Iniciativa garante o tratamento de pacientes com doenças que
afetam as células sanguíneas, como foi o caso de um jovem carioca sem irmãos,
que precisou recorrer a um registro de voluntários
A doação de medula óssea é um ato de solidariedade e esperança
que garante o tratamento de doenças que afetam as células sanguíneas, como
linfomas e leucemias. Em geral, pacientes que necessitam de transplante
precisam contar com um parente compatível ou recorrer a um doador
não-aparentado, cadastrado em um registro de voluntários.
Para conscientizar a sociedade e aumentar as chances de
compatibilidade, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea
acontece de 14 a 21 de dezembro, iniciativa criada por lei (nº 11.930/2009).
É na medula óssea que se localizam as células-tronco
hematopoéticas, responsáveis pela geração de todo o sangue (glóbulos vermelhos,
glóbulos brancos e plaquetas). Essas são as células substituídas no
transplante.
Em média, 650 pessoas estão à procura de um doador no país,
segundo o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME),
coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). A unidade é o terceiro
maior banco do tipo no mundo, com financiamento exclusivamente público.
De acordo com o site do REDOME, é possível se
cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos hemocentros localizados em
todos os estados do país. No Rio de Janeiro, além do Hospital Pedro Ernesto, o
INCA também faz a coleta de sangue e o cadastramento de doadores de segunda a
sexta-feira, de 8h às 14h30. Não é necessário agendamento.
A Oncoclínicas Rio de Janeiro recorre ao cadastro para o
atendimento de seus pacientes, quando não há doadores aparentados compatíveis.
A instituição, em parceria com o Hospital Unimed, na Barra da Tijuca, mantém a
unidade de Transplante de Medula Óssea (TMO), que recentemente alcançou uma
marca significativa: três transplantes bem-sucedidos no mesmo dia, totalizando
24 procedimentos até setembro de 2024.
Carioca que recebeu medula vinda dos EUA faz homenagem a
doador
Um mal-estar em 2016 levou Carlos Martinho Pereira Christão, na
época com 19 anos, a uma unidade de saúde de emergência no Rio de Janeiro. Ao
procurar ajuda para sintomas como vômito e diarreia, o jovem acreditou que
seria medicado e liberado rapidamente. No entanto, devido a alterações
significativas em seus exames, foi necessário permanecer internado por 15 dias
e, após esse período, seguir em avaliação até o diagnóstico de aplasia de
medula, uma doença rara que compromete a produção de células do sangue.
Submetido a tratamentos durante três anos, sem sucesso, o rapaz que é filho
único precisou recorrer a um doador não-aparentado, cadastrado em um registro
de voluntários, para conseguir um transplante de medula óssea.
O procedimento foi um sucesso e, dois anos após a
cirurgia, Carlos pôde fazer contato com Patrick, seu doador, um americano que
já ganhou até homenagem do carioca. Praticante de esportes, durante uma meia
maratona o rapaz vestiu uma camisa com as frases "Thank you, Patrick! We
did it (Obrigado, Patrick! Nós fizemos isso).
"Os médicos chegaram a cogitar a possibilidade de meu pai ser o doador, mas a compatibilidade nesses casos é de 50%. E, quando localizaram o Patrick, ele era 100% compatível. Por coincidência, temos a mesma idade e praticamos esportes. Ele joga futebol americano e, para entrar no time da faculdade, tinha como condição ser doador de medula. E, na turma dele, foi o único que conseguiu de fato contribuir", conta Carlos, paciente da Oncoclínicas Rio de Janeiro, que lembra bem dos dias de espera até a chegada da medula ao Brasil.
"A medula vem de avião. Mas deu tudo certo. Quando tive acesso à identidade dele, tentei contato, mas não consegui. Aí descobri o perfil numa rede social e pude saber como era. Uma prima que mora nos Estados Unidos me ajudou a achá-lo e fizemos um primeiro contato por mensagens. Ainda não tive a oportunidade de ir até lá para um encontro, mas está nos planos”, relata.
Hoje, aos 28 anos, Carlos, que trabalha na área de TI, leva uma vida normal. Antes do transplante, no entanto, aos poucos teve que deixar de fazer coisas simples, do dia a dia: "Tive que suspender atividades físicas, academia. Comecei a ter dificuldade para correr e, depois, até para caminhar. Hoje posso fazer tudo de novo e sou muito grato ao Patrick por ter me ajudado a chegar aqui".
Saiba mais sobre o transplante:
:: É indicado para tratar doenças relacionadas à fabricação de
células do sangue e com deficiências no sistema imune.
:: Os principais beneficiados são pacientes com leucemias
originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do
sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou
congênitas).
:: Outras doenças, não tão frequentes, também podem ser tratadas
com transplante de medula, como as mielodisplasias, doenças do metabolismo,
doenças autoimunes e vários tipos de tumores.
:: Segundo o REDOME, as chances de um indivíduo encontrar um
doador ideal entre irmãos de mesmo pai e mesma mãe é de 25%, enquanto que,
entre indivíduos não-aparentados, é, em média, de 1 em 100 mil.
:: A medula óssea do doador se recompõe em 15 dias.
Para doar é preciso:
:: Ter entre 18 e 35 anos e bom estado geral de saúde.
:: Não ter doença infecciosa ou incapacitante.
:: Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do
sangue) ou do sistema imune.
:: Para outras informações, procure o hemocentro do estado e
agende uma consulta de esclarecimento.
Oncoclínicas&Co
www.grupooncoclinicas.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário