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No
mês de julho, a campanha Julho Amarelo é realizada para conscientizar sobre as
hepatites virais. Instituída pelo Ministério da Saúde, a iniciativa tem o
objetivo de alertar a população sobre a prevenção, já que as infecções são
silenciosas e, quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, podem evoluir
para formas graves, como cirrose e câncer no fígado.
As
hepatites virais são inflamações no fígado causadas por diferentes tipos de
vírus, sendo os mais comuns os tipos A, B, C, D e E, explica a Dra. Natália
Reis, infectologista da Santa Casa de São José dos Campos. “Cada um desses
vírus tem características próprias, modos de transmissão distintos e níveis
variados de gravidade. No Brasil, os tipos mais frequentes e perigosos são as
hepatites B e C”, diz.
Segundo
dados do Ministério da Saúde, 1.563 pessoas iniciaram o tratamento contra a
hepatite B e 3.032 contra a hepatite C nos primeiros meses de 2025. Esses
números representam, respectivamente, 22% e 20% do total de tratamentos
realizados ao longo de 2024, quando foram registrados 7.062 tratamentos para a
hepatite B e 14.818 para a hepatite C.
Embora
as hepatites não apresentem sintomas aparentes, podem causar sinais como
cansaço, dor abdominal, urina escura, fezes claras, enjoo, vômitos e icterícia
(pele e olhos amarelados). “Essa ausência de sintomas faz com que muitos casos
passem despercebidos, o que dificulta o diagnóstico precoce e contribui para a
disseminação da doença”, destaca Reis.
O
diagnóstico das hepatites é feito por meio de exames de sangue simples. A
testagem precoce é fundamental para interromper a cadeia de transmissão e
evitar complicações a longo prazo. “É importante que a população,
principalmente os grupos de risco, realize o teste regularmente”, orienta o
especialista.
Transmissão e prevenção
Os tipos A e E são transmitidos principalmente por água e alimentos
contaminados. Por isso, estão diretamente relacionados a condições precárias de
saneamento básico e higiene. Já os vírus B, C e D são transmitidas por via
sanguínea, por meio de relações sexuais desprotegidas e pelo compartilhamento
de objetos cortantes ou seringas.
“A
prevenção passa por atitudes simples no dia a dia, como lavar bem os alimentos,
garantir o consumo de água potável, usar preservativos, não compartilhar
agulhas e manter a vacinação em dia”, enfatiza. Atualmente, existem vacinas
eficazes contra as hepatites A e B, disponíveis gratuitamente no SUS, por meio
do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
A
infectologista destaca que compreender as particularidades dos diferentes vírus
da hepatite é essencial para definir estratégias de controle e tratamento. “As
hepatites A e E, por exemplo, geralmente causam infecções agudas e
autolimitadas, enquanto os tipos B, C e D podem se tornar crônicos, o que exige
monitoramento contínuo”, esclarece.
Entre
os desafios enfrentados na eliminação das hepatites, Dra. Natália aponta a
vulnerabilidade de grupos como usuários de drogas, pessoas em situação de rua e
privadas de liberdade. “A dificuldade de acesso ao diagnóstico, ao tratamento e
à vacinação é um obstáculo importante, além da necessidade de estratégias
específicas para esses públicos.”
Além disso, a coinfecção com outras doenças, como HIV e tuberculose, é frequente e pode impactar a resposta ao tratamento. “É fundamental uma abordagem integrada no cuidado a esses pacientes.”
Avanços no tratamento e cura
Embora não exista cura para a hepatite B, o tratamento com antivirais pode
controlar a carga viral e prevenir complicações. Já a hepatite C tem cura em
mais de 95% dos casos, graças aos antivirais de ação direta disponíveis
atualmente. “Esses medicamentos revolucionaram o tratamento e têm contribuído
para a meta global de eliminação da hepatite C como problema de saúde pública.
Já a hepatite A, na maioria dos casos, é eliminada espontaneamente pelo próprio
corpo. No entanto, é necessário manter o acompanhamento médico”, explica o
especialista.

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