As
vendas das canetas emagrecedoras cresceu mais de 500% entre 2020 e 2023,
segundo a IQVIA[1], escancara a pressão estética e a busca
incessante por um corpo magro. Essa corrida por fórmulas rápidas, muitas vezes
sem acompanhamento adequado, pode comprometer a saúde física e mental. Estudo
publicado no American Journal of Public Health mostra que o estigma do
peso pode ter impactos tão graves quanto a própria obesidade, contribuindo para
quadros de depressão, ansiedade, transtornos alimentares e até negligência
médica[2].
“Com o tempo, percebemos que saúde e forma física são coisas diferentes. Mas
muita gente ainda acredita que saúde é sinônimo de corpo sarado ou IMC
perfeito, e isso tem levado a práticas arriscadas, como uso indiscriminado de
medicamentos e exercícios em excesso”, alerta Cláudia Cozer Kalil, médica do
Núcleo de Obesidade, Transtornos Alimentares e Cirurgia Bariátrica do
Sírio-Libanês, que reforça a importância do conceito Health at Every Size
(HAES), ou “Saúde em todos os Tamanhos”, que defende que saúde não se mede
apenas pela balança, mas por hábitos e bem-estar.
E complementa: “Um corpo saudável vai muito além da aparência. Ele envolve
noites de sono de qualidade, manutenção da massa muscular - especialmente para
prevenir a sarcopenia nas fases mais avançadas da vida - uma alimentação
equilibrada e a prática regular de atividade física, com pelo menos 100 minutos
por semana”.
No Brasil, seis em cada dez adultos estão com excesso de peso, segundo o IBGE[3].
Ao mesmo tempo, nunca se falou tanto sobre emagrecimento e padrões estéticos.
Para Priscila Rocco, psiquiatra do Sírio-Libanês, essa combinação se tornou um
gatilho para a baixa autoestima, transtornos alimentares e sofrimento psíquico.
“Não se pode negligenciar o preconceito que muitos portadores de obesidade tem
em relação a si mesmos, seja no que se refere ao tratamento, seja no que tange
ao conforto físico e emocional com as próprias formas. Conforto emocional não é
resignação. O autoconhecimento é uma busca consciente por um padrão estético
particular, pessoal e intransferível, ou seja, independente das capas de
revista. As mídias sociais ainda são campo minado para a autoestima de muitos e
terreno fértil para a pandemia de ansiedade, depressão e transtornos
alimentares a que estamos assistindo”.
[2] Puhl, R. M., & Heuer, C. A. (2010). Obesity stigma: Important considerations for public health. American Journal of Public Health, 100(6), 1019–1028. Acesso em 01/07/2025. Disponível em: Link
[3] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde 2023: 60,3% da população adulta com excesso de peso. Acesso em: 02/07/2023. Disponível em: Link
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