Quando
se fala em cirurgia bariátrica, muita gente ainda associa exclusivamente à
perda de peso. Mas o procedimento vai muito além da balança: há uma verdadeira
revolução metabólica acontecendo no corpo dos pacientes. É o que revela o
cirurgião do aparelho digestivo Dr.
Rodrigo Barbosa, especialista no assunto.
“Hoje,
sabemos que a cirurgia bariátrica não é apenas uma cirurgia para emagrecer, mas
sim uma cirurgia metabólica. Ela provoca alterações hormonais profundas que
podem reverter doenças graves, mesmo antes de o paciente perder peso de forma
significativa”, explica o médico.
Diabetes tipo 2: remissão impressionante
Estudos
recentes mostram que até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2
podem entrar em remissão após a cirurgia, segundo dados atualizados da
International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders
(IFSO, 2024). “O curioso é que, em muitos casos, a glicemia já começa a
normalizar poucos dias depois da cirurgia, antes mesmo de o paciente perder
peso relevante. Isso acontece pela redução de hormônios como a grelina,
responsável pela fome, e aumento do GLP-1, que melhora a liberação de
insulina”, detalha o cirurgião.
Refluxo gastroesofágico e apneia do sono: melhora quase imediata
Pacientes
que sofrem com refluxo ácido ou apneia do sono também encontram alívio após o
procedimento. “No caso do refluxo, a diminuição da pressão intra-abdominal e a
mudança anatômica do estômago contribuem para reduzir ou eliminar os sintomas.
Já na apneia do sono, a perda de gordura ao redor das vias aéreas tem impacto
direto na qualidade do sono e na redução dos episódios de parada respiratória”,
afirma Dr. Rodrigo.
Dados
de 2024 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM)
mostram que mais de 60% dos pacientes deixam de precisar de aparelhos de CPAP
para apneia do sono após o emagrecimento cirúrgico.
Fígado gorduroso: uma ameaça silenciosa revertida
Outro
efeito surpreendente da cirurgia é sobre a esteatose hepática, conhecida como
fígado gorduroso, que afeta cerca de 25% da população mundial, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024). “A gordura no fígado está diretamente
ligada à resistência à insulina e ao acúmulo de gordura visceral. Com a
cirurgia, há regressão significativa do quadro, prevenindo cirrose e câncer
hepático”, alerta o especialista.
Mais que estética, é saúde
Dr.
Rodrigo reforça que o objetivo da cirurgia bariátrica hoje vai muito além da
estética: “É uma intervenção de saúde pública, que reduz complicações
cardiovasculares, melhora a qualidade de vida e diminui a mortalidade. É
fundamental que a população entenda que tratar a obesidade cirurgicamente é
tratar também todas as doenças que ela carrega junto.”
Em
2024, o Brasil registrou mais de 80 mil cirurgias bariátricas, consolidando-se
como o segundo país que mais realiza o procedimento no mundo, atrás apenas dos
Estados Unidos, segundo dados da SBCBM.
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