Arquiteto e Urbanista do CEUB cita fatos
curiosos sobre a cidade-patrimônio que celebra aniversário
Brasília
completa 65 anos neste 21 de abril, reafirmando seu lugar como uma das maiores
referências mundiais em urbanismo e arquitetura. Fruto da genialidade de Lucio
Costa, Oscar Niemeyer, Athos Bulcão e Burle Marx, a cidade foi pensada para
expressar modernidade, integração e liberdade. Para celebrar a data, o
Coordenador de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília
(CEUB), Alberto de Faria, revela curiosidades que ajudam a entender o que torna
a capital federal tão especial e por que sua preservação é um desafio contínuo.
Confira
10 curiosidades arquitetônicas de Brasília:
1. Brasília tem formato de avião?
Uma
das curiosidades mais populares sobre a cidade é a ideia de que Brasília foi
desenhada em formato de avião. Segundo o especialista, essa interpretação é
mais lúdica do que técnica. “A forma decorreu de um ajuste das superquadras
residenciais ao terreno”, explica Alberto, e o nome "Plano Piloto"
pode ter reforçado essa imagem popular.
2. O Eixo Monumental: a espinha dorsal da capital
Lucio
Costa defendia que o Plano Piloto fosse preservado em sua totalidade, com
ênfase no Eixo Monumental como sua espinha dorsal. “O Eixo começa na Esplanada
dos Ministérios e termina na Estação Ferroviária, consolidando espaço urbano
único e simbólico, sem possibilidades de expansão”, ressalta Faria.
3. Brasília: a cidade sem esquinas
Ao
contrário do modelo tradicional de cidades, Brasília foi planejada sem
esquinas. A separação de pedestres e veículos estruturou uma nova dinâmica
urbana. “Os encontros aconteciam nas áreas verdes entre os comércios e as
superquadras, sem cruzamento com fluxos de veículos”, explica Alberto. Porém,
essa configuração também trouxe desafios, como a dificuldade de consolidação
comercial da avenida W3 Sul.
4. Parque da Cidade: maior que o Central Park
Entre
as surpresas menos conhecidas, Alberto de Faria destaca o tamanho do parque,
que conta com 420 hectares, o que equivale a 4,2 quilômetros quadrados. “O
Parque da Cidade Sarah Kubitschek, em Brasília, é maior do que o Central Park
de Nova York. É um espaço de convivência amplo e democrático, muito utilizado
pela população de todas as idades.”
5. A quadra modelo: SQS 308 e o conceito da superquadra
A
SQS 308 foi construída integralmente conforme o projeto urbanístico de Lucio
Costa, consolidando o conceito da superquadra: conjunto residencial integrado a
atividades de escola, recreação e espiritualidade. “Ela virou referência para a
construção das demais quadras ao longo do tempo”, explica Alberto de Faria. Uma
curiosidade adicional é a participação do arquiteto João Filgueiras Lima, o
Lelé, que depois projetaria os hospitais da rede Sarah Kubitschek.
6. Pilotis: liberdade de circulação e integração urbana
Muito
além do visual icônico, os pilotis representam um conceito social fundamental.
“Eles materializam a intenção da liberdade de circulação e de utilização dos
espaços urbanos de forma livre por todos”, aponta o professor. Os pilotis
integram os espaços públicos e privados, promovendo a apropriação das áreas
verdes por toda a população, sem cercas ou barreiras.
7. Monumentalidade como símbolo do novo Brasil
Segundo
o professor do CEUB, Brasília foi projetada para expressar a transformação do
Brasil. “A obra de Niemeyer estabelece referências visuais desse novo país,
moderno e com oportunidades para todos”, afirma. Elementos como as colunas do
Palácio da Alvorada foram amplamente copiadas em todo o mundo nas décadas de
1960 e 1970, reforçando a identidade da nova capital.
8. Os azulejos de Athos Bulcão: arte com participação dos
operários
Os
icônicos painéis de azulejos de Athos Bulcão guardam uma história curiosa. “Os
painéis eram montados com liberdade pelos operários”, conta o professor de
Arquitetura. Athos estabelecia regras geométricas para guiar o trabalho,
permitindo uma grande variedade de combinações sem perder a harmonia estética.
9. A Igrejinha da 308 Sul: integração entre arte e fé
A
primeira igreja católica de Brasília, a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, é um
exemplo da colaboração entre arquitetura e arte. “O projeto de Niemeyer, com os
painéis de Athos Bulcão, cria espaços acolhedores para reflexão espiritual,
trazendo referências de liberdade e desenvolvimento espiritual”, destaca
Alberto.
10. O paisagismo de Burle Marx: um patrimônio que sofreu com
o tempo
Burle
Marx deixou um legado na construção do conceito urbano de Brasília. “Jardins
emblemáticos, como o Terraço-Jardim do Itamaraty, permanecem como testemunho de
sua genialidade. Porém, seu trabalho em paisagismo sofreu com a ausência de
manutenção nas áreas públicas, o que causou descontinuidade, especialmente na
ligação entre a Torre de TV e a Rodoviária”, lamenta o docente do CEUB.

Nenhum comentário:
Postar um comentário