Deus salve o rei. A sorte está
lançada. Alea Jacta Est. As pedras estão catapultadas. O jogo vai começar. Ou vai ou racha,
de vez. Que vença o menos ruim
Sim, sim, desolador o horizonte de onde tenta surgir alguma
esperança de mudança e orientação desse país tão bonito, tão rico, tão
simpático e ao mesmo tempo tão maluco, que vive eclipsado por galáxias
inferiores. Deus caprichou quando semeou o que viria a ser esse nosso chão.
Agora só resta apelar a Ele.
Caveat emptor. “Cuidado,
comprador". O risco é seu quando for escolher os produtos que vai
pôr na cestinha da urna eletrônica, os ovinhos de onde espera que saiam
soluções para pôr fim a essa agonia que nos afunda ano após ano, aprofundando
perigosamente as diferenças sociais. Cada vez que pensamos agora, vai, somos
colocados diante de um muro, já cheio de gente se equilibrando em cima, se é
que me entendem. Muro que novamente aparece como uma barreira protetora,
pedindo que rezemos aos seus pés.
Estamos encastelados.
Nesse muro moderno não vamos lá lamentar e nem deixamos pedidos escritos com
nossos desejos. Nele, projetamos vídeos de celular – com imagens claras
deitadas e áudios sofríveis, mas que apontam a realidade e muitas das
necessidades – o que queremos. Mais, do que precisamos.
Quem acompanha
a série, a exibição, pode perceber o estado atual das coisas, a pobreza, as
obras inacabadas, as estradas intransitáveis, a dificuldade de expressão do
povo em sua própria língua pátria. Pode perceber também a imensidão dessa
terra de que às vezes esquecemos a real dimensão, as diferenças, os tipos, os
sotaques, os nomes das localidades, alguns que até contam a história de sua
criação, levam os nomes de seus fundadores; outros, que trazem poesia;
alguns, sua condição geológica, rochas, grutas, montanhas, montes.
Tudo muito lindo
parece mostrar um país inteiro que sabe o que quer. E, corajoso, não quer só
mostrar o lado bom de onde vivem. Apontam as faltas, como recém descobertos
árbitros de vídeo.
Não, não está a oitava
maravilha, faltam escolas, educação. Faltam diversidade, tolerância, cuidados
com a natureza e riquezas naturais. Condições de trabalho, produção e formas
de escoamento em uma malha de transportes integrada. Falta muito, além de
esquerda, direita, centro.
Rezamos a todos os
santos – muitos até homenageados com os seus nomes nessas cidades, onde
sempre têm uma capelinha – e o que nos aparece? Os mesmos de sempre,
atarracados como carrapatos no poder, querendo se reeleger.
Pior, alguns que
nem eleitos mereciam ter sido e querendo agora mais, governar, sentar na
cabeceira da mesa. Subir na vida nas nossas costas.
Mais de uma dezena de
candidatos a presidente, dezenas de senadores, centenas de deputados vão
procurar você de novo. De algum jeito vão tentar chegar a você e à sua
decisão. Vão se desculpar pelo que não fizeram, vão prometer o impossível,
pedir desculpas e perdão por seus erros, tentarão explicar botando sempre a
culpa em outro alguém. Até em você, preste atenção. Nossas costas são largas.
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Nós mesmos já estamos nessa -
nos culpando mutuamente como idiotas, já que
ninguém merece que nos
engalfinhemos. A maioria que ganha num determinado momento pode se dissolver
logo. O que vimos na Era PT, e depois no tchau para a Dilma – “qualquer coisa seria melhor”, pensávamos.
Vejam só: “o
qualquer coisa” foi mais uma decepção, um desastre. O líder popular não era bem assim,
e a primeira mulher
coisa e tal foi um festival de vacilos. Faça as contas: são
muitos anos deixados para trás.
O direito de errar, de
mal avaliar. O problema se torna mais dramático agora que as candidaturas se
apresentam e são todos tão questionáveis, alguns muito mais questionáveis que
outros. Novos, que são velhos. Alguns que se mostram e às suas verdadeiras
faces, piores ainda quando questionados.
Nos deixam entre a
cruz e a caldeirinha. Entre a cruz e a espada. Entre o agora ou nunca. Entre
o céu e o inferno. Entre o amor e a guerra. Entre o ódio e a paz. Entre o
ontem e o amanhã.
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Marli Gonçalves - jornalista. Tomara
que o final seja Veni,
vidi, vici (Vim,
Vi, Venci). Em latim ou em português bem claro.