Doença neurodegenerativa afeta cerca de 100 mil
novas pessoas todos os anos no Brasil; especialista do CEJAM reforça
importância de um cuidado integrado com a saúde mental e física para prevenção
Um estudo recente publicado na revista científica Alzheimer’s
Research & Therapy identificou uma possível relação entre a Doença de
Alzheimer (DA) e condições como estresse crônico e depressão. De acordo com o
Dr. Roger Reis, neurologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim”, a descoberta reforça a importância de um cuidado integrado com a saúde
mental e física para a prevenção da doença.
O
Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que leva à perda progressiva de
neurônios em áreas do cérebro responsáveis por funções cognitivas como memória
e linguagem, é a forma mais comum de demência no Brasil, afetando cerca de 1,2
milhão de pessoas. Estima-se que 100 mil novos casos da doença sejam
diagnosticados a cada ano no país, segundo o Ministério da Saúde.
“O
risco de desenvolver Alzheimer é significativamente maior em pacientes que
sofrem de estresse crônico ou depressão, o que destaca a necessidade de um foco
maior em estratégias de prevenção. Precisamos agir agora para reduzir esses
números alarmantes, especialmente considerando o envelhecimento da população”,
afirma o médico.
Estresse crônico e depressão
Segundo
o estudo, o risco de desenvolver Alzheimer dobra em indivíduos com estresse
crônico ou depressão, especialmente em adultos de 18 a 65 anos, que apresentam
maior probabilidade de comprometimento cognitivo à medida que envelhecem.
Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 11,7 milhões de
brasileiros, ou 5,8% da população, sofrem de depressão, reforçando a relevância
desses fatores de risco.
Fatores de risco e prevenção
Conforme
esclarece o neurologista, embora a doença, geralmente, se manifeste após os 65
anos, menos de 5% dos casos são considerados de início precoce. Além do
envelhecimento, fatores como predisposição genética, histórico familiar e
condições como baixa escolaridade, doenças cardiovasculares, hipertensão,
diabetes, depressão e estilo de vida sedentário são contribuintes conhecidos
para o desenvolvimento do Alzheimer.
"A
principal teoria que explica o desenvolvimento do Alzheimer é a chamada
'cascata da proteína amiloide', na qual depósitos anormais dessa proteína no
cérebro causam a degeneração dos neurônios. Além dos sintomas típicos de perda
de memória, a doença pode se apresentar com alterações comportamentais, afasia
progressiva ou déficits visuoespaciais", explica.
Importância do diagnóstico precoce
Dr.
Roger enfatiza que a identificação precoce do Alzheimer é crucial para melhorar
a qualidade de vida dos pacientes. "Os primeiros sinais podem ser sutis,
como esquecimentos frequentes, desorientação e alterações no humor. É
fundamental procurar um especialista assim que esses sintomas forem
observados", recomenda.
Testes
de estado mental, como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), e exames de
neuroimagem, como a ressonância magnética, são ferramentas importantes no
diagnóstico.
Novas terapias
Recentemente,
o tratamento do Alzheimer tem avançado com o uso de anticorpos monoclonais,
como aducanumabe, donanemab e lecanemab, que mostraram potencial para retardar
a progressão da doença.
"Essas
terapias inovadoras oferecem uma nova esperança para os pacientes, permitindo
que o avanço da doença seja controlado de forma mais eficaz", acrescenta o
neurologista.
Prevenção e cuidados com a saúde cerebral
Manter
a saúde cerebral é fundamental para prevenir demências. Dr. Reis recomenda a
prática regular de atividades físicas, melhoria da qualidade do sono, controle
do peso e a adoção de hábitos saudáveis, como evitar alimentos ultraprocessados
e manter o cérebro ativo com novas experiências cognitivas.
"Com cuidados
preventivos adequados e um diagnóstico precoce, muitos pacientes podem conviver
com Alzheimer por anos, mantendo uma boa qualidade de vida", conclui o
especialista.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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