Com aumento expressivo de atendimentos hospitalares
em 2025, especialista reforça a importância da prevenção e dos primeiros
socorros durante o período de recesso escolar
Entre janeiro e maio deste ano, foram registrados 134.043 procedimentos ambulatoriais e hospitalares no Brasil relacionados a esse tipo de ocorrência
Com
a chegada das férias escolares, cresce a preocupação com a segurança de
crianças e adolescentes dentro de casa. Dados do Ministério da Saúde mostram
que os acidentes domésticos envolvendo pessoas de 0 a 17 anos aumentaram
significativamente em 2025, acendendo um alerta para pais e responsáveis,
especialmente neste período em que os pequenos passam mais tempo em casa.
Entre janeiro e maio deste ano, foram registrados 134.043 procedimentos ambulatoriais e hospitalares no Brasil relacionados a esse tipo de ocorrência, contra 104.246 no mesmo período de 2024 — um aumento de mais de 28%.
DF, SP e RJ
No Distrito Federal, o cenário é ainda mais preocupante. O número de
atendimentos passou de 1.616 em 2024 para 2.499 em 2025, o que representa um
crescimento de 54,6%. Os dados de junho ainda não foram divulgados, mas
especialistas apontam que o período de férias tende a elevar os riscos, já que
muitas vezes as crianças estão sem supervisão adequada.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro também registraram altas nos
atendimentos relacionados a acidentes domésticos com crianças e adolescentes.
Em São Paulo, o aumento foi mais moderado: de 26.623 procedimentos entre
janeiro e maio de 2024 para 27.124 no mesmo período de 2025. Já no Rio de
Janeiro, o salto foi expressivo: os atendimentos passaram de 4.228 em 2024 para
21.955 em 2025, um crescimento de mais de 400%, o que acende um alerta para a
necessidade urgente de ações preventivas e maior conscientização por parte dos
responsáveis
Susto
A
Karenina Silveira, que tem duas filhas pequenas, já viveu momentos de
verdadeiro desespero dentro de casa — situações que reforçam a importância de
estar preparada para agir rapidamente. Um dos episódios mais marcantes foi
quando sua filha mais nova, com apenas um ano e nove meses, ingeriu um
aromatizador de banheiro. “Foi um susto enorme. A gente nem imaginava que ela conseguiria
alcançar o produto. Na hora, ligamos para o médico, que nos orientou a acionar
o 0800 do fabricante. Eles passaram todas as informações sobre o produto e como
agir”, relata. A criança teve febre, diarreia e perda de apetite, mas,
felizmente, se recuperou sem maiores complicações.
Karenina conta que outros sustos também exigiram atenção redobrada. Em um deles, a filha conseguiu entrar na máquina de lavar roupa em questão de segundos. “Foi muito rápido, eu só me virei e ela já estava lá dentro. O doutor Paulo nos explicou os riscos e a importância de sempre deixar a máquina fora da tomada”, lembra. Outro momento tenso aconteceu durante a festa de aniversário da criança, quando uma amiguinha usou uma boia inadequada para a idade e quase se afogou. “As pessoas acham que, por ter muita gente em volta, está todo mundo cuidando. Mas essas coisas acontecem num piscar de olhos", conclui.
Especialista faz alerta
Para o médico especialista em primeiros socorros
Paulo Guimarães, os números reforçam a importância de redobrar a atenção. “A
prevenção é sempre o caminho mais eficaz. A vigilância dos pais e a adaptação
do ambiente doméstico são fundamentais para proteger os pequenos”, destaca. Ele
lembra que medidas simples, como o uso de protetores de tomada, a supervisão em
locais com água e o afastamento de objetos pequenos e perigosos, podem evitar
tragédias.
Guimarães
também defende que pais e responsáveis estejam preparados para agir em
situações de emergência. “Saber realizar manobras como a desobstrução das vias
aéreas ou a reanimação cardiopulmonar pode salvar vidas. Cursos rápidos estão
disponíveis em diversas cidades e devem ser encarados como uma prioridade”,
orienta.
Além do lar, o médico alerta para os riscos em ambientes como escolas e locais de lazer. Ele, que ministra treinamentos para professores e funcionários, ressalta a importância de capacitar adultos que lidam diretamente com crianças e adolescentes. “Capacitar educadores e profissionais é fundamental para garantir a segurança de crianças e adolescentes, tanto nas escolas quanto em locais de grande circulação, como shoppings, empreendimentos empresariais e até mesmo condomínios residenciais”, explica.
Neste período de
férias, o alerta é claro: a combinação de mais tempo em casa e menos supervisão
pode ser perigosa. A orientação é que pais e responsáveis adotem uma postura
proativa e preventiva para garantir a segurança dos pequenos.

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