Recentemente sancionado, o Marco Legal dos Seguros estabelece um novo conjunto de regras para o setor no Brasil visando modernizar e estimular a inovação e a competitividade. A nova lei deve gerar diversos impactos no desenvolvimento e na utilização de tecnologias pelo mercado segurador. Abaixo, apresento oito consequências que o Marco deve trazer a nossa indústria:
1. Adoção de novas soluções e crescimento das insurtechs
Como o Marco Legal facilita a criação de novos
produtos e serviços que atendem a nichos de mercado - como seguros baseados no
comportamento do usuário ou seguros micro (para períodos curtos) - a legislação
deve impulsionar o crescimento das insurtechs. Com a maior liberdade para
operarem, essas empresas podem usar soluções como inteligência artificial,
análise preditiva, e big data para melhorar a personalização dos produtos,
otimizar processos e criar modelos de negócios, como seguros sob demanda.
2. Aumento da digitalização no setor
Outro ponto importante é que o Marco Legal dos
Seguros fomenta a digitalização dos processos no setor. Dessa forma, as
seguradoras terão que investir em tecnologias para automatizar o processo de
cotação, venda e sinistro, o que pode resultar em uma experiência mais ágil e
personalizada para o cliente. Além disso, as plataformas digitais de seguros se
tornarão mais comuns, possibilitando a venda e a gestão de apólices totalmente
online, com uso de aplicativos e ferramentas integradas.
3. Melhoria na experiência do cliente
A nova lei também permitirá que as seguradoras adotem tecnologias avançadas
para coletar dados dos clientes, melhorar o relacionamento e aprimorar a
experiência do usuário. Por exemplo, o uso de chatbots, sistemas de recomendação,
e serviços automatizados de atendimento ao cliente poderá ser intensificado,
garantindo respostas rápidas e personalizadas.
4. Segurança de dados e proteção ao consumidor
Como a tecnologia no setor de seguros vai envolver
um grande volume de dados sensíveis, o Marco Legal traz implicações também para
a segurança cibernética. As seguradoras terão que investir em infraestruturas
tecnológicas seguras para proteger dados de clientes e garantir a conformidade
com as leis de privacidade de dados (como a LGPD, Lei Geral de Proteção de
Dados). A transparência no uso de dados será um ponto crucial e as seguradoras
terão que adotar tecnologias para garantir que o consentimento dos consumidores
seja claro e que seus dados sejam utilizados de maneira ética.
5. Novos modelos de negócio e parcerias tecnológicas
A regulamentação pode favorecer a formação de
parcerias estratégicas entre seguradoras e empresas de tecnologia, incluindo
fintechs, insurtechs e até gigantes de tecnologia. Isso possibilitará a criação
de novos modelos de negócios baseados em blockchain, smart contracts (contratos
inteligentes) e big data. Com a regulamentação mais flexível, as empresas
poderão explorar modelos colaborativos e até integrar serviços de seguros com
outras ofertas digitais, como plataformas de mobilidade ou de saúde.
6. Monitoramento e regulamentação das tecnologias emergentes
Embora o Marco Legal dos Seguros busque modernizar
o setor, também traz desafios regulatórios relacionados ao uso de tecnologias
emergentes. A atuação da Superintendência de Seguros Privados (Susep) será
fundamental para garantir que tecnologias disruptivas, como Inteligência
Artificial e machine learning, sejam usadas de forma ética e segura. A
regulamentação também precisará acompanhar os avanços rápidos da tecnologia, como
por exemplo, ao lidar com questões como a automação de decisões nas seguradoras
(como aprovações de sinistros e cálculos de risco).
7. Acessibilidade e inclusão
O Marco Legal pode contribuir para uma maior inclusão financeira, especialmente
para públicos que não têm acesso a seguros tradicionais. A tecnologia pode ser
uma ferramenta chave para a distribuição de produtos mais acessíveis,
especialmente por meio de microseguros e modelos de pagamento flexíveis. A
utilização de aplicativos e plataformas online pode ajudar a atingir uma maior
parte da população, oferecendo soluções simples e de baixo custo.
8. Desafios na implementação e adaptação
Apesar das oportunidades, as empresas do setor de
seguros enfrentarão desafios significativos na adaptação às novas exigências
regulatórias. O desenvolvimento de novos sistemas tecnológicos que atendam aos
requisitos do Marco Legal pode demandar investimentos significativos em TI e
treinamento de pessoal. A interoperabilidade entre sistemas e a integração de
tecnologias de diferentes players será um fator determinante para o sucesso da
modernização.
Como podemos perceber, o Marco Legal dos Seguros oferece um terreno fértil para a inovação tecnológica no Brasil, especialmente no que diz respeito à transformação digital, ao fomento das insurtechs e à melhoria da experiência do cliente.
No entanto, também traz desafios relacionados à
segurança dos dados, à necessidade de regulação adequada para novas tecnologias
e à adaptação das seguradoras às novas exigências do mercado. O impacto da
tecnologia será profundo, mas a evolução dependerá da habilidade do setor em lidar
com as oportunidades e os desafios que surgem com esse novo marco regulatório.
Weliton Costa - diretor de Desenvolvimento de Negócios América Latina do InsureMO
InsureMo
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