Conectada, impaciente e movida por
propósito, a Geração Z está forçando empresas a repensarem sua forma de
contratar
Formulários longos, falta de feedback e processos seletivos que
duram semanas. Se você tem menos de 30 anos, é muito provável que já tenha
desistido de uma vaga antes mesmo de chegar à etapa final do processo.
Para a Geração Z — pessoas nascidas entre meados dos anos 1990 e
2010 — a paciência não é uma virtude quando o assunto é mercado de trabalho. E
isso está fazendo com que os times de RH questionem tudo: desde a forma como
divulgam uma vaga até como entrevistam e contratam.
“Os processos que funcionavam há cinco ou dez anos hoje não fazem
mais sentido. Essa geração quer velocidade, clareza e propósito. Se você não
entrega isso, ela simplesmente sai do processo”, afirma Thomas Costa, Chief
Growth Officer do Pandapé, software de RH mais usado na América Latina.
Até 2030, a Geração Z deve representar 30% da força de trabalho no
mundo, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho. No Brasil,
mais de 22 milhões de jovens desse grupo já estão economicamente ativos. Eles
cresceram com a lógica do streaming, do conteúdo sob demanda, das respostas
imediatas. E levam esse comportamento para o mercado de trabalho. Se o seu
processo seletivo demora semanas, o talento vai embora com quem responde em
dias.
“Essa geração investiga a empresa antes mesmo de se candidatar.
Eles observam o que colaboradores e ex-colaboradores dizem nas redes sociais e
conferem se os valores divulgados estão, de fato, sendo praticados. Mais do que
nunca, é preciso entender que a experiência do candidato começa antes mesmo do
primeiro contato com o RH”, explica Costa.
O problema é que muitas empresas ainda operam como se estivessem
em 2010. Processos engessados, frios e demorados afastam talentos. E o impacto
vai além da contratação: um candidato pode até aceitar a vaga, mas dificilmente
permanecerá nela.
Um dado da pesquisa mais recente do Infojobs com mais de 1.000
jovens brasileiros confirma o alerta: 61% da Geração Z dizem que já desistiram
de um processo seletivo por falta de feedback ou demora nas etapas. Ou seja, o
problema começa bem antes da contratação.
Como
se preparar para essa nova era?
Para Thomas Costa, três ações são urgentes:
- Digitalizar o processo: usar ferramentas simples, que funcionem
bem no celular e estejam conectadas às redes sociais. Facilitar o acesso é
fundamental para não criar barreiras desnecessárias;
- Humanizar o contato: dar feedback rápido, falar de forma
clara e empática, sem enrolação. Essa geração valoriza transparência e
quer se sentir respeitada em cada etapa;
- Treinar quem recruta: preparar o time de RH para entender a
linguagem, os valores e as expectativas dessa geração, para que a conversa
faça sentido e seja verdadeira.
“Recrutamento não é mais só sobre preencher vagas. Hoje, é preciso
criar conexões reais que envolvam e engajem o candidato desde o primeiro
contato — ou até antes dele”, reforça.
A concorrência por esses talentos já começou, e a Geração Z não
espera: ela escolhe quem está pronto.
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