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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Com previsão de Verão chuvoso em 2025, cuidados contra dengue devem ser redobrados

FotoshopTofs para Pixabay
Infectologista Vera Rufeisn, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta sobre o clima propício para o desenvolvimento do Aedes Aegypt e os riscos de reinfecção

 

Quem teve dengue e viveu os sintomas de cada fase da dengue entende bem o quanto é primordial eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti. Primeiro, para que outras pessoas não sejam contaminadas; e, segundo, para diminuir o risco de reinfecção, que pode ser fatal, de quem já teve contato com o vírus. Pelas previsões do site Climatempo, o verão 2025, que começa nesta terça-feira (21), deve ser marcado por dias quentes e chuvosos, ou seja, ideal para a proliferação do mosquito transmissor da doença. A médica infectologista Vera Rufeisen, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta para que população e poderes públicos evitem cenários epidemiológicos piores que o do início deste ano. 

Até outubro 2024, Campinas já havia registrado mais de 120 mil casos confirmados e 77 mortes, destacando-se pela gravidade da circulação dos sorotipos 2 e 3, raros na cidade nos últimos anos. A população sem imunidade a esses tipos, especialmente crianças e adolescentes, está mais vulnerável às formas graves da doença. 

Segundo a especialista, os sintomas principais da doença em sua versão menos grave incluem febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos (retro-orbital), náuseas e manchas na pele, que surgem entre cinco e sete dias após a contaminação. As formas graves podem causar hemorragias, choque, e falência de órgãos, exigindo atendimento médico urgente. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações. “Cada reinfecção aumenta o risco de complicações, como dengue hemorrágica, podendo ser fatal”, alerta.

 

Mesmo sorotipo

“A literatura médica sugere que a infecção por um sorotipo confere algum grau de imunidade cruzada aos outros, mas esta proteção não é absoluta, e dura por algum tempo (possivelmente meses)”, destaca.

 

Sorotipo diferente

“No caso de infecção secundária, por um sorotipo diferente, existe um risco aumentado de dengue grave, especialmente se o intervalo entre as infecções é superior a dois anos. Portanto, mesmo com uma exposição anterior, o risco de infecção por dengue pode existir, especialmente em áreas endêmicas com múltiplos sorotipos circulantes”, afirma a médica. 

A prevenção de novas picadas de mosquito é essencial para reduzir o risco de transmissão comunitária, portanto, o paciente deve ser aconselhado a utilizar repelentes durante sua doença para interromper o ciclo de transmissão.

 

Diagnóstico

"O diagnóstico é feito por exames de sangue e, nos casos leves, o tratamento envolve hidratação e medicamentos para dor e febre. Já as formas graves requerem hospitalização imediata", diz a médica.

 

Sequelas

Estudos recentes, publicados pelo National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, em 2024, têm demonstrado que uma proporção significativa de pacientes com dengue pode apresentar sintomas persistentes e complicações crônicas após a fase aguda da infecção. “Há dados recentes que indicam que 18% dos pacientes com dengue apresentaram sintomas persistentes, como fadiga, sonolência, dor de cabeça, dificuldade de concentração e problemas de memória, até três meses após a infecção. Esses sintomas foram associados a uma piora na saúde mental e funcional dos pacientes.” 

Outro estudo, também publicado pela NIH, em 2020, identificou que 61,5% dos participantes relataram, pelo menos, um sintoma recorrente, como dores de cabeça, queda de cabelo, cansaço extremo, dores no corpo até oito anos após a infecção. A infectologista do Vera Cruz Hospital diz que outros estudos são necessários para uma melhor elucidação.

 

Prevenção

Devido à gravidade, a palavra de ordem é a prevenção, que deve incluir diversas estratégias combinadas para um resultado eficiente. A infectologista destaca alguns: 

  • Controle do vetor: O principal é o controle do vetor, que é o mosquito Aedes aegypti, por meio de intervenções ambientais (cobertura de recipientes de água, campanhas de limpeza e eliminação de locais de reprodução de mosquitos, eficazes para reduzir as populações de larvas e pupas. Também existem métodos biológicos, como o uso de bactérias, fungos e peixes larvívoros, utilizados para controlar a população de vetores;

 

  • Métodos químicos: O uso de inseticidas, tanto sintéticos quanto naturais para eliminação dos mosquitos, é uma prática comum. Existe o risco de resistência a estes agentes com o uso prolongado, por isso hoje há a preferência por agentes naturais;

 

  • Vacinas: Há dois tipos de vacina contra a dengue: a vacina tetravalente Dengvaxia ®, cujo uso é limitado a indivíduos que já foram expostos ao vírus, e a vacina Qdenga®, também tetravalente, uso indicado para indivíduos entre 4 e 60 anos, que não apresenta preocupações com a segurança em soronegativos, mas não deve ser utilizada em pacientes com imunodeficiência e gestantes, por ser uma vacina de vírus vivo atenuado;

 

  • Comportamentos preventivos pessoais: O uso de repelentes de mosquitos e a eliminação de água parada são medidas eficazes para reduzir o contato humano-vetor. A conscientização da comunidade e a participação ativa são cruciais para o sucesso dessas medidas;

 

  • Inovações biotecnológicas: Técnicas como a liberação de mosquitos geneticamente modificados para reduzir a população de vetores e o uso de bactérias Wolbachia para diminuir a capacidade de transmissão do vírus estão sendo estudadas.

 

União de esforços

Mobilizar a população e as autoridades para intensificar ações de prevenção e combate à doença são essenciais. "É preciso conscientizar sobre os riscos da dengue, reforçar a importância de eliminar focos do mosquito Aedes aegypti e promover medidas educativas para reduzir a incidência de casos. O essencial é adotar abordagem integrada e multifacetada, constantes. Sempre incentivando o engajamento comunitário, contribuindo para a proteção da saúde pública e a diminuição das epidemias no Brasil, por isso participação de todos é essencial", conclui Vera.

 

Vera Cruz Hospital

 

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