Mila Gaudencio, consultora do will bank, conta como se preparar para comprar ingressos e evitar enrascadas financeiras
Um anúncio de uma
grande turnê, um festival de música imperdível ou um show de despedida de uma
banda famosa. Não tem jeito: os fãs logo se animam para prestigiar seus ídolos
de pertinho. E no cenário crescente de shows realizados no Brasil – segundo o
ECAD, em 2023 houve um aumento de 29% comparado com o ano anterior e, para este
ano, a expectativa de crescimento do setor é de 4,8%, de acordo com a
consultoria PWC – esse tipo de despesa pode acabar pesando no bolso. Mila
Gaudencio, economista, educadora financeira e consultora do will bank,
alerta sobre a importância do planejamento financeiro para curtir sem peso na
consciência e nem no bolso.
“Muitas pessoas
sonham com grandes realizações: viagens internacionais, carros novos, casas
próprias. No entanto, sonhos menores e mais acessíveis, como assistir a um show
ou festival, também podem proporcionar momentos inesquecíveis e uma sensação de
realização. Mas, diferente dos sonhos tradicionais, os eventos musicais
apresentam desafios próprios devido à imprevisibilidade. Se você não contava
com aquele gasto, mas quer muito prestigiar seu ídolo, pode acabar adquirindo
uma dívida que não estava no seu radar”, comenta Mila.
Para a amante de
música Maria Odila, paulistana de 45 anos, é grande a dificuldade de se organizar
financeiramente com a quantidade de shows previstos para este - e também o
próximo ano. "Os ingressos da maioria dos eventos são caros. Normalmente,
vou apenas aos shows em minha cidade, evitando gastos com deslocamento e
hospedagem", conta.
Para manter os
entusiastas por shows e festivais longe do vermelho, Mila destaca as principais
recomendações financeiras, e também comportamentais, voltadas ao bom
planejamento para a compra de ingressos:
Crie
um fundo para os sonhos
Criar um fundo
financeiro é uma das melhores soluções para manter o foco na realização do
objetivo e estar preparado para os anúncios repentinos de shows. "O
primeiro passo é classificar o nível de prioridade desse lazer em relação a
outros desejos pessoais e necessidades fixas, como alimentação e contas
mensais", aponta a educadora financeira.
Com essa
categorização, é possível definir quanto da renda deve ser destinada ao fundo e
utilizada exclusivamente para esse propósito, garantindo a disponibilidade de
recursos frente aos anúncios dos eventos.
Cartão
de crédito não deve ser a única opção
Para Maria Odila,
o método para acessar esse tipo de lazer é o parcelamento via cartão de
crédito. "Por falta de planejamento, o crédito acaba se tornando minha
única saída", comenta.
Segundo a Serasa,
o cartão de crédito é o principal meio de pagamento para ingressos de shows. No
entanto, de acordo com o Instituto Locomotiva, também é a principal fonte de
dívida para 60% da população brasileira, “Com um fundo destinado a esses
gastos, a utilização do cartão de crédito torna-se desnecessária, e, muitas
vezes, o preço do ingresso pode ser reduzido, já que pagamentos à vista podem
não ter os juros do cartão”, afirma a consultora financeira. “Mas, se usar o
cartão de crédito de forma consciente e estratégica, utilizando benefícios de
pontos, por exemplo, ele pode ser um aliado”, comenta.
Além
do ingresso, há outros custos
É necessário
considerar os custos adicionais, como transporte, alimentação e, possivelmente,
acomodação. Vale ressaltar que a visita de muitos artistas internacionais ao
Brasil ainda se limita aos estados do sudeste, obrigando os fãs de outras
regiões a realizar grandes deslocamentos.
Camila Aranha,
aluna de Mila Gaudencio e fã de Paul McCartney, lembra de quando precisou
viajar para assistir ao show do ídolo. "Foi necessário fazer um
planejamento ainda maior, considerando tanto a passagem quanto a hospedagem com
a maior antecedência possível. Felizmente, tinha uma reserva financeira e
consegui realizar esse sonho", compartilha Camila.
Monitore
os gastos
Durante shows e
festivais, as emoções à flor da pele muitas vezes fazem com que os fãs se
esqueçam de contabilizar pequenos gastos. “Estabelecer um teto de gastos e
levar uma quantia limitada em dinheiro para evitar compras impulsivas é uma boa
técnica de economizar, especialmente em ocasiões como essas, que costumam ter
preços inflacionados”, pontua Mila.
Transformar essas
práticas em hábitos faz com que a compra de ingressos para shows e festivais
não só se torne mais viável, mas também ajude a garantir que essa aquisição
esteja alinhada com uma saúde financeira responsável e duradoura e possibilita
realizar sonhos sem criar pesadelos financeiros.
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