Pesquisar no Blog

terça-feira, 15 de julho de 2025

Brasil soma 51 novos casos em tratamento por dia contra hepatites

Freepik
Média diária em 2025 acende alerta, médicos da Santa Casa de São José dos Campos destacam importância do diagnóstico precoce e da prevenção

 

No mês de julho, a campanha Julho Amarelo é realizada para conscientizar sobre as hepatites virais. Instituída pelo Ministério da Saúde, a iniciativa tem o objetivo de alertar a população sobre a prevenção, já que as infecções são silenciosas e, quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, podem evoluir para formas graves, como cirrose e câncer no fígado. 

As hepatites virais são inflamações no fígado causadas por diferentes tipos de vírus, sendo os mais comuns os tipos A, B, C, D e E, explica a Dra. Natália Reis, infectologista da Santa Casa de São José dos Campos. “Cada um desses vírus tem características próprias, modos de transmissão distintos e níveis variados de gravidade. No Brasil, os tipos mais frequentes e perigosos são as hepatites B e C”, diz. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, 1.563 pessoas iniciaram o tratamento contra a hepatite B e 3.032 contra a hepatite C nos primeiros meses de 2025. Esses números representam, respectivamente, 22% e 20% do total de tratamentos realizados ao longo de 2024, quando foram registrados 7.062 tratamentos para a hepatite B e 14.818 para a hepatite C. 

Embora as hepatites não apresentem sintomas aparentes, podem causar sinais como cansaço, dor abdominal, urina escura, fezes claras, enjoo, vômitos e icterícia (pele e olhos amarelados). “Essa ausência de sintomas faz com que muitos casos passem despercebidos, o que dificulta o diagnóstico precoce e contribui para a disseminação da doença”, destaca Reis. 

O diagnóstico das hepatites é feito por meio de exames de sangue simples. A testagem precoce é fundamental para interromper a cadeia de transmissão e evitar complicações a longo prazo. “É importante que a população, principalmente os grupos de risco, realize o teste regularmente”, orienta o especialista.

 

Transmissão e prevenção

Os tipos A e E são transmitidos principalmente por água e alimentos contaminados. Por isso, estão diretamente relacionados a condições precárias de saneamento básico e higiene. Já os vírus B, C e D são transmitidas por via sanguínea, por meio de relações sexuais desprotegidas e pelo compartilhamento de objetos cortantes ou seringas. 

“A prevenção passa por atitudes simples no dia a dia, como lavar bem os alimentos, garantir o consumo de água potável, usar preservativos, não compartilhar agulhas e manter a vacinação em dia”, enfatiza. Atualmente, existem vacinas eficazes contra as hepatites A e B, disponíveis gratuitamente no SUS, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. 

A infectologista destaca que compreender as particularidades dos diferentes vírus da hepatite é essencial para definir estratégias de controle e tratamento. “As hepatites A e E, por exemplo, geralmente causam infecções agudas e autolimitadas, enquanto os tipos B, C e D podem se tornar crônicos, o que exige monitoramento contínuo”, esclarece. 

Entre os desafios enfrentados na eliminação das hepatites, Dra. Natália aponta a vulnerabilidade de grupos como usuários de drogas, pessoas em situação de rua e privadas de liberdade. “A dificuldade de acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à vacinação é um obstáculo importante, além da necessidade de estratégias específicas para esses públicos.” 

Além disso, a coinfecção com outras doenças, como HIV e tuberculose, é frequente e pode impactar a resposta ao tratamento. “É fundamental uma abordagem integrada no cuidado a esses pacientes.” 

 

Avanços no tratamento e cura

Embora não exista cura para a hepatite B, o tratamento com antivirais pode controlar a carga viral e prevenir complicações. Já a hepatite C tem cura em mais de 95% dos casos, graças aos antivirais de ação direta disponíveis atualmente. “Esses medicamentos revolucionaram o tratamento e têm contribuído para a meta global de eliminação da hepatite C como problema de saúde pública. Já a hepatite A, na maioria dos casos, é eliminada espontaneamente pelo próprio corpo. No entanto, é necessário manter o acompanhamento médico”, explica o especialista.


Santa Casa de São José dos Campos


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados