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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Gravidez 40+: mitos e verdades da gestação tardia

Segundo o IBGE, cresce o número de brasileiras que se tornam mães após os 40 anos. A médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana, explica as chances e cuidados para uma gravidez saudável  

 

            Gisele Bündchen, aos 44, anunciou que estava grávida novamente. Dani Calabresa, 43, engravidou do primeiro filho. Fernanda Paes Lemes, aos 40, também se tornou mãe pela primeira vez. Volta e meia nos deparamos com uma notícia de alguma celebridade que engravidou após os 40 anos. Mas não é só entre as famosas que a gestação tardia está se tornando cada vez mais comum. Segundo dados do IBGE, de 2010 a 2022, o número de brasileiras que se tornaram mães após os 40 anos cresceu quase 60%.

            Entre as razões de adiar a maternidade, estão o foco no desenvolvimento profissional, primeiro, busca da estabilidade financeira e liberdade para postergar a escolha de ser mãe, após os avanços da medicina reprodutiva. Porém, após os 35 anos a taxa de fertilidade da mulher começa a cair. Após os 40 anos, o declínio é ainda mais acentuado, além de ser mais comum perdas gestacionais e embriões com alterações cromossômicas. Por isso, é preciso de planejamento e uma série de cuidados para quem deseja uma gestação tardia, além de acompanhamento especializado em reprodução humana.  

            É possível engravidar naturalmente após os 40 anos? Segundo a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana, a taxa de gravidez espontânea aos 40 anos é de 5%, por ciclo. Manter hábitos de vida saudável, como praticar atividades físicas, ter uma alimentação saudável, não fumar, não fazer uso abusivo do álcool, por exemplo, podem ajudar. “Uma paciente 40+ tem diminuição tanto da quantidade como da qualidade de óvulos. Teoricamente, ela precisaria de mais tempo para conseguir a gravidez. Mas ela não tem todo esse tempo, pois a cada ciclo sua reserva ovariana vai diminuindo”, explica a médica.

Dessa forma, um dos caminhos para aumentar as chances de gravidez com a paciente acima dos 40 anos é através da fertilização in vitro (FIV). “Com a técnica, conseguimos, num único mês, uma disponibilidade maior de óvulos para ver se a gente consegue um óvulo saudável e formar um embrião em laboratório”, conta a especialista em reprodução humana Natália Fischer.  Sem contar que a área da reprodução assistida vem aprimorando técnicas e qualidade de tratamento. Hoje, os laboratórios contam com inteligência artificial e uma série de processos intralaboratórios para deixar o processo refinado e assertivo.

Para pacientes entre 40 a 42 anos, a média é de dois a três ciclos de FIV para conseguir uma gravidez. Com o protocolo DuoStim, por exemplo, é possível otimizar a coleta de óvulos e realizar duas estimulações em um mesmo ciclo. Sobre os riscos de estímulos hormonais para realização do procedimento, Natália Fischer ressalta que são de baixo risco: “sempre que a gente inicia o estímulo, a gente conversa com a paciente, faz uma anamnese, solicita os exames para ver se tem algo que precise corrigir. Mas a maioria não tem grandes contraindicações”.

“A preocupação mais nessas altas doses hormonais é, principalmente, para paciente que tem histórico de trombose, de câncer de mama ou alguma paciente oncológica. Para essas pacientes, há protocolos específicos, mas também bem desenvolvidos”, completa a especialista em reprodução humana.  Outro avanço na área da reprodução assistida é o estudo genético. Em mulheres 40+, há 80% de alterações cromossômicas, como maior incidência de abortos espontâneos e bebês com Síndrome de Down.

Então, realizando o estudo genético antes de implantar o embrião, é possível identificar as alterações e selecionar aquele que não possui alterações. “Dessa forma, há 60 a 70% de chances de gravidez na 1ª tentativa de FIV; na segunda, mais de 80% de chance, no cumulativo das duas tentativas, já que implantamos o embrião saudável. Isso é a nossa estatística. A estatística geral da reprodução humana chega em torno de 60%, mais ou menos, com estudo genético”, detalha a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana.  

Também vale ressaltar que a gravidez 40+, sendo ela natural ou através de FIV, é considerada de risco, segundo entidades médicas. Porém, com acompanhamento adequado, é possível minimizar os impactos de uma gestação tardia. “Em paciente 40+, há um maior índice de pré-eclâmpsia, doenças hipertensivas da gestação, diabetes gestacional, uma série de patologias, mas podem ser controladas. Quando fazemos um rastreio anterior na paciente, pode-se modificar alguns hábitos, começar as reposições, como reposição de cálcio, aspirina etc., e a gente consegue ter uma gravidez saudável, sim. Inclusive, alguns protocolos já orientam que, se a paciente não for alérgica, a fazer aspirina para melhorar o fluxo de sangue, diminuindo as chances de pré-eclâmpsia”, finaliza a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana”.

 

 

DRA. NATÁLIA FISCHER – Com 16 anos de experiência, Dra. Natália Fischer Pimentel é uma especialista em Ginecologia e Obstetrícia, com foco em Reprodução Humana. Sua trajetória profissional inclui atuações em Recife e João Pessoa, além de ser sócia-fundadora da Clínica Embrius (PE) e médica colaboradora na Geare (PB). Sua expertise abrange desde a fertilidade e reprodução assistida até o congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, saúde hormonal e planejamento reprodutivo. Possui formação em Medicina pela UFPE, seguida por Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo IMIP, no Recife. Na área de reprodução humana realizou pós-graduações em Reprodução Humana e Cirurgia Videolaparoscópica, além de uma especialização em Fertilidade pelo Hospital de Valência, na Espanha. Sua expertise se concentra em áreas de grande demanda, como fertilidade e reprodução assistida, congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, ciclo menstrual e saúde hormonal, endometriose, fertilização in vitro (FIV) e consultoria sobre maternidade tardia e planejamento reprodutivo. Mais informações no Instagram @dranataliapimentelfischer.

 

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