Pesquisa inédita revela como um algoritmo de inteligência artificial prevê a condição em exame dos vasos da retina.
O AVC (Acidente Vascular Cerebral), também conhecido como derrame, é a segunda maior causa de morte e o terceiro fator mais incapacitante do mundo. É o que indica dados da World Stroke Organization (WSO) ou Organização Mundial do AVC. Pior: a entidade calcula que últimos 10 anos o risco global de AVC entre adultos acima dos 25 anos passou de 1 para 4 no mundo. No Brasil não é diferente. Só em 2024 foram 110 mil casos de AVC com crescente participação de jovens segundo o Ministério da Saúde. Se nada for feito para conter este avanço, a estimativa da WSO é de que em 2050 o custo global dos acidentes vasculares cerebrais atinja US$ 1,6 trilhão.
A boa notícia é
que uma pesquisa inédita divulgada na revista Heart, do The Britsh Medical
Journal, mostra que a o exame dos vasos da retina realizado com um novo
algoritmo de inteligência artificial que permite a avaliação microvascular da
retina, pode prever o risco de AVC anos antes dos primeiros sinais.
Doenças
oculares e fatores de risco
O oftalmologista
Leôncio Queiroz Neto, membro do (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e diretor
executivo do Instituto Penido Burnier eafirma que de fato os prontuários do
hospital mostram que 2 em cada 10 pacientes que passam por um check-up da saúde
ocular descobrem pelo exame de fundo de olho que têm hipertensão arterial ou
diabetes. “Estas condições são fatores de risco importantes do AVC que também
podem causar graves alterações nos olhos”, pontua.
A hipertensão
artéria, explica, pode
causar borrões ou manchas vermelhas persistentes na
esclera, área branca do olho, e visão borrada. Queiroz Neto afirma que nos
casos mais graves grave os vasos da retina podem sofrer derrame e até provocar
a perda da visão sem qualquer alteração externa. O diagnóstico é feito pelo
exame de fundo de olho que identifica estreitamento das artérias, pequenas
hemorragias, exsudatos e papiledema.
O diabetes, ressalta, dobra o risco de desenvolver catarata.
Pode também causar retinopatia diabética e levar à perda irreparável da visão.
O único tratamento para catarata é a cirurgia que substitui o cristalino opaco
pelo implante de uma lente intraocular. Já a retinopatia diabética, ressalta,
pode ser tratada com aplicação de laser que cauteriza áreas da retina evitando
a hemorragia e a perda da visão. O tratamento também inclui aplicação de
injeções antiangiogênicas que bloqueiam, a formação de novos vasos”. A falta de
hábito de ter um acompanhamento regular da saúde, faz muitos brasileiros nem
desconfiar que têm hipertensão arterial ou diabetes. Acabam descobrindo a
condição na consulta oftalmológica quando a visão embaça e em muitos casos
chegam tarde demais aos consultórios.
Sobre a pesquisa
A pesquisa
acompanhou por 12,5 anos 45 mil pessoas cadastradas no banco de dados
biológicos do Reino Unido. Neste período, 749 sofreram AVC. Os pesquisadores
identificaram 29 alterações nos vasos da retina associados ao aumento do risco
de AVC. A densidade, ou seja, maior concentração de vasos em áreas da retina,
foi identificada como o maior fator de risco para um acidente vascular
cerebral.
Para Queiroz Neto a informação não surpreende. Isso porque, explica, a densidade vascular indica um maior número de vasos em áreas da retina e está associada à formação de neovasos, importante evidência de risco de hemorragia na retina. Este risco, comenta, também pode estar presente em áreas do cérebro e predispor o paciente ao sangramento cerebral que caracteriza o AVC. Isso porque, as condições vasculares dos olhos e cérebro têm grande chance se serem semelhantes por estarem conectados pelo nervo óptico.
“O novo algoritmo
de inteligência artificial ainda não está disponível e mais estudos precisam
ser feitos para estabelecer as evidências científicas. Entretanto, as
tecnologias hoje utilizadas pela Oftalmologia possibilitam salvar a visão e a
vida de muitas pessoas. Por isso, a dica é fazer exames oftalmológicos
regulares. Os olhos são o espelho de nossa saúde”, finaliza.
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