Segundo o IBGE, cresce o número de brasileiras que se tornam mães após os 40 anos. A médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana, explica as chances e cuidados para uma gravidez saudável
Gisele Bündchen, aos 44, anunciou que estava
grávida novamente. Dani Calabresa, 43, engravidou do primeiro filho. Fernanda
Paes Lemes, aos 40, também se tornou mãe pela primeira vez. Volta e meia nos
deparamos com uma notícia de alguma celebridade que engravidou após os 40 anos.
Mas não é só entre as famosas que a gestação tardia está se tornando cada vez
mais comum. Segundo dados do IBGE, de 2010 a 2022, o número de brasileiras que
se tornaram mães após os 40 anos cresceu quase 60%.
Entre
as razões de adiar a maternidade, estão o foco no desenvolvimento profissional,
primeiro, busca da estabilidade financeira e liberdade para postergar a escolha
de ser mãe, após os avanços da medicina reprodutiva. Porém, após os 35 anos a
taxa de fertilidade da mulher começa a cair. Após os 40 anos, o declínio é
ainda mais acentuado, além de ser mais comum perdas gestacionais e embriões com
alterações cromossômicas. Por isso, é preciso de planejamento e uma série de
cuidados para quem deseja uma gestação tardia, além de acompanhamento
especializado em reprodução humana.
É
possível engravidar naturalmente após os 40 anos? Segundo a médica
Natália Fischer, especialista em reprodução humana, a taxa de gravidez
espontânea aos 40 anos é de 5%, por ciclo. Manter hábitos de vida saudável,
como praticar atividades físicas, ter uma alimentação saudável, não fumar, não
fazer uso abusivo do álcool, por exemplo, podem ajudar. “Uma paciente 40+ tem
diminuição tanto da quantidade como da qualidade de óvulos. Teoricamente, ela
precisaria de mais tempo para conseguir a gravidez. Mas ela não tem todo esse
tempo, pois a cada ciclo sua reserva ovariana vai diminuindo”, explica a
médica.
Dessa forma, um dos caminhos para aumentar as
chances de gravidez com a paciente acima dos 40 anos é através da fertilização in
vitro (FIV). “Com a técnica, conseguimos, num único mês, uma
disponibilidade maior de óvulos para ver se a gente consegue um óvulo saudável
e formar um embrião em laboratório”, conta a especialista em reprodução humana
Natália Fischer. Sem contar que a área da reprodução assistida vem
aprimorando técnicas e qualidade de tratamento. Hoje, os laboratórios contam
com inteligência artificial e uma série de processos intralaboratórios para
deixar o processo refinado e assertivo.
Para pacientes entre 40 a 42 anos, a média é de
dois a três ciclos de FIV para conseguir uma gravidez. Com o protocolo DuoStim,
por exemplo, é possível otimizar a coleta de óvulos e realizar
duas estimulações em um mesmo ciclo. Sobre os riscos de estímulos hormonais
para realização do procedimento, Natália Fischer ressalta que são de baixo
risco: “sempre que a gente inicia o estímulo, a gente conversa com a paciente,
faz uma anamnese, solicita os exames para ver se tem algo que precise corrigir.
Mas a maioria não tem grandes contraindicações”.
“A preocupação mais nessas altas doses hormonais é,
principalmente, para paciente que tem histórico de trombose, de câncer de mama
ou alguma paciente oncológica. Para essas pacientes, há protocolos específicos,
mas também bem desenvolvidos”, completa a especialista em reprodução
humana. Outro avanço na área da reprodução assistida é o estudo
genético. Em mulheres 40+, há 80% de alterações cromossômicas, como maior
incidência de abortos espontâneos e bebês com Síndrome de Down.
Então, realizando o estudo genético antes de
implantar o embrião, é possível identificar as alterações e selecionar aquele
que não possui alterações. “Dessa forma, há 60 a 70% de chances de gravidez na
1ª tentativa de FIV; na segunda, mais de 80% de chance, no cumulativo das duas
tentativas, já que implantamos o embrião saudável. Isso é a nossa estatística.
A estatística geral da reprodução humana chega em torno de 60%, mais ou menos,
com estudo genético”, detalha a médica Natália Fischer, especialista em
reprodução humana.
Também vale ressaltar que a gravidez 40+, sendo
ela natural ou através de FIV, é considerada de risco, segundo
entidades médicas. Porém, com acompanhamento adequado, é possível minimizar os
impactos de uma gestação tardia. “Em paciente 40+, há um maior índice de
pré-eclâmpsia, doenças hipertensivas da gestação, diabetes gestacional, uma
série de patologias, mas podem ser controladas. Quando fazemos um rastreio
anterior na paciente, pode-se modificar alguns hábitos, começar as reposições,
como reposição de cálcio, aspirina etc., e a gente consegue ter uma gravidez
saudável, sim. Inclusive, alguns protocolos já orientam que, se a paciente
não for alérgica, a fazer aspirina para melhorar o fluxo de sangue, diminuindo
as chances de pré-eclâmpsia”, finaliza a médica Natália Fischer, especialista
em reprodução humana”.

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