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sábado, 8 de março de 2025

Mulheres, traumas e a construção de um futuro mais saudável

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Telma Abrahão ensina como cuidar da saúde mental feminina e construir uma sociedade emocionalmente saudável

 

O Dia Internacional da Mulher é uma data que celebra conquistas, mas também nos convida a refletir sobre desafios históricos e estruturais que ainda impactam a saúde mental, emocional e física das mulheres. Um desses desafios é o trauma – muitas vezes invisível, mas profundamente enraizado em experiências adversas da infância e da vida adulta. 

Pesquisas sobre Adverse Childhood Experiences (ACEs), mostram que mulheres estão entre as maiores vítimas de traumas precoces, seja por negligência, violência psicológica ou abusos físicos e emocionais. E esses traumas não desaparecem com o tempo – eles moldam a forma como pensamos, nos relacionamos e até mesmo como nosso corpo responde ao estresse, influenciando desde escolhas afetivas até a propensão a doenças crônicas. 

De acordo com a escritora best-seller, neurocientista e especialista em desenvolvimento infantil, Telma Abrahão: “A neurociência nos mostra que as marcas deixadas pelo trauma podem ser reescritas. O conhecimento sobre regulação emocional e a compreensão de como nosso sistema nervoso responde ao ambiente são ferramentas poderosas para que mulheres possam ressignificar suas histórias e quebrar ciclos geracionais de dor”, afirma. 

Ela compartilhou algumas dicas do que pode ser feito para aliviar essa carga e resgatar o equilíbrio. Confira:

 

1. Reconhecer e validar a própria dor 

Muitas mulheres foram ensinadas a minimizar seus sentimentos e seguir em frente. Mas silenciar a dor não a faz desaparecer — ela apenas se manifesta de outras formas, como ansiedade, exaustão ou dificuldades nos relacionamentos. O primeiro passo para aliviar esse peso é reconhecer que a dor tem um motivo e que você não está exagerando ou sendo fraca por senti-la.

 

2. Compreender o impacto do trauma no corpo e na mente 

O trauma não é apenas uma lembrança ruim; ele afeta diretamente o sistema nervoso, deixando o corpo em um estado constante de alerta ou congelamento. A teoria polivagal nos ensina que precisamos criar segurança interna para regular nosso sistema nervoso. Pequenas práticas, como respiração profunda, conexão com pessoas seguras e movimento corporal, ajudam a ativar o nervo vago e trazer mais equilíbrio emocional.

 

3. Criar limites e aprender a dizer “não” sem culpa 

Muitas mulheres carregam um peso emocional que nem é delas, tentando agradar a todos e evitar conflitos. O trauma pode levar à dificuldade em estabelecer limites claros, pois o medo do abandono ou da rejeição está enraizado. Aprender a dizer "não" sem culpa é um ato de respeito próprio e proteção emocional.

 

4. Construir relações seguras e nutritivas 

A cura não acontece sozinha. Estudos sobre neurobiologia do apego mostram que relações seguras e acolhedoras são essenciais para a regulação emocional. Buscar apoio em amigas, terapeutas e grupos que ofereçam escuta ativa e acolhimento pode ser transformador.

 

5. Trabalhar a autocompaixão e mudar o diálogo interno 

Muitas mulheres falam consigo mesmas de forma dura e crítica, repetindo padrões internalizados de infância. A autocompaixão é um dos caminhos mais eficazes para aliviar a carga emocional. Tratar-se com gentileza, reconhecer seus esforços e permitir-se descansar são atos de autocuidado que reprogramam a mente para um estado de mais equilíbrio e bem-estar.

 

6. Investir em conhecimento e transformação pessoal 

O autoconhecimento é uma das ferramentas mais poderosas para quebrar ciclos de dor. Compreender como o trauma afeta sua vida, aprender sobre regulação emocional e buscar abordagens baseadas na neurociência são passos fundamentais para construir uma vida mais leve e saudável. 

Empoderar mulheres não é apenas falar sobre independência financeira ou igualdade de direitos – é também dar acesso à educação emocional e científica sobre si mesmas. Quando uma mulher compreende como o trauma impacta seu corpo e sua mente, ela assume as rédeas de sua própria história e se torna protagonista da sua cura. 

“Neste Dia da Mulher, é essencial ampliarmos essa discussão. Cuidar da saúde mental feminina é um ato de amor, que não apenas transforma a vida individual de cada mulher, mas também impacta a próxima geração. Afinal, uma sociedade emocionalmente saudável começa com mulheres que tiveram a oportunidade de se curar!”, finaliza Telma Abrahão.


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