, mas sem dúvidas enfrentaremos uma enorme recessão nunca antes vista, não somente o Brasil, mas o mundo, pois os governos estão se endividando para atender as necessidades do povo, e não há arrecadação, em razão do isolamento social ampliado.

Se cada um de nós agir de forma consciente, responsável, flexibilidade, tentar olhar para um horizonte maior, certamente teremos uma melhora na circulação de recursos, cada um atendendo e respondendo pela sua capacidade de assumir as eventuais postergações que possam vir a existir. Aqueles que souberem administrar a atual situação certamente ressurgirão mais fortes e experientes.






Paulo Eduardo Akiyama - formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.  Para mais informações acesse http://www.akiyamaadvogadosemsaopaulo.com.br/ E-mail akyama@akiyama.adv.br


Pandemia impulsiona o surgimento de uma nova geração de aprendizes; pais, filhos e educadores se reinventam


A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), estima que metade dos estudantes em todo o mundo, 850 milhões de crianças e adolescentes de 102 países, terão que ficar em casa por semanas ou meses. Diante de uma pandemia que exige o distanciamento social, as sociedades têm enfrentado o desafio de se reorganizar para manter o fluxo de trabalho e de educação dentro das próprias casas, contando com o apoio da tecnologia para aproximar alunos, professores e pais. Da noite para o dia, a sala de aula veio para dentro de muitos lares! Ao refletir sobre o papel desempenhado pelos pais brasileiros na vida educacional dos filhos, vemos que este momento pode ser acompanhado por uma grande oportunidade para que as famílias se aproximem do processo de aprendizagem de crianças e jovens. Se enxergamos esse momento em perspectiva, vamos interpretar essa vivência de um modo mais otimista; uma experiência que nos levará a um novo patamar como pais e mediadores corresponsáveis pela educação que se inicia em sala de aula, mas que segue atuante em todos os momentos da vida do estudante. Não estamos dizendo que o aprendizado a distância será o futuro da educação; ao contrário, este é um momento de exceção e, apesar de ter que ser tratado como tal, também pode ser visto como um potencial impulsionador de mudanças positivas – e tão necessárias – na educação brasileira.

O desafio está imposto a todos. Para as famílias cabe a ampliação do próprio repertório sobre o ato de educar. Quando pensamos a educação em um sentido amplo e questionamos pais e responsáveis sobre o que desejam para os filhos, invariavelmente eles respondem com palavras como colaboração, solidariedade, empatia, compaixão, honestidade, responsabilidade, resiliência, autocuidado e autoestima, capacidade de resolver problemas com criatividade, pensamento crítico e científico, flexibilidade e adaptabilidade. Nesse sentido, estamos diante de um momento que vai definitivamente marcar nossas vidas com muitos aprendizados; vai, ainda, marcar a história da educação com muitas transformações. São exatamente essas situações-limite – de maior desafio, conflito e desconforto, que extrapolam a sala de aula –, que melhor servem como alavanca de aprendizado significativo para lidar com os desafios da vida.

Entretanto, os pais e responsáveis devem saber que a educação online, implementada em um contexto como o da quarentena, tem peculiaridades. Sair temporariamente da escola física para a digital requer um preparo e profissionalismo que muitas soluções não oferecem. É necessário estar atento ao uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica, que apresenta um olhar para a educação – uma forma de educar que dialoga com as demandas do século XXI. Análise do Fórum Econômico Mundial revela que a pandemia do coronavírus está mudando a forma como milhões de pessoas são educadas no mundo ao fornecer uma brecha digital para que novas abordagens pedagógicas, com uso de tecnologias, sejam implementadas como alternativas às salas de aula fechadas. Com tantas mudanças, a oportunidade aqui é a da inovação educacional para muitas escolas que mantêm o paradigma tradicional de ensino e aprendizagem que não conversa mais com a geração atual de estudantes. 

Todos nós – escola, educadores, professores, estudantes e famílias – estamos sendo convidados, ou melhor, obrigados, a repensar crenças e atitudes; a desaprender e aprender; a se aventurar em novas práticas e possibilidades. Ao mesmo tempo e, em especial, a desenvolver e fortalecer valores como a colaboração, compaixão e solidariedade. Escolas e professores estão trabalhando intensamente para redesenhar totalmente os processos de ensino-aprendizagem, calendários e currículos para conseguirem não somente se adaptarem ao modelo a distância, mas para garantir que ocorra com máxima eficiência de aprendizagem. Em paralelo, ainda apoiam a formação dos estudantes e famílias para lidarem com esses novos modelos de trabalho. Os estudantes, por sua vez, estão sendo desafiados a aprenderem com maior autonomia a assumirem uma maior responsabilidade pelo próprio aprendizado; a se organizarem para atingir os objetivos definidos, desenvolverem novos hábitos e rotinas de estudo. As famílias, que muitas vezes se mantiveram distantes da rotina acadêmica dos filhos – em função de limitações impostas pela rotina do trabalho –, estão tendo a oportunidade de se reaproximarem e se conectarem com os filhos; retomarem o papel de mediadores, acompanhando e apoiando as rotinas de estudo.

Quando pensamos nos recursos didáticos, novas formas de trocas e relacionamento entre professores e estudantes serão intensificadas daqui em diante. Este é um processo já em curso, mas ainda tímido na educação brasileira; em contrapartida, as experiências de outros países já mostram naturalidade nesta relação entre tecnologia e educação. Neste contexto de isolamento, plataformas de aprendizagem digitais e ferramentas de comunicação virtuais tornaram-se imprescindíveis. O estudante de hoje, que já nasceu conectado à vida online, tem a oportunidade de desenvolver novas competências do uso do digital que lhe acompanharão por toda a vida, trazendo novos significados para além do entretenimento e do lazer como a responsabilidade do uso e a consciência dos riscos e oportunidades que o mundo virtual traz. Coordenadores, professores e famílias poderão ampliar a capacidade de apoio e acompanhamento a partir de dados e evidências oferecidos por um ambiente de aprendizagem digital.

Diante do novo e do inesperado, é natural que se instale algum tipo de tensão e ansiedade – o que deverá exigir autogestão e muito equilíbrio emocional de todos nós; competências essas, aliás, mais do que essenciais em um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo. Para que possamos aproveitar o momento imposto da melhor maneira possível, é imprescindível que uma relação de confiança, cooperação e empatia se estabeleçam entre todos os atores da comunidade escolar. Estaremos todos aprendendo juntos. Não existe uma solução única e o caminho será construído em conjunto. É fato que seremos muito desafiados; que algumas frustrações ocorrerão; e isso faz parte! Mais do que "sempre", espera-se da comunidade escolar uma atitude e mentalidade de crescimento, a partir da qual os erros são parte indissociável da jornada de aprendizado.

Uma nova geração de aprendizes está nascendo com a crise. Mais capaz e mais atenta aos desafios que virão pela frente. Talvez esse seja o “empurrão” que faltava para promover a tão necessária e desejada transformação da educação. O futuro nos confirmará as oportunidades que o presente impôs.





Mauro Romano  - Mestre e Engenheiro graduado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com MBAs pela Fundação Dom Cabral (FDC) e pela FEA-Unicamp/FIA-USP. Exerceu cargos de liderança nas áreas de inovação, alianças estratégicas e desenvolvimento organizacional em grandes corporações por mais de 17 anos. Como empreendedor social, participou de diversas organizações e negócios de impacto, entre eles a Artemisia, da qual é conselheiro. Foi professor dos MBAs da FATEC e BSP. Apaixonou-se por educação. Atualmente é educador parental, professor de Matemática e sócio-diretor da Geekie.


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