Telma
Abrahão ensina como cuidar da
saúde mental feminina e construir uma sociedade emocionalmente saudávelFreepik
O Dia Internacional da Mulher é uma data que celebra conquistas, mas também nos convida a refletir sobre desafios históricos e estruturais que ainda impactam a saúde mental, emocional e física das mulheres. Um desses desafios é o trauma – muitas vezes invisível, mas profundamente enraizado em experiências adversas da infância e da vida adulta.
Pesquisas sobre Adverse Childhood Experiences (ACEs), mostram que mulheres estão entre as maiores vítimas de traumas precoces, seja por negligência, violência psicológica ou abusos físicos e emocionais. E esses traumas não desaparecem com o tempo – eles moldam a forma como pensamos, nos relacionamos e até mesmo como nosso corpo responde ao estresse, influenciando desde escolhas afetivas até a propensão a doenças crônicas.
De acordo com a escritora best-seller, neurocientista e especialista em desenvolvimento infantil, Telma Abrahão: “A neurociência nos mostra que as marcas deixadas pelo trauma podem ser reescritas. O conhecimento sobre regulação emocional e a compreensão de como nosso sistema nervoso responde ao ambiente são ferramentas poderosas para que mulheres possam ressignificar suas histórias e quebrar ciclos geracionais de dor”, afirma.
Ela compartilhou algumas dicas
do que pode ser feito para aliviar essa carga e resgatar o equilíbrio. Confira:
1. Reconhecer e validar a
própria dor
Muitas mulheres foram
ensinadas a minimizar seus sentimentos e seguir em frente. Mas silenciar a dor
não a faz desaparecer — ela apenas se manifesta de outras formas, como
ansiedade, exaustão ou dificuldades nos relacionamentos. O primeiro passo para
aliviar esse peso é reconhecer que a dor tem um motivo e que você não está
exagerando ou sendo fraca por senti-la.
2. Compreender o impacto do
trauma no corpo e na mente
O trauma não é apenas uma
lembrança ruim; ele afeta diretamente o sistema nervoso, deixando o corpo em um
estado constante de alerta ou congelamento. A teoria polivagal nos
ensina que precisamos criar segurança interna para regular nosso sistema
nervoso. Pequenas práticas, como respiração profunda, conexão com pessoas
seguras e movimento corporal, ajudam a ativar o nervo vago e trazer mais
equilíbrio emocional.
3. Criar limites e aprender
a dizer “não” sem culpa
Muitas mulheres carregam um
peso emocional que nem é delas, tentando agradar a todos e evitar conflitos. O
trauma pode levar à dificuldade em estabelecer limites claros, pois o medo do
abandono ou da rejeição está enraizado. Aprender a dizer "não" sem
culpa é um ato de respeito próprio e proteção emocional.
4. Construir relações
seguras e nutritivas
A cura não acontece sozinha.
Estudos sobre neurobiologia do apego mostram que relações seguras e
acolhedoras são essenciais para a regulação emocional. Buscar apoio em amigas,
terapeutas e grupos que ofereçam escuta ativa e acolhimento pode ser
transformador.
5. Trabalhar a autocompaixão
e mudar o diálogo interno
Muitas mulheres falam
consigo mesmas de forma dura e crítica, repetindo padrões internalizados de
infância. A autocompaixão é um dos caminhos mais eficazes para
aliviar a carga emocional. Tratar-se com gentileza, reconhecer seus esforços e
permitir-se descansar são atos de autocuidado que reprogramam a mente para um
estado de mais equilíbrio e bem-estar.
6. Investir em conhecimento
e transformação pessoal
O autoconhecimento é uma das ferramentas mais poderosas para quebrar ciclos de dor. Compreender como o trauma afeta sua vida, aprender sobre regulação emocional e buscar abordagens baseadas na neurociência são passos fundamentais para construir uma vida mais leve e saudável.
Empoderar mulheres não é apenas falar sobre independência financeira ou igualdade de direitos – é também dar acesso à educação emocional e científica sobre si mesmas. Quando uma mulher compreende como o trauma impacta seu corpo e sua mente, ela assume as rédeas de sua própria história e se torna protagonista da sua cura.
“Neste Dia da Mulher, é
essencial ampliarmos essa discussão. Cuidar da saúde mental feminina é um
ato de amor, que não apenas transforma a vida individual de cada mulher, mas
também impacta a próxima geração. Afinal, uma sociedade emocionalmente saudável
começa com mulheres que tiveram a oportunidade de se curar!”, finaliza Telma
Abrahão.
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