Considerados desafiadores por empregadores e
recrutadores, jovens dessa geração são frequentemente vistos como pouco
esforçados ou resilientesEnvato
De
acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a Geração Z, composta
por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, representa um terço da população
mundial. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), são cerca de 40 milhões de pessoas, com 48% desses jovens já inseridos
no mercado de trabalho e exercendo influência significativa sobre a sociedade e
a economia. São indivíduos que cresceram na era da internet, das redes sociais
e do consumo digital. Como consequência, possuem visões e aspirações de
trabalho e carreira muito diferentes das gerações anteriores.
Pesquisas
e entrevistas realizadas pelas consultorias McKinsey & Company e Deloitte
destacam 4 fatores primordiais que influenciam as escolhas de carreira dos
jovens da Geração Z:
1. Busca por propósito e impacto social
Enquanto
gerações anteriores priorizavam estabilidade e crescimento econômico, a Geração
Z busca uma profissão com propósito. Esses jovens valorizam trabalhar em
empresas que se alinhem aos seus valores pessoais, especialmente em temas como
sustentabilidade e impacto social.
Isabela
Moraes, College Counselor do Positivo International School, em Curitiba (PR),
auxilia estudantes na escolha de carreiras e universidades. Em contato direto
com esses jovens, ela explica que a necessidade de alinhar o trabalho com seus
valores pessoais está relacionada ao fato de que esses jovens estão mais
conscientes de seus direitos e deveres. "Respeito e segurança no ambiente
de trabalho são, sem dúvida, questões essenciais no processo de escolha e
permanência em um emprego", afirma.
2. Equilíbrio entre vida profissional e pessoal
A
Geração Z dá grande prioridade ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Eles esperam flexibilidade, seja em horários de trabalho ajustáveis ou na
possibilidade de trabalhar remotamente. O trabalho deixou de ser o principal
elemento definidor de suas vidas e passou a ser apenas uma parte de um conjunto
mais amplo de prioridades.
Segundo
a especialista, a busca por universidades e cursos que ofereçam estágios e
rápida inserção no mercado de trabalho é, geralmente, uma das principais
preocupações da Geração Z, além da flexibilidade no ambiente de trabalho.
"Questões como mobilidade e dinamismo são fatores que claramente
diferenciam essa geração da anterior. A possibilidade de escolher um trabalho,
ou até mesmo uma universidade, que permita trabalhar de qualquer lugar ou mudar
de país, deixou de ser apenas um bônus e se tornou um dos principais critérios
de escolha. Vejo nessa geração os reflexos dos dois anos de isolamento durante
a pandemia, com uma necessidade maior de ver, experimentar e vivenciar o mundo
de novas maneiras", explica.
3. Preocupações econômicas e financeiras
A
insegurança financeira influencia fortemente as decisões de carreira da Geração
Z. Crescendo em meio a crises econômicas globais, como a crise de 2008 e a
pandemia de 2020, essa geração desenvolveu uma visão mais cautelosa sobre
segurança no emprego e oportunidades. Muitos vivem de salário em salário e,
além de buscarem estabilidade, também procuram fontes de renda adicional, como
trabalhos paralelos ou iniciativas empreendedoras.
4. Saúde mental e prevenção de Burnout
A
Geração Z enfrenta elevados níveis de estresse e ansiedade, em parte devido às
preocupações financeiras e ao impacto da pandemia. Esses jovens priorizam
ambientes de trabalho que ofereçam suporte à saúde mental, evitando locais que
possam contribuir para o Burnout. Empresas que promovem bem-estar e oferecem um
ambiente de trabalho saudável têm uma vantagem competitiva com esse público.
Considerada
uma geração desafiadora por empregadores e recrutadores, os jovens dessa faixa
etária são frequentemente vistos como pouco esforçados ou resilientes. Uma
pesquisa da Resume Genius revelou que 45% dos gerentes de contratação
consideram a Geração Z o grupo mais difícil de trabalhar. Isabela destaca que
essa geração está mais acostumada a expressar suas insatisfações, o que os
torna colaboradores mais assertivos. "Eles têm plena consciência de seus
direitos e deveres. Esse posicionamento, diante de um mercado habituado a
funcionários que aceitam demandas sem questionar, faz com que sejam vistos como
profissionais mais desafiadores", ressalta.
Por
outro lado, a especialista destaca que, quando há entendimento entre as partes,
esses jovens podem transformar o ambiente de trabalho para melhor. "É
essencial que ambos os lados reconheçam sua parcela de responsabilidade para
que essa relação dê certo. Às empresas, cabe ser flexíveis e enxergar o
encontro de gerações como uma oportunidade. Quanto aos jovens, eles não devem apenas
esperar que essa adaptação ocorra, mas, sim, contribuir ativamente com o que
têm a oferecer ao mercado", sugere.
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