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terça-feira, 15 de julho de 2025

Mais do que emagrecer: cirurgia metabólica tem revolucionado o tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade, mostra especialista


Quando se fala em cirurgia bariátrica, muita gente ainda associa exclusivamente à perda de peso. Mas o procedimento vai muito além da balança: há uma verdadeira revolução metabólica acontecendo no corpo dos pacientes. É o que revela o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa, especialista no assunto.

“Hoje, sabemos que a cirurgia bariátrica não é apenas uma cirurgia para emagrecer, mas sim uma cirurgia metabólica. Ela provoca alterações hormonais profundas que podem reverter doenças graves, mesmo antes de o paciente perder peso de forma significativa”, explica o médico.
 

Diabetes tipo 2: remissão impressionante

Estudos recentes mostram que até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 podem entrar em remissão após a cirurgia, segundo dados atualizados da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders (IFSO, 2024). “O curioso é que, em muitos casos, a glicemia já começa a normalizar poucos dias depois da cirurgia, antes mesmo de o paciente perder peso relevante. Isso acontece pela redução de hormônios como a grelina, responsável pela fome, e aumento do GLP-1, que melhora a liberação de insulina”, detalha o cirurgião.
 

Refluxo gastroesofágico e apneia do sono: melhora quase imediata

Pacientes que sofrem com refluxo ácido ou apneia do sono também encontram alívio após o procedimento. “No caso do refluxo, a diminuição da pressão intra-abdominal e a mudança anatômica do estômago contribuem para reduzir ou eliminar os sintomas. Já na apneia do sono, a perda de gordura ao redor das vias aéreas tem impacto direto na qualidade do sono e na redução dos episódios de parada respiratória”, afirma Dr. Rodrigo.

Dados de 2024 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) mostram que mais de 60% dos pacientes deixam de precisar de aparelhos de CPAP para apneia do sono após o emagrecimento cirúrgico.
 

Fígado gorduroso: uma ameaça silenciosa revertida

Outro efeito surpreendente da cirurgia é sobre a esteatose hepática, conhecida como fígado gorduroso, que afeta cerca de 25% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024). “A gordura no fígado está diretamente ligada à resistência à insulina e ao acúmulo de gordura visceral. Com a cirurgia, há regressão significativa do quadro, prevenindo cirrose e câncer hepático”, alerta o especialista.
 

Mais que estética, é saúde

Dr. Rodrigo reforça que o objetivo da cirurgia bariátrica hoje vai muito além da estética: “É uma intervenção de saúde pública, que reduz complicações cardiovasculares, melhora a qualidade de vida e diminui a mortalidade. É fundamental que a população entenda que tratar a obesidade cirurgicamente é tratar também todas as doenças que ela carrega junto.”

Em 2024, o Brasil registrou mais de 80 mil cirurgias bariátricas, consolidando-se como o segundo país que mais realiza o procedimento no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados da SBCBM. 


 

Dr Rodrigo Barbosa - Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link


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