Pressão
acadêmica, redes sociais e a exaustão precoce das novas gerações
A Geração Z —
formada por jovens nascidos entre meados de 1996 e o início dos anos 2010 — é a
mais conectada da história. Cresceram em meio à revolução digital, imersos em
redes sociais como TikTok, Instagram e YouTube. Essa familiaridade com a
internet transformou o modo como se relacionam com o mundo, mas também trouxe
desafios inéditos à saúde mental.
Segundo a
psiquiatra Dra. Bianca Bolonhezi, o esgotamento emocional vivenciado por essa
geração vai além do ambiente de trabalho. “O burnout, tecnicamente, é uma
síndrome relacionada ao esgotamento no contexto profissional. Mas, no caso da
Geração Z, o que vemos é um colapso mais amplo, uma pressão existencial para
performar em todas as áreas da vida: ser produtivo, bonito, consciente,
engajado e ainda aparentar gratidão constante nas redes”, explica.
A exposição
constante a padrões inalcançáveis nas redes sociais contribui para esse estado
de exaustão. “É uma geração que se sente obrigada a cumprir uma checklist de
sucesso vendida pela sociedade digital. E isso não está restrito ao trabalho: é
uma cobrança diária para dar conta de tudo, o tempo todo”, diz a médica.
Dra. Bianca
alerta que o sofrimento desses jovens muitas vezes é deslegitimado. “Ao ouvirem
de gerações anteriores frases como ‘na minha época era pior’ ou ‘isso é só uma
fase’, muitos jovens sentem culpa por não estarem bem. Isso atrasa a busca por
ajuda e aprofunda o sofrimento silencioso.”
A psiquiatra
reforça a importância de escutar, acolher e orientar essa geração. “Precisamos
romper com a ideia de que o valor pessoal está atrelado à performance. Não
estar bem, não dar conta de tudo, também é humano. É urgente abrir espaço para
o cuidado emocional e psíquico, principalmente em uma fase da vida que deveria
ser de descobertas e crescimento, não de exaustão.”
Para ela,
discutir saúde mental de forma aberta e responsável é um passo essencial para
prevenir o adoecimento precoce. “Precisamos falar sobre isso com seriedade,
para que esses jovens saibam que não estão sozinhos — e que há saída para o
cansaço que parece não ter fim.”
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