Foto: Lucas Ninno
Getty Images
Nesta quarta-feira
(25), marca chegou a 73 cm, conforme indica monitoramento do Serviço Geológico
do Brasil
A estiagem segue
avançando no Pantanal. Em uma semana, o Rio Paraguai reduziu 11 cm em Porto
Murtinho (MS) e atingiu 73 cm nesta quarta-feira (25). Essa marca se igualou à
mínima histórica observada em 1971. Os dados foram divulgados em novo
boletim de monitoramento hidrológico, publicado pelo Serviço Geológico do
Brasil (SGB).
Em Ladário (MS),
estação de referência com 124 anos de dados, a cota chegou a -45 cm, a 7ª
mínima histórica. O valor é apenas 19 cm maior que o recorde de -61 cm,
registrado em 1961. “Não se descarta a possibilidade do Rio Paraguai chegar à
mínima histórica nesta estação, considerando que as previsões de chuva ainda
não indicam volumes mais significativos”, explica o pesquisador em geociências
do SGB Marcus Suassuna. Na última semana,a bacia do Rio Paraguai registrou um
volume de chuvas de 2mm, concentrado nas bacias Taquari, Miranda e Aquidauana.
Mínimas históricas
também foram observadas na estação Barra do Bugres (MT). Na terça-feira (24), a
cota chegou a 23 cm e o último dado observado, nesta quarta (25), foi de 24 cm.
Em Cáceres (MT), a cota atual é de 35 cm. Em Mato Grosso do Sul, a estação de
Forte Coimbra, no município de Corumbá (MS), registrou -1,76 m – a 4ª mínima
histórica. As projeções indicam a continuidade da vazante nessas estações, que
já estão abaixo da faixa da normalidade para o período. Os rios apresentam
cotas dentro da faixa da normalidade apenas nos rios Cuiabá, Miranda e
Aquidauana.
O valor da cota
abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis
são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo
que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há
uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota
zero, o Rio Paraguai ainda possui cerca de 5 metros de profundidade, conforme
dados da Marinha.
Apoio aos
municípios
A situação exige
atenção contínua, tanto no monitoramento quanto na adoção de medidas para
enfrentar os desafios impostos pela estiagem prolongada. Desde fevereiro, o SGB
vem alertando para o cenário de seca no Pantanal, devido à redução de chuvas na
região. Além de monitorar, o SGB também apoia os municípios com o Sistema de
Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), em períodos de crises hídricas.
O SIAGAS é um
repositório de poços perfurados no Brasil, e sua base tem mais de 371 mil
cadastrados, com 14 mil na Região Centro-Oeste. Disponível para consulta
pública, apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo,
permite identificar poços dos quais seja possível extrair água para usos
doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades.
Esse é um projeto
de grande importância para a gestão de políticas públicas, tanto em nível
nacional como estadual e sub-regional.
Parceria
O monitoramento
dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que
fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das
estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres,
a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.
As informações
coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas
linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas no Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) e, em seguida, apresentadas na
plataforma SACE.
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