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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Aumenta número de escolas municipais de SP paralisadas por profissionais da limpeza; mais de 5 mil alunos são afetados

 

17 de abril de 2025. Após o terceiro dia de paralisações, cerca de 200 trabalhadoras da limpeza de escolas municipais da capital aderiram à paralisação do setor, em protesto pelos recorrentes atrasos nos salários e benefícios. Ao todo, 20 unidades de ensino das regiões Leste e Sul, que juntas atendem mais de cinco mil alunos da rede pública, estão sem o auxílio das profissionais. A Lume Serviços, empresa responsável pela higienização das unidades, ainda não deu previsão para a quitação dos débitos e culpa a Secretaria Municipal de Educação (SME) pelos atrasos.

Nesta manhã, trabalhadoras das escolas municipais EMEF Professora Isabel Vieira Ferreira, EMEF Professora Liliane Verzini Silva, EMEI Pedreira I, EMEI Raul Joviano do Amaral, EMEI Armando de Arruda Pereira e EMEF Sete Praias se juntaram às profissionais do CEU Alvarenda e protestaram na Estrada do Alvarenga, em frente á unidade de ensino, cobrando seus direitos.

Funcionárias protestam em frente ao CEU Alvarenga
(fotos: assessoria SIEMACO-SP)


Entre as reclamações, o não pagamento do vale-refeição é unanimidade, já que o benefício deveria ter sido depositado até o quinto dia útil de abril e, até o fechamento desta matéria, não havia sido quitado. As trabalhadoras afirmam ainda que a Lume vem atrasando regularmente os depósitos de FGTS, férias, gratificações e outras obrigações legais. “Desde o começo do ano tá essa bagunça. Num mês paga, no outro não paga. Depositam o VR [vale-refeição], depois o valor some. Muitos de nós estamos com o psicológico abalado. Muitas aqui são mães solteiras e dependem dos benefícios pra viver”, disse uma líder de equipe de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) da região, que não quis ser identificada por medo de represálias da empresa.

Segundo o SIEMACO São Paulo, sindicato que representa os trabalhadores terceirizados da limpeza na capital, foram váris tentativas de diálogo com a Secretaira Municipal de Educação (SME), mas sem solução. “Foram três ofícios protocolados e uma reunião presencial com o gestor do contrato duas semanas atrás, sem que haja retorno sobre o fim desses atrasos repetidos. Estamos falando de famílias que dependem desses salários. Se já houve o pagamento, Lume precisa explicar por que não pagou. Essa conta não fecha”, afirma André Santos Filho, presidente do sindicato.

 

SME diz que repassou o valor, mas dinheiro sumiu

Após reunião na última terça-feira (15) entre o SIEMACO São Paulo, algumas lideranças das trabalhadoras, representates da Subprefeitura do Itaim Paulista e a vereadora Silvia Ferraro (PSOL), a SME afirmou que tem todos os comprovantes do repasse e cobrou da Lume os pagamentos. 

 

A empresa solicitou adiantamento de outros contratos para quitar os débitos atuais, o que a prefeitura diz não ser possível ,por questões burocráticas e jurídicas. “Falei com o secretário adjunto de Educação da Prefeitura de São Paulo, Bruno Lopes Correia, e a informação é de que a Lume não tem caixa para fazer o repasse. Não sabemos o que eles fizeram com o dinheiro — usaram para outra coisa e não têm como pagar as trabalhadoras. O secretário adjunto disse que encaminhou o caso para a PGM [Procuradoria Geral do Município], que irá analisar a quebra de contrato”, completou Silvia Ferraro. 

Uma das representantes das trabalhadoras, a líder de limpeza do Centro de Educação Infantil (CEI) Curuçá Velha, Cassiele Aleixo Lopes, estava acompanhada do diretor sindical Wagner Antonelli nas discussões e afirmou que a intenção é continuar trabalhando no mesmo local, mas com os pagamentos em dia. “A gente ama as crianças, a diretoria de ensino, os pais e mães. Temos uma ótima relação com todo mundo. Temos muito prazer em trabalhar nas escolas, mas a gente precisa receber. Desde o começo do ano essa angústia de não saber se vamos receber nossos pagamentos em dia. Difícil essa situação”, lamentou.

Problema tende a piorar

De acordo com o sindicato, a notícia da falta de previsão para o pagamento do vale-refeição gera preocupação com o acúmulo de dívidas. “A Lume atende 700 unidades de ensino, com cerca de 1.500 funcionárias ao todo, a maioria com valores atrasados. Só na Zona Sul, ela tem praticamente todos os lotes. Muitas trabalhadoras não falam nada, com medo de perder o emprego, mas dia 20 agora, véspera de feriado, é o limite para eles pagarem o vale-alimentação também. Aí serão dois atrasos, além dos problemas pontuais de férias e FGTS. O problema tende a piorar muito”, alerta Wagner Antonelli. 

De acordo com Antonelli, a paralisação continuará até que os pagamentos sejam realizados. “Se a SME pagou, por que a Lume não repassou os direitos das trabalhadoras? A empresa, reiteradas vezes, faz isso sem que haja uma punição exemplar. A mensagem que fica é de impunidade — e não deixaremos isso acontecer. Vamos buscar a Justiça. E as trabalhadoras continuam paralisadas até receberem seus direitos”, afirmou o diretor sindical. 

As escolas afetadas até o momento são: EMEI Professora Maria da Luz Silva de Oliveira; CEI Direto Parque Santa Rita; CEI Maestro Arturo de Angelis; EMEI Marechal Tito; EMEI Professora Doracil Dina Benicio; CEI Direto Nazaré; EMEF Euzébio Rocha Filho; CEU Alvarenga; CEU Vila Curuçá; EMEI Leila Diniz; EMEF Madre Maria Imilda do Santíssimo Sacramento; CEU Caminho do Mar – Professora Dulce Salles Cunha Braga; EMEI Raul Joviano do Amaral; CEI Direto Curuçá Velha; EMEI Raimundo Correia; EMEF Professora Isabel Vieira Ferreira; EMEF Liliane Verzini; EMEI Pedreira I; EMEI Armando de Arruda Pereira; EMEI Sete Praias.





Fotos: Alexandre de Paulo /
Assessoria SIEMACO-SP


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