Prevenção primária é a chave para conter o avanço de doenças cardiovasculares e especialista do Hospital Moinhos de Vento explica a relação
Você sabia que a maioria das mortes por doenças do coração
poderiam ser evitadas com hábitos simples e saudáveis? O envelhecimento da
população, junto com o sedentarismo, obesidade, hipertensão e diabetes, são os
principais vilões para o desenvolvimento de problemas cardíacos graves, como
arritmias, insuficiência cardíaca e até mortes por pressão alta. Globalmente,
as doenças cardíacas são a principal causa de morte, ceifando cerca de 17,9
milhões de vidas por ano, sendo um terço delas pessoas com menos de 70 anos.
Diante desse cenário, Carisi Anne Polanczyk, chefe do Serviço de
Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital Moinhos de Vento, enfatiza a
importância da prevenção primordial. Isso
significa agir antes mesmo que os fatores de risco apareçam.
"Muitas vezes, as pessoas só dão atenção à saúde depois de um
susto, como um infarto ou AVC", alerta a especialista. "Mas hoje, já
está mais do que provado que escolhas saudáveis impactam diretamente na nossa
saúde e qualidade de vida. Por mais óbvio que pareça, a prevenção precisa começar
cedo – idealmente agora mesmo – respeitando a realidade de cada um, mas antes
que a pressão alta, diabetes ou outras condições que aumentam os riscos
cardiovasculares se desenvolvam".
Segundo a cardiologista, a alimentação e prática de atividade
física são os pilares centrais e devem ser incentivados desde a infância.
"Os hábitos alimentares se formam entre os 6 e 7 anos. Depois disso, fica
muito mais difícil mudar", explica Carisi. Ela destaca que a obesidade
abdominal, por exemplo, é um sinal de alerta para o desenvolvimento do diabetes
tipo 2 e representa um risco maior para problemas cardiovasculares. É
preocupante saber que cerca de 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem
devido a doenças cardiovasculares, pois altos níveis de glicose, colesterol e
hipertensão contribuem para o entupimento das artérias. A prática de atividade
física desde primeiros anos e continuada permite manter peso saudável e
condicionamento físico, ambos complementares na prevenção de obesidade e risco
cardíaco.
A médica destaca que o cuidado com o coração deve se basear em três
pilares:
- Autoconhecimento: observar os
sinais do corpo e identificar hábitos ou fatores externos prejudiciais,
como estresse, poluição e falta de sono.
- Escolhas saudáveis: adotar uma
alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente,
garantir uma boa qualidade de sono e cultivar bons vínculos sociais.
- Acompanhamento médico: realizar exames
de rotina e monitorar constantemente fatores como colesterol, pressão arterial
e glicemia. A análise do risco genético também auxilia para entender o
empenho com riscos adicionais.
Entre as principais recomendações estão:
- Manter o peso adequado a sua estrutura corporal;
- Evitar alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas;
- Praticar ao menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica;
e incluir exercícios de resistência muscular, principalmente a partir dos
40 anos.
Soluções possíveis. Como parte de sua atuação na prevenção e no cuidado
cardiovascular, o Hospital Moinhos de Vento está na vanguarda do cuidado e
prevenção cardiovascular. Com a implementação da metodologia ICHOM
(International Consortium for Health Outcomes Measurement) no tratamento de
pacientes com insuficiência cardíaca, o hospital alcançou resultados notáveis.
A taxa de readmissão hospitalar em 30 dias caiu de 13-15% para 7,5% em 2024,
uma redução de 30%. Além disso, os próprios pacientes relataram uma melhora
significativa na qualidade de vida, com a pontuação média do questionário Kansas
City Cardiomyopathy Questionnaire (KCCQ) subindo 10 pontos, indicando um
ganho clinicamente relevante na percepção dos sintomas, capacidade funcional e
bem-estar geral.
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