Uma nova
revisão científica, liderada pelo neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela,
explora a complexa base genética da Síndrome de Noonan, as suas variadas
manifestações clínicas e as abordagens terapêuticas que podem melhorar
significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Divulgação
MF Press Global
Um estudo de revisão abrangente, publicado na revista
Ciencia Latina Revista Científica Multidisciplinar,
aprofunda o conhecimento sobre a Síndrome de Noonan (SN), uma das desordens
genéticas mais prevalentes, com uma incidência estimada de 1 em cada 1.000 a
2.500 nascidos vivos. A investigação, conduzida
pelo Dr. Fabiano de Abreu Agrela e pelo pesquisador Hitty-ko Kamimura, do
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH) , destaca que, embora não exista cura, o diagnóstico
precoce e uma abordagem multidisciplinar são cruciais para o manejo da condição.
A Síndrome de Noonan é uma condição genética com uma
expressão fenotípica muito variável, que afeta múltiplos sistemas do corpo. A sua causa reside em mutações em genes da via de
sinalização RAS/MAPK, que é fundamental para a regulação do ciclo, proliferação
e diferenciação das células. O estudo detalha os principais genes
envolvidos:
- PTPN11: É o gene mais frequentemente afetado, sendo responsável por cerca de 50% dos casos. As mutações neste gene estão muitas vezes associadas à estenose pulmonar, um tipo de cardiopatia.
- SOS1: Responde por 10-15% dos casos e está frequentemente ligado a características faciais marcantes.
- RAF1: Encontrado em aproximadamente 10% dos pacientes, este gene tem uma forte correlação com a cardiomiopatia hipertrófica, uma condição cardíaca grave. A probabilidade de desenvolver esta condição com uma mutação no RAF1 ultrapassa os 90%.
- KRAS: Mutações mais raras, mas
associadas a um quadro clínico mais severo e a um maior risco de
desenvolvimento de malignidades.
O diagnóstico da síndrome é primordialmente clínico,
baseado em sinais como anomalias faciais (olhos afastados, pálpebras caídas),
defeitos cardíacos e baixa estatura. No entanto,
devido à grande variabilidade dos sintomas, muitos indivíduos podem não
apresentar o quadro clássico, o que torna o teste genético uma ferramenta
fundamental para a confirmação.
"O
manejo da Síndrome de Noonan é um desafio que exige uma abordagem integrada e
contínua ao longo da vida do paciente", explica o Dr. Fabiano de Abreu,
Pós-PhD em Neurociências e membro de diversas sociedades científicas
internacionais. "Não se trata apenas de
tratar os sintomas visíveis, como as cardiopatias ou a baixa estatura, para a
qual a terapia com hormônio do crescimento pode ser uma opção. É crucial oferecer suporte para as dificuldades de
aprendizagem e para as questões de saúde mental, como a depressão e a
ansiedade, que podem surgir na vida adulta ".
O tratamento é sintomático e requer uma equipa
multidisciplinar.
O aconselhamento genético é também vital, pois a
síndrome segue um padrão de herança autossômica dominante, o que significa que
um progenitor afetado tem 50% de chance de transmitir a mutação a cada filho.
Entre 50% e 80% dos indivíduos com a síndrome
apresentam alguma forma de cardiopatia congênita.
Embora terapias futuras, como a edição genética com
CRISPR-Cas9, ofereçam esperança, elas ainda se encontram em fases iniciais de
desenvolvimento.
Atualmente, conclui o estudo, as intervenções
precoces e o acompanhamento contínuo são as ferramentas mais eficazes para
mitigar os riscos e melhorar significativamente a qualidade de vida dos
pacientes com Síndrome de Noonan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário