Com o objetivo de oferecer um exame clínico mais acessível, capaz de auxiliar a detectar câncer de mama, o Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Laboratório de Ergonomia (LABER) do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI) realizam um projeto voltado à digitalização da mama que utiliza câmera térmica, escâner e impressão 3D, intitulado “Uso da digitalização 3D e impressão 3D para a avaliação de alterações na superfície da mama para investigação do câncer de mama”. O projeto é coordenado pelas pesquisadoras Aura Conci (UFF) e Flávia Pastura (INT) e conta com apoio da Faperj desde 2020, pelo Programa de Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio de Janeiro.
Na etapa
concluída da pesquisa, o LABER recebeu 30 voluntárias para testarem as
tecnologias. O exame acontece com a voluntária parada com as mãos pousadas
sobre a cabeça, enquanto a câmera térmica gira ao seu redor, capturando
termografias. Em seguida, cada pixel da imagem termográfica é analisado por
algoritmos de inteligência artificial (IA), que são capazes de identificar
(baseados nas assimetrias térmicas entre as mamas) alterações ainda no início
da multiplicação celular do câncer, diferentemente de outros exames que só
fazem isso quando já há células suficientes para constituir uma massa.
Esse processo
ampara o diagnóstico do câncer de mama de uma forma mais acessível à população.
“A termografia é uma tecnologia mais barata, portátil, e que pode ser levada
para locais em que as pessoas não têm acesso a um hospital ou a uma clínica,
bem como pode antecipar a indicação para exames mais complexos”, explica
Flávia. Além disso, pode ser muito útil para mulheres que não podem ser
submetidas a outros exames. “A termografia pode ser usada por mulheres em
qualquer idade, por gestantes, por meninas no início da puberdade e mulheres na
menopausa”, ressalta Aura.
Em uma paciente saudável, a temperatura das mamas esquerda e direta tende a ser similar e não muito quente, pois a maior parte é composta por gordura, um material isolante. O tumor é geralmente muito vascularizado, ele tende a ficar mais quente. Então, se você vê uma área de calor na imagem, não quer dizer que ali tem um câncer, mas pode ser um indicativo de que há algo e merece ser investigado.
Além da termografia, o formato da mama é escaneado para a construção de um modelo tridimensional digital e outro físico. Esses recursos têm como objetivo auxiliar na formação de médicos e no planejamento das cirurgias de reconstrução mamária, oferecendo referências mais realistas. “A gente consegue reconstruir as mamas, a partir do escaneamento, produzindo modelos 3D virtuais da superfície, e agora estamos também trabalhando em reproduzir as partes internas”, completa Flávia.
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