O brasileiro está mais preocupado com a identificação precoce do câncer de próstata. Levantamento da startup LifesHub, especializada em uso de inteligência artificial para análise de dados, mostra alta de 120% no número de exames de PSA realizados pelo SUS em homens com mais de 40 anos no Brasil entre 2018 e 2024. A dosagem do antígeno prostático específico (PSA) é um dos principais indicadores de risco para a doença. Alta ainda mais significativa ocorreu na saúde privada. Nesse caso, o total de exames feitos por homens entre 40 e 49 anos cresceu 381% entre 2018 e o ano passado. Apesar disso, 16,9% dos diagnósticos ainda ocorrem apenas no estágio 4 da doença, quando já há comprometimento de tecidos vizinhos à próstata e maior dificuldade para tratamentos com sucesso.
CEO da LifesHub e médico radiologista,
Ademar Paes Junior diz que a análise detalhada dos dados é importante para
gerar informações que podem auxiliar no planejamento de investimentos e na
definição de linhas de cuidado dos pacientes. Nos últimos anos, por exemplo, há
uma clara tendência de alta na procura pelos exames. Em 2023, pacientes com
mais de 40 anos fizeram 794 mil exames de PSA pelo SUS. No ano seguinte foram
888 mil. Em 2025, em apenas três meses, já foram 240,8 mil exames.
O número de diagnósticos positivos não
acompanha a tendência. Em 2021 foram 37,6 mil resultados positivos para a
doença. O número subiu para 43,9 mil no ano seguinte e chegou a 47,1 mil em
2023. Em 2024 houve uma queda – 37 mil resultados positivos. “Em 2020, com a
pandemia e o afastamento social, houve uma queda no número de exames, o que
pode ter resultado na postergação de diagnósticos que ocorreram em maior número
em 2022 e 2023”, diz Ademar Paes Junior. Os dados da LifesHub indicam que em
2020 foram feitos apenas 398,7 mil exames de PSA no SUS em homens com mais de
40 anos. Em 2019 haviam sido 468,7 mil procedimentos.
O levantamento da LifesHub também
alerta para a necessidade de acelerar o encaminhamento dos pacientes para
tratamento. Segundo os dados, 48,7% dos pacientes levam mais de 60 dias desde o
diagnóstico até o início do combate à doença. Ademar Paes Junior diz que
informações reforçam a importância da detecção precoce e também o valor
estratégico de utilizar inteligência de dados na gestão de saúde populacional e
no planejamento de mercad. “Enquanto algumas organizações já usam esses
insights para mapear riscos, antecipar demandas e ajustar linhas de cuidado com
precisão, outras ainda tomam decisões no escuro. Em um setor onde agilidade e
previsibilidade são diferenciais competitivos, não ter acesso a essas
informações é correr o risco de perder espaço, eficiência e vidas”.

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