Artigo de Opinião:
Diretor de Comunicação da AMRIGS e especialista em cirurgia oncológica, Dr.
Marcos André dos Santos
Em 27 de julho, é celebrado o Dia Mundial de
Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, uma data fundamental
para reflexão sobre hábitos de vida que podem impactar e muito na redução dos
casos. Conhecida como "Julho Verde", esta campanha tem o propósito de
alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce
de uma doença que, quando identificada a tempo, apresenta altas chances de cura
e menor dano à qualidade de vida.
No Brasil, a incidência do câncer de cabeça e
pescoço é um desafio significativo. Preocupantemente, um estudo recente do
Instituto Nacional de Câncer (INCA), publicado em The Lancet Regional Health –
Americas, revelou que aproximadamente 80% dos tumores de cabeça e pescoço são diagnosticados
em estágios avançados no Brasil, comprometendo as probabilidades de tratamento
e cura. Esse dado alarmante sublinha a urgência de fortalecer as campanhas de
conscientização e aprimorar o acesso ao diagnóstico precoce em todo o
território nacional.
Os principais fatores de risco para os tumores das
vias aerodigestivas superiores – englobando boca, laringe e faringe – são
amplamente conhecidos. Em primeiro lugar, destaca-se o tabagismo, seguido de
perto pelo consumo excessivo de álcool e pela infecção pelo vírus HPV
(papilomavírus humano). Este último, em particular, tem mostrado relevância
crescente na incidência do câncer de orofaringe, incluindo a base da língua.
A prevenção é a nossa maior aliada. É fundamental
que a população esteja atenta aos sinais. Uma ferida na boca que não cicatriza
em duas ou três semanas, um nódulo persistente na região do pescoço, alterações
na fala ou rouquidão que permanecem são alertas que exigem atenção médica
imediata. Esta vigilância é ainda mais crucial para indivíduos fumantes e/ou
que consomem álcool. Quando a condição é reconhecida logo no início, o
prognóstico tende a ser mais favorável. Isso permite tratamentos menos
invasivos e cirurgias de menor porte, que resultam em menos sequelas e
deformidades, além de aumentar consideravelmente as perspectivas de preservar a
vida do paciente, como ocorre na maioria dos tipos de câncer.
No campo da inovação, a Medicina avança
rapidamente. Para alguns tumores específicos de cabeça e pescoço, a cirurgia
robótica emerge como um recurso promissor. Embora ainda não seja de uso
generalizado, essa tecnologia oferece um benefício substancial no tratamento de
certos casos, proporcionando maior precisão e, consequentemente, melhores
desfechos para os pacientes.
Mais do que uma data simbólica, o Julho Verde
representa um chamado coletivo à informação, à prevenção e ao diagnóstico em
tempo hábil. Fortalecer o conhecimento da população sobre os fatores de risco,
incentivar hábitos saudáveis e ampliar o acesso à avaliação médica são passos
decisivos para mudar o cenário atual.
Artigo de Opinião: Diretor de Comunicação da AMRIGS e especialista em cirurgia oncológica, Dr. Marcos André dos Santos
AMRIGS - Associação Médica do Rio Grande do Sul
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